Montanlítica

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No início era a montanha, e esta bastava.
Depois vieram os amigos e estes bastavam.

 

No início era a montanha, e esta bastava.


Depois vieram os amigos e estes bastavam.


Então foi a vez dos clubes,


que como os mutirões, bastavam.


Mas, com a idade, vamos querendo cada vez mais.


Logo, queremos listas, votações, opiniões, xingar os gestores dos parques, denunciar…


queremos nos sentir verdadeiros montanhistas —


embora as montanhas estejam cada dia mais distantes, e já não bastem.




E aquilo que começou simples, torna-se complexo, cheio de egos, de ideias, todos querendo seu acento, embora nem todos o tenham mais.


Não se pergunta mais onde começa aquela trilha, mas quais os caminhos para se chegar…em quem mesmo? MP? IBAMA? IAP? FUNAI? Ou será governador? Senador?




Perdido num mar de politicagem, o montanhista percebe que lá seu GPS não serve, muito menos suas antigas e milenares técnicas como bússolas ou estrelas.


Nesse mar, não existem referências, não existe norte nem sul, mas apenas um grande vazio, no qual tudo se perde, se acaba e se esgota.


O montanhista, então, derrotado, volta para suas montanhas,


mas estas já não lhe bastam,


está contaminado


amaldiçoado


a não viver o resto de sua vida.

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