Com 13 cavernas o complexo do Morro da Pedreira ou Fercal é de suma importância para formação técnica e esportiva dos espeleólogos da região. Por suas feições e pela facilidade de acesso, é a mais importante, senão única, área do DF onde os espeleólogos podem aprimorar as técnicas verticais em condições ideais.
Mondrugão, com aproximadamente 40m, e o abismo Fodifica, com 49m. Este último apresenta grandes lances e possibilita a aplicação de técnicas avançadas como passagem de fracionamentos, desvios e nós, passagens verticais confinadas, inúmeras opções na montagem de ancoragens, além de ser utilizado para treinamentos de espeleoresgate.
Atualmente o morro está ameaçado por uma empresa de mineração que, após a promulgação do inconstitucional Decreto 6.640 de 2008, começou a realizar levantamentos na região para uma possível expansão de sua área de lavra. Por esses motivos a criação da Unidade de Conservação (UC) é de suma importância para preservação dessa Meca da espeleologia do DF.
O histórico da região reforça ainda mais essa necessidade, já que na década de 1990 o Abismo 1, então o maior do DF, foi implodido para fins de mineração, não trazendo qualquer benefício para a população local. O Abismo 1, mapeado pelo EGB, era semelhante ao abismo Fodifica, extremamente técnico e referência na capacitação dos espeleólogos.
A comunidade espeleológica, através do EGB, esteve presente no ato, juntamente com moradores locais, acadêmicos, produtores rurais e escaladores, que também usam a área para prática da escalada nas mais diversas vias que o local possui.
De modo geral, e como era de se esperar, a proposta foi bem recebida, uma vez que a criação do Monumento Natural elevaria o grau de importância das cavernas perante uma possível ameaça de supressão. Obviamente alguns moradores ficaram preocupados com os possíveis processos de desapropriação, mas foram informados que não há obrigatoriamente essa necessidade, uma vez que este tipo de UC permite o uso concomitante de terra entre propriedade particular e UC, além disso, a área estabelecida é pequena, englobando apenas o afloramento calcário que não é usado para produção agrícola.
Os espeleólogos e escaladores manifestaram suas preocupações quanto às normas de uso após a criação da UC. É importante que possam continuar utilizando o local para capacitação e treinamento de forma distinta dos grupos de turismo comercial.
O atual presidente do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (IBRAM), Gustavo Souto Maior, órgão responsável pelos estudos da região e proposta de criação da UC, garantiu que devido à notável importância da área para a espeleologia e escalada, esses usos serão salvaguardados durante todo o processo de criação e regulação do Monumento Natural. O órgão ambiental do DF está de parabéns pela iniciativa de criar a UC em área cárstica, realizando os estudos prévios, conciliando os usos locais e propondo a implementação de infraestrutura adequada.
Fonte: Sociedade Brasileira de Espeleologia