7.000 metros no Makalu. Esta cota, pela qual muitos passaram e outros tantos ainda passarão, se torna durante o inverno, numa complicada barreira psicológica que poucos conseguiram chegar na última montanha não culminada na estação fria no Himalaya. Simone Moro e Denis Urubko conseguiram e planejam, para os próximos dias, alcançar os 7.400, onde aguarda o Makalu La. “Inclusive poderíamos chegar mais alto se o vento permitisse”, comentou o italiano.
Não vai ser uma tarefa simples, e não porque Urubko e Moro não estejam capacitados: mas porque o Himalaya se mostra arrogante nestas últimas semanas. Temperaturas abaixo dos -20 graus e “terríveis” ventos esgotam qualquer um. Eles aproveitaram dias ensolarados, conseguiram estabelecer seu primeiro campo de altitude a 6.910 metros, depois o campo base avançado, que quase sucumbiu às rajadas de vento. Dali seguirão subindo (claro que nem tudo depende deles) até os 7.400, de onde poderão mentalizar sobre o vertiginoso kilômetro vertical que lhes restará para subir.
Acima dos 7.000
7.000 metros, e já se sabe: as cifras são o alimento das estatísticas, e alguns especialistas já se colocam a trabalhar enviando dados para as redações, como Rodrigo Granzotto, a raíz das tentativas invernais ao Makalu, que foram inauguradas em 1980 por Renato Casarotto e Mario Curnis, chegando aos 7.400 metros. 50 metros mais abaixo que ficariam os seis alpinistas britânicos liderados por Ron Rutland em 1981, e outros 50 mais seria o limite de Krysztof Wielicki, Anna Czerwiñska, Ryszard Pawlowski e a belga Ingrid Bayens. Wielicki, que o tentou em duas ocasiões pelo pilar oeste (1990/91 e 2000/01) seguiu em solitário aos 7.300 metros, de onde se retirou ante a implacável resistência da montanha.
Outras quatro expedições conseguiram superar os 7.000 invernais metros do Makalu. Em 1982, o francês Ivan Girardini chegou nessa cota durante uma tentativa em solitário pela rota original francesa. Três anos depois seriam os japoneses, sete no total, liderados por Hiroyuki Baba, os que ficaram a meio caminho dos 8.000 metros. 7.520 pela aresta Noroeste e acabaram optando pela retirada. Voltariam em 1985, representados por Noburu Yaada e Yasuhira Saito, conquistadores do Manaslu em dezembro anterior. Escolheriam a aresta Sudeste nesta ocasião, mas a tentativa ficaria nos 7.150. Uma temporada depois tentaram com o Annapurna, montanha que seria a última morada de Saito.
No inverno de 1996, o espanhol Manuel González, que subiu o Cho Oyu em fevereiro de 1993 (junto a Fernando Guerra, Manuel Morales e Manuel Salazar), lideraria uma expedição íntegramente espanhola que chegaria aos 7.200 metros.
A montanha de Couzy e Terray, o Makalufeng, rebateu toda ambição invernal que ousou se aproximar de seu cume. Mas até agora, Simone Moro e Denis Urubko nem sequer pensam nas cifras, só em cada passo, em cada instante de indecisão (ou tudo ao contrário), deixando suas metas arquivadas no lugar de “completadas”. A partir dos 7.500, o Makalu, já será outra história.
Fonte: Desnivel – Espanha