O grupo chegou ao total de oito pessoas. Diariamente acompanhávamos a previsão para todos os destinos e todos os dias ela variava. Em um dado momento todos os lugares tinham previsão de chuva para algum dos três dias… Acampamento cancelado? Jamais! Aguardamos até o último momento e fomos presentados com janelas de tempo bom na região norte de SC (dois dias) e no PR (três dias), mas até aí já havíamos perdido metade do grupo.
O resultado? Saímos em quatro pessoas de Blumenau as 06:30 da manhã sem ter a certeza para onde iríamos. Era por volta das nove horas quando paramos em um posto em Joinville (com um baita dia de sol) para tomar um café da manhã e definir de uma vez por todas nosso destino – as maiores probabilidades eram o Monte Crista ou a Serra do Ibitiraquire. No Crista não iríamos concluir a travessia sem pegar chuva (segundo ou terceiro dia), já no Paraná o tempo seria melhor, mas já estávamos um tanto atrasados. Durante o café surgiram duas outras possibilidades, a Pedra Branca do Araraquara, não muito distante de onde estávamos, e o Morro do Araçatuba, um pouco mais a frente. Sem saber o porque optamos pelo Araçatuba, e pelo visto a sorte estava ao nosso lado.
Sabíamos que a montanha ficava em Tijucas do Sul, mas não tínhamos ideia de onde a trilha começava ou como chegar até lá, então pegamos a estrada rumo a cidade para pegar informações. O que não imaginávamos é que Tijucas do Sul tem uma área considerável e a montanha é bastante distante de onde estávamos. Paramos para pedir informação e, para nossa surpresa, quem falou conosco foi o sobrinho do “Miltão” – dono de uma fazenda aos pés do Araçatuba. Não chegamos a conhecer o famoso Miltão, pois deixamos o carro na fazenda ao lado, mas se não fosse a feliz coincidência de encontrar o sobrinho dele, dificilmente chegaríamos ao nosso objetivo.
Deixamos o carro na fazenda de uma senhorinha, que cobra R$ 10,00 por veículo (justo, pois além de deixarmos o carro em um terreno cercado, ainda há um banheiro disponível para os visitantes) e nos informou que alcançar o cume do Araçatuba leva cerca de duas horas.
Sabendo que tínhamos tempo de sobra, subimos a montanha com bastante calma. Os primeiros 10 minutos de caminhada são dentro da mata, mas logo em seguida penetramos por uma área de transição entre a floresta e os campos de altitude, hora expostos ao sol e hora protegidos. Paramos para almoçar no segundo ponto de água neste trecho, próximo a uma pequena cachoeirinha. Cerca de 30 ou 40 minutos depois continuamos a caminhada. Cabe destacar que este foi o último ponto de água de qualidade que encontramos. Não muito distante do cume encontramos um fiozinho de água corrente, mas com uma coloração bastante amarelada – não tinha gosto de ferro, talvez a cor fosse por conta de ácidos húmicos, mas pra evitar qualquer problema utilizamos ela apenas para cozinhar (ninguém passou mal).
Durante a subida do Araçatuba você não enxerga o cume da montanha, somente no trecho final da caminhada, portanto, caminhávamos sem saber quando chegaríamos. Ainda subindo tivemos o prazer de conhecer o Máfia (Paulo Cézar de Azevedo Souza), um dos montanhistas mais experientes do Brasil – pra ter uma ideia, ele subiu e desceu a montanha correndo. Trocamos algumas poucas palavras pra não esfriar o ritmo dele e seguimos em direção ao nosso objetivo.
Alcançamos o cume por volta das 14:30 mas não montamos acampamento. Primeiro porque a montanha estava cheia demais (uma turma do terceiro ano de algum colégio fazia um bate e volta), e segundo porque o chão estava bastante úmido e buscávamos um lugar mais seco. Além da gente, mais 3 pessoas acamparam lá aquela noite, pessoal muito gente fina (e pelo visto com muito amor pelo montanhismo) que mora na região de Joinville.
Ah, quando chegamos ainda foi possível avistar parte da paisagem ao redor, mas algumas nuvens já se aproximavam e em poucos minutos tudo ficou fechado e assim seguiu até a noite, salvo rápidas aberturas pra fazer umas fotos do pôr do sol.
Durante a tarde ventou bastante na região do cume, mas ao anoitecer as coisas se acalmaram. Durante a noite as nuvens abriram e permitiram fazer algumas fotos legais.
Fomos dormir lá pelas 20 horas, depois de matar um jantar forte: feijão liofilizado com macarrão oriental. A noite foi fria, mas creio que não chegou a 0ºC. Acordei as seis da manhã, botei a cabeça pra fora da barraca e as nuvens fechavam completamente a visão. Fechei o zíper, voltei pro saco de dormir e capotei de novo até as oito horas. E valeu a pena!
Embora não vimos nada do nascer do sol, as nuvens aos poucos se dissiparam e aí sim deu pra curtir um pouco do visual ao nosso redor, o que se manteve durante toda a descida. Depois de um café da manhã com direito a salame frito e nutella começamos a voltar. Todo mundo acredita na máxima que “pra baixo todo santo ajuda!”, mas, acredite, os joelhos não pensam o mesmo.
Desistimos de ir pra outro lugar. O domingo iria ficar pra descansar e pra escrever o presente relato, o que foi uma boa escolha, pois pelo que vi a chuva caiu em boa parte da região. Na volta pra casa paramos na Pastelaria Rio da Prata, na estrada Dona Francisca, tradicional ponto de reabastecimento pós-montanha na região de Joinville, e depois tocamos até Blumenau.
Pra finalizar queria somente deixar o agradecimento aos demais participantes dessa empreitada, foi muito divertido compartilhar esses momentos com vocês e espero que também tenham curtido! Valeu Michelle, Lucas e Fabrício!