Nepal quer aumentar o número de montanhas acima de 8 mil metros no mundo

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O Nepal já possui 8 das 14 montanhas com altitude superior a 8 mil metros do mundo. São eles: Everest (8.848,86m), Kangchenjunga (8.586m), Lhotse (8.516m), Makalu (8.485m), Cho Oyu (8.188m), Dhaulagiri I (8.167m), Manaslu (8.163m) e Annapurna I (8.091m). No entanto, o governo nepalês não parece satisfeito em ter a maioria dos 8 mil metros.

Maciço do Kangchenjunga visto do Nepal. Foto: Wikimédia Commons

Assim, o Departamento de Turismo do Nepal anunciou uma iniciativa para ampliar a lista oficial de montanhas com mais de 8.000 metros de altitude, incluindo seis novos cumes secundários nas regiões do Kangchenjunga e Lhotse. No entanto, especialistas afirmam que essa medida não alterará os critérios internacionais nem a tradicional lista dos 14×8000.

Os novos cumes foram adicionados ao site oficial “Nepal Peak Profile”, e o próximo passo do governo será buscar aprovação de agências de turismo, da Nepal Mountaineering Association e as forças do exército e da polícia. Além disso, o Nepal também pretende conquistar o reconhecimento da UIAA (Federação Internacional de Escalada e Montanhismo).

A polêmica dos novos picos

A ideia de expandir a lista de picos com mais de 8.000 metros não é nova. Em 2023, um grupo de especialistas nepaleses sugeriu a inclusão de quatro pontos no maciço do Kangchenjunga: o Yalung Khang (8.505m), o Yalung Khang West (8.077m) que nunca foi escalado, o Kangchenjunga Central (8.473m) e o Kangchenjunga South (8.476m), além de dois novos pontos no maciço do Lhotse: o Lhotse Middle (8.410m) e o Lhotse Shar (8.400m).

Mapa apresentado pelo governo Nepalês.

No entanto, segundo a organização UIAA, esses são apenas cumes secundários, e não novos picos independentes. Em um parecer de 2023, a UIAA reafirmou que a comunidade internacional reconhece apenas 14 picos acima de 8.000 metros e que esses cumes adicionais apenas fazem parte de maciços maiores, sem a proeminência necessária para serem considerados montanhas separadas.

Apesar da resistência internacional, o governo nepalês continua com a campanha, argumentando que o reconhecimento desses novos picos poderia atrair mais montanhistas e aumentar a receita gerada pelo turismo, uma vez que os valores arrecadados com o montanhismo é uma das principais fontes de renda do país. Segundo o The Kathmandu Post, se esses cumes forem reconhecidos globalmente, mais alpinistas buscariam licenças para escalá-los, gerando uma nova demanda no setor.

No entanto, todos esses pontos secundários já estão abertos para escaladores, e um dos principais pontos negativos é o alto custo das autorizações. Atualmente, as permissões para escalar os picos principais não incluem os cumes subsidiários. Caso um montanhista deseje escalar um dos picos secundários, ele deverá pagar mais uma permissão.

Outro desafio é a viabilidade comercial. Diferente dos 14 picos clássicos, esses novos cumes apresentam seções técnicas complexas, tornando-os pouco atraentes para expedições guiadas. Além disso, alpinistas que buscam recordes ou desafios simbólicos tendem a seguir a classificação clássica dos 8 mil.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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