Ativo na montanha há cerca de trinta anos, Hillo Santana começou na escalada subindo uma via ferrata no Pão Açúcar, mas logo partiu para vias nos mais variados locais da cidade do Rio, onde ele foi evoluindo.
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Já há algum tempo, Hillo ficou famoso por se destacar no estilo esportivo tradicional, onde em vias de pequenas alturas e grande dificuldade são usados equipamentos móveis para proteger, misturando o comprometimento das vias tradicionais com a dificuldade da esportiva.
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Desenvolvendo bastante este estilo, o escalador carioca pôde colocar em prática sua marca abrindo vias como a Taxi Lunar, na Pedra do Sino, considerada por ele uma das vias mais trabalhosas e bonitas que ele já abriu e também a repetição em solitário da via Oitavo Passageiro, uma via extremamente difícil e longa situada na face Sul do Corcovado, paredão rochoso que é a segunda casa de Hillo Santana.
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Seguindo este conceito de escaladas, Hillo recentemente abriu uma via de grande comprometimento e dificuldade na Pedra do Sino, região serrana do Rio de Janeiro.
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A via, batizada de Nova Era, fica na Face sudeste da Pedra do Sino, a 20 metros à direita da via Terra de Gigantes. A conquista começou dia 8 de junho e terminou dia 23 de julho às 10 horas da noite. São 15 enfiadas de escalada.
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É a primeira via em livre da Pedra do Sino, a mais longa e provavelmente a mais difícil. Os graus das enfiadas são: 6a,7a,7c,8a,8c,9a,9c. Confira como foi na entrevista em que Hillo cedeu ao AltaMontanha.com:
AltaMontanha.com: Hillo, como surgiu a idéia de abrir uma nova via na Pedra do Sino?
Hillo Santana: A conquista era pra ser feita em 2009, mas , não tive apoio na época. Fui com um amigo Pablo (argentino) no cume do Garrafão, por que de lá é possível ver o headwall da Pedra do Sino onde esta a aresta da linha onde pretendia conquistar.
Pablo é uma amigo do Greenpeace internacional que já escalou inúmeras vias como a Salathé Wall nos Yosemite National Park, Big Wall Bagual no Cerro Chaltén e no Half Dome a Regular Route Northwest face entre outras…
Eu sou ativista do Greenpeace Brasil onde participo de algumas ações divista niretas. Foi no navio do Greenpeace que começamos a pôr o projeto da conquista no papel.
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AM: Quem foi seu companheiro nas investidas? Quantas investidas foram feitas até sair no cume?
HS: Foram feitas 2 investidas. , O companheiro de investida inicial foi o Pablo Toranzo, mas ele teve que voltar a Buenos Aires depois de sofrer uma micro fissura no joelho. Depois disso, 7 dias mais tarde, voltei com o Lucas Marques (Jha) e faltando 3 dias para chegar no cume, o Diogo Dimarassi, que trabalha no Abrigo 4 do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, chegou e nos deu um grande apoio de base, ajudando a rebocar o Haulbag e organizar os equipos.
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AM: Qual foi a maior roubada durante a conquista?
HS: A maior roubada na conquista foi a chuva que peguei com o Pablo no vale. Rapidamente, em questão de minutos o volume de água aumentou assustadora e consideravelmente, molhando tudo: Roupas, câmeras fotográficas… Tudo!
Levamos 4 horas para remover o portaledge a uma distância de 3 metros das nove da noite até uma da manhã, por causa do volume de água e do no piso irregular das pedras. Isso porque choveu pouco tempo, mas o volume da água foi amedrontador, fiquei assustado com a possibilidade de alguém ter problema de hipotermia, mas passamos a noite acordados e saímos cedo levando 6 horas para chegar no abrigo 4.
Tive que abrir uma via em solitário até o platô do Escorpião, local onde é protegido da chuva e dos fortes ventos, saindo assim do rio para que o Evento das chuvas no vale não se repetisse.
AM: Alguém te apoiou com algum patrocínio?
HS: Tivemos vários apoios das marcas: Deuter, Sea to Summit, Princeton Tec, Camp, Cassin, Edelrid, Safra Wine Store (loja de vinho), Crux adventure, Lechen (loja de equipamento de montanhismo), Action Brasil (TV produtora de vídeo), do Parque Nacional da Serra dos Órgãos e Abrigo 4.
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AM: A via está pronta para repetição?
HS: A via está pronta, falta apenas 2 chapeletas onde é possível fazer sem. Mas com grande exposição.
AM: Por que do nome Nova Era?
HS: Nomeei a via como uma mensagem para a transição que o Planeta está passando, com o objetivo de um mundo melhor. A Nova Era surge no horizonte da vida humana, está chegando o momento da grande transição e toda a nação precisa estar preparada para este importante momento da história da humanidade.
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