Novas rotas na Cordilheira Blanca

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Dentre muitos escaladores que estiveram este ano noa andes peruanos, foram os eslovenos, os bascos e inclusive os peruanos, que protagonizaram uma intensa temporada com aberturas de novas vias de dificuldade na Cordilheira Blanca e em outros lugares do Peru

A temporada de montanha 2008 se encerrou nos andes peruanos, e apesar da absurda norma estabelecida em uma importante cordilheira (e que pouco a pouco perde vigência), a abertura de novas rotas e repetições notáveis nas cordilheiras Blanca, Huayhuash e as pouco conhecidas na região dos andes Cusquenhos aconteceu novamente.

Na cordillera Blanca, uma expedição peruana formada por membros da escola Don Bosco de los Andes, realizaram uma variante na face norte do Santa Cruz grande (6.259 m), uma montanha pouco escalada e de dificuldade extrema. A escalada se realizou em 14 de junho atravessando uma região de gelo exposto e vertical com queda de pedras e blocos de gelo até alcançar a aresta Jageger, de onde para alcançar o cume foi uma árdua tarefa através da complicada e exposta aresta. Catalogaram a rota em 1.000 m, 50-85º V ED. Descida pela mesma rota mediante rapéis colocando estacas de neve e abalakovs.

Durante o mesmo mês de junho, na face leste do Chopicalqui, os eslovenos Vladimir Makarovic, Matic Obid, Pavel Ferjancic e Mitja Glescic, realizaram uma forte ascensão de 600 m M5 em 10 horas desde seu acampamento base na moraina. Realizaram os primeiros 400 m em neve solta e rocha com inclinações de 60–70° culminando com os 100 últimos metros de gelo e rocha. A via termina a 6 mil metros. (O Chopicalqui se ergue até os 6.354 m) Realizaram a descida mediante abalokovs pela mesma rota.

O basco Iñaki Arregi, realizou uma variante na parede norte do Quitaraju (6.034 m). A rota atravessa uma zona mista pelo lado esquerdo da rota usual desta montanha, escalando secções de 50 e 60°, sendo o último trecho o de maior dificuldade pelas condições de neve solta e pela inclinação de 80°. A descida foi desescalando pelo esporão dos eslovenos.

No nevado Ulta (5.875 m), em 18 de julho, o basco Aritza Monasterio junto ao esloveno Viktor Mlinar, realizaram a escalada em 12 horas de ida e volta, iniciando a 5.150 m sobre canais de gelo vertical. Batizaram a rota de “Andinista – Riftik” 650 m, MD+/ED VI 4+.

Na pouco conhecida cordilheira Vilcanota em Cusco, uma expedição de aspirantes da escola de guias de Huaraz, se dirigiram até as proximidades do nevado Ausangate, realizando 5 subidas em 3 montanhas e em simultâneo no dia 4 de outubro, abrindo rotas novas em cada um dos itinerários.

No nevado Qampa (5.500 m), Alberto Hung e Johan Zárate, logo após serem obrigados a retirar-se durante a primeira tentativa devido a seus outros 2 companheiros terem voltado, realizaram a escalada pela face noroeste desta montanha, sobre terrenos de gelo de até 65° de inclinação que realizaram em simultâneo para recuperar o tempo perdido e pelas condições da parede. Depois que alcançaram a aresta, a percorreram em sua totalidade e alcançaram o cume às 9 da manhã. Batizaram a via como “YAS Gael” 150m (só a parede) / 65º / IIIº.

No nevado Pucapunta (5.490 m), Raúl Laveriano, Willy Alvarado, Beto Pinto, Claudio Llyulla e Steven Fuentes, depois da espera de 2 horas sob a moraina esperando o bom tempo, ingressaram no glaciar pela parede sul a fim de alcançar o cume oeste da montanha. Após continuar por neve compacta por uns 120m alcançaram uma zona de gelo duro de 240 m e depois continuaram até a aresta onde encontraram neve em pó que lhes deu muito trabalho atravessar e chegar até o cume. A via tem 360 m, MD / 65°.

No Nevado Mariposa (5.808 m), 3 equipes atacaram simultaneamente, e na mesma hora (3h) esta montanha para abrir 3 vias novas sobre a mesma face. Os grupos se encontraram no cume após escalar os seguintes itinerários:
– “EL.JHG” 350m – MD / 80°/ III° Por Melesio Escolástico e Marco Luylla
– “Almita” 350m – MD / 80° / V°. Por Dario Alva e Flavio Mandura
– “Denia” 350m – MD / 60° / V°, Por Miguel Gamarra e Willy Huamán.

Esta temporada a cordilheira de Huayhuash não foi palco de grandes ascensões. Devido a que somado a grande dificuldade que apresenta este maciço, um dos melhores alpinistas do mundo, que a cada ano surpreendia a todos com suas espetaculares escaladas em estilo rápido e leve nesta cordilheira não estará mais entre nós. Pavle Kozjek desapareceu no Muztagh Tower e o legado que deixou sobretudo nas cordilheiras Blanca e Huayhuash com suas inovadoras escaladas, perdurará para sempre entre quem acredita e segue o estilo e a humildade que refletia Pavle nas montanhas e fora delas.

Texto de Sergio Ramírez Carrascal publicado em Barrabes
(Sergio Ramírez Carrascal escreve de Huaraz no Peru para o site Barrabes da Espanha – www.nuestramontana.com)

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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