A República do Cazaquistão é um país imenso, mas pouco populoso, localizado na Ásia Central. Seu território estende-se, de Oeste para Leste, do mar Cáspio às montanhas Altai, e, de Norte a Sul, das planícies da Sibéria Ocidental aos oásis e desertos da Ásia Central. A estepe cazaque, com uma área de cerca de 804.500 quilômetros quadrados, ocupa um terço do país e é a maior região seca de estepe do mundo.
Apesar de ser um país onde o relevo é predominantemente plano, sua população se concentra nas proximidades da cordilheira de Tian Shan, onde fica a maior cidade, Almaty, com mais de 1 milhão de habitantes, antiga capital, onde nasceu o montanhismo no país.
O montanhismo no Cazaquistão nasceu em 17 de Julho de 1930. Neste dia, G. Beloglazov e V. Gorbunov de Almaty e A. Misovskiy de Moscou fizeram a ascensão do Pico Maloalmatinskiy de 4376 metros. Mais tarde esta montanha foi renomeada, como Pico Komsomol, algo normal na época soviética mudar o nome dos lugares para alegrar as elites russas.
As expedição cazaques de grande peso iniciaram tarde, somente em 1982, com a bandeira soviética. Neste ano, cinco montanhistas do Cazaquistão, K. Valiyev, V. Hrischatiy, Y. Golodov, E. Ilyinskiy e S. Chepchev participaram de uma expedição ao Everest. Com grande dificuldades metereológicas, K. Valiyev e V. Hrischatiy chegaram ao ponto mais alto do planeta. Mais tarde, Y. Golodov, E. Ilyinskiy e S. Chepchev tentaram cume sem sucesso, tendo atingido uma altitude de 8550 metros. Foi o trinfo do montanhismo cazaque. Todos os participantes foram premiados pelo governo soviético.
A segunda expedição cazaque ao Himalaia foi no ano de 1989 no Kanchenjunga, a terceira montanha mais alta do mundo localizada entre a Índia e o Nepal. Nesta expedição participaram nove cazaques que não fizeram cume na montanha, que é considerada uma das mais difíceis do mundo.
Na primavera de 1991, montanhistas cazaques realizaram a terceira expedição do país ao Himalaia. Eles escalaram o Dhaulagiri de 8167 metros pelo lado Oeste, foi a primeira ascensão por esta face da montanha. Nesta oportunidade, o experiente montanhista E. Ilyinskiy foi o líder da equipe composta por 13 montanhistas, dentre ele Anatoli Bukreev, talvez o mais famoso alpinista cazaque.
Mais tarde, em 1995, com o país já independente da extinta União Soviética, montanhistas cazaques liderados por K. Valiyev, o primeiro cazaque a escalar o Everest, escalaram o Manaslu no inverno sem oxigênio. Fizeram cume na montanha M. Mikhalkov e D. Grekov.
Em 1996 o montanhista cazaque Anatoli Bukreev se tornou mundialmente conhecido por ter sido herói/vilão no acidente no Everest que matou 12 pessoas e que foi reportado no best seller de autoria do americano Jon Krakauer: No Ar Rarefeito.
Bukreev fez o cume do Everest sem oxigênio e também foi resgatar as vitimas desta maneira para não atrapalhar seu plano em escalar todas as montanhas acima de 8 mil metros com este estilo. Por conta disso, Krakauer diz que ele poderia ter ajudado mais pessoas e o numero de vitimas teria sido menor.
Bukreev escreveu o livro: A Escalada, em co-autoria com W. Dewalt rebatendo as criticas de Krakauer. Anatoli morreu um ano depois quando tentava escalar no inverno, a face Sul do Anapurnna com o italiano Simone Moro. Ele foi pego por uma avalanche. Seria a oitava montanha acima de 8 mil metros para o cazaque, todas sem oxigênio.
Em 2001 foi inaugurado um programa governamental no Cazaquistão para formar um time de montanhistas para escalar as montanhas mais altas do mundo. Foram estas expedições e montanhistas que participaram desta equipe:
- Expedição ao Hidden Peak (8068m), 2001: E. Ilyinskiy – o lider, Vasily Litvinov, Damir Molgachev, Vasily Pivtsov, Denis Urubko, Sergey Lavrov, Alexey Raspopov, Maxut Zhumayev.
- Expedição ao Gasherbrum (8035m), 2001: E. Ilyinskiy – the leader, Vasily Litvinov, Damir Molgachev, Vasily Pivtsov, Denis Urubko, Sergey Lavrov, Alexey Raspopov, Maxut Zhumayev.
- Expedição ao Kangchenjunga (8586 m), 2002: E. Ilyinskiy, Denis Urubko, Sergey Brodsky, Damir Molgachev, Vasily Pivtsov, Sergey Lavrov, Alexey Raspopov, Maxut Zhumayev
- Expedição ao Shisha Pangma (8046m), 2002: E. Ilyinskiy – o lider, Maxut Zhumayev, Denis Urubko, Alexey Raspopov, Vassily Pivtsov
- Expedição ao Nanga Parbat em 2003: B. Zhunusov – o lider, E. Ilyinskiy, M. Zhumaev, D. Urubko, A. Raspopov, V. Pivtsov, S. Lavrov, V. Litvinov, D. Molgachev, D. Chumakov
- Expedição ao Broad Peak em , 2003: B. Zhunusov – líder, E. Ilyinskiy, M. Zhumaev, D. Urubko, A. Raspopov, V. Pivtsov, S. Lavrov, V. Litvinov, D. Molgachev, D. Chumakov
De todos estes nomes, talvez o montanhista que mais tenha se destacado e hoje é reconhecido internacionalmente é Denis Urubko, o primeiro cazaque a escalar todas as montanhas do mundo com mais de oito mil metros e que finalizou o projeto em grande estilo, escalando o Cho Oyo pelo lado nepalês.
Urubko continua realizando grandes expedições e junto com Simone Moro, alpinista italiano que era companheiro de Bukreev, já escalaram o Makalu no inverno.
O Cazaquistão, cada vez mais vem se destacando no mundo da montanha. Seus nomes e conquistas sempre foram muito voltados para o Himalaísmo, entretanto cada vez mais há jovens se interessando por outras modalidades, como a escalada em rocha e escalada esportiva em ginásio que vêm se tornando populares. O país conta com campeonato nacional e alguns jovens já viajam ao exterior para competir nos campeonatos da IFSC.
Jovens escaladores cazaques escalando tanto na rocha quanto em ginásio.