Alberto Iñurrategi, Mikel Zabalza e Juan Vallejo apresentaram a expedição Basque Team Desafioa, na qual tentarão nesta primavera subir o Makalu, 8.463 metros, pelo pilar Oeste, em estilo totalmente alpino e sem acampamentos de altitude, direto do campo base até o cume.
Esta via só foi culminada em 14 ocasiões desde que foi aberta em 1971, mas nunca sem corda fixa, acampamentos de altitude, e com ajuda de oxigênio artificial como pretendem fazer os três montanhistas, que já contam com ampla experiência em alpinismo de grande altitude. Iñurrategi conta com 15 oito mil, Vallejo tem oito e Zabalza é o único dos três que não conhece o Makalu, tem dois oito mil.
Em estilo alpino, estes himalayistas escalaram a face sudoeste do Shisha Pangma, o Lhotse, o Cho Oyu, a difícil parede sul do Aconcagua, o Lempo Gan de 7.125 metros, tentativas ao corredor Hornbein da face norte do Everest até os 8.500 metros e a norte do Dunagiri, além de vias em montanhas de menos altitude mas igualmente de grande dificuldade como a via Eternal Flame na Torre Sem Nome ou a abertura da via Ludopatia, Changi Tower, ambas no Karakorum. Mesmo assim, ainda se destacam também a quinta ascensão absoluta por parte dos três membros do G-IV (7.925 metros) no verão do ano passado.
“É um objetivo difícil e não temos muitas garantias de que saia bem, mas acreditamos que é possível”, disse Iñurrategi, que afirmou também que as possibilidades de êxito estão sempre condicionadas a se ter uma janela de quatro a seis dias de bom tempo entre a primeira e a última semana de maio.
O PILAR OESTE DO MAKALU
O Makalu (8463 m), que significa “Grande Negro”, é a quinta montanha mais alta do mundo. Foi escalada pela primeira vez em 1955 por uma expedição francesa comandada, entre outros, pelo grande alpinista Lionel Terray. Desde então foram abertas uma quinzena de rotas no Makalu, mas sem dúvida alguma a mais impressionante e estética é a que percorre íntegramente o Pilar Oeste da montanha. O Pilar Oeste é um imenso tentáculo de rocha vertical, uma gigantesca aresta que divide como uma faca a vertente sul e oeste do Grande Negro.
Foram outra vez os franceses que abriram a rota em 1971, que com uma forte equipe conseguiram colocar no cume dois de seus integrantes, Yannick Seigneur e Bernad Mellet, com Robert Paragot liderando, uma vitória para a época que utilizou os meios necessários para a evolução na qual se encontrava o alpinismo nesse momento, incluindo oxigênio artificial, muitos porteadores e grande quantidade de corda fixa. Mas isso não quer dizer nada: foi uma grande conquista da época, absolutamente adiantada em seu tempo. Muito poucos conseguiram repetir esta rota, muito poucos mesmo, e entre eles se encontra o grande alpinista catalão Carles Vallés, que fez cume em 1991 junto a Manu Badiola, que infelizmente desapareceu na descida.
Mas os tempos mudam, e o alpinismo moderno de vanguarda seguiu por outros caminhos menos trilhados que abrem novas portas para a evolução. São caminhos que provocam muitas dúvidas, arriscados, no limite absoluto do que hoje em dia se pode fazer. E tem que ser os mais adiantados, os alpinistas mais pontuais, os que decidem dar esse passo que em outras gerações foram dados pelos pioneros, e que ultimamente, em questão de oito mil, alguma coisa está faltando, como se o caminho trilhado tivesse vencido sobre a superação e o pionerismo, instalando-se um certo ar de já visto antes sobre a atividade.
O Pilar Oeste continua sendo hoje uma escalada de grande dificuldade e prestígio. Prova disso é que somente 14 alpinistas conseguiram chegar ao cume através desta rota. E nenhuma das expedições que a superaram ou tentaram sua ascensão o fizeram em estilo alpino. Esse é o objetivo: escalar esta mítica rota, mas em um estilo completamente limpo e mais de acordo com as tendências atuais do alpinismo moderno. Desta forma se abordará a escalada em um estilo completamente alpino, quer dizer sem usar nenhum tipo de corda fixa, acampamentos de altitude e consequentemente sem oxigênio suplementar, completando a ascensão do campo base ao cume em um ataque e sem ter em absoluto abastecido previamente a rota. Se conseguirem, serão os primeiros.
Evidentemente, um dos maiores problemas de toda ascensão em estilo alpino é a aclimatação, já que o estilo escolhido não lhes permitirá realizar a adaptação à altitude na mesma montanha. Portanto, o grupo irá realizar previamente a ascensão do Baruntse, montanha de 7.235 metros situada nas proximidades do campo base. O Baruntse, embora de dificuldade técnica moderada e de altura inferior ao Makalu, possui o prestígio que têm todas as montanhas do Himalaya de ultrapassam os 7.000 metros.
As datas escolhidas para tentar a montanha são as que coincidem com o pré-monção no Himalaya. Partirão da cidade de Euskadi no dia 30 de março, chegando ao Campo Base aproximadamente em meados de abril. Na segunda quinzena de abril e talvez primeira semana de maio será a fase de aclimatação e a tentativa de ascensão do Baruntse. E será a partir da primeira semana de maio, dependendo das condições climáticas que será abordada a escalada do Pilar Oeste. Experiências de tentativas prévias constatam que a maioria das ascensões se realizaram a partir de meados de maio. Assim se calcula que os possíveis dias de ataque ao cume possam ser de 15 em diante. Dependerá muito das previsões meteorológicas.
Integrantes da expedição:
Alberto Iñurrategi (Aretxabaleta 1968) alpinista
Mikel Zabalza (Iruñea 1970) alpinista
Juan Vallejo (Gasteiz 1970) alpinista
Ramon Olasagasti (Berrobi, 1972) Responsável de comunicação
Os promotores deste projeto “Basque Team Desafioa”, divulgaram também o projeto ´Ice Walls´09´, apresentado pelo escalador vizcaíno Jonathan Larrañaga, que consiste no encadenamento de onze ascensões a cascatas de gelo de máximo grau de dificuldade nos Alpes franceses, suiços e italianos.
Larrañaga (Getxo, 1980), eleito melhor alpinista basco de 2007, iniciou neste mesmo mês as escaladas, entre as quais se destacam quatro de grade 6 no Kandersteg (Suiça), Val di Cogne (Itália) e Freissinieres (França), e outras duas em Chamonix (França) de grade 6+.
Veja algo mais sobre a rota: www.summitpost.org
Por Beto Joly, com informações de www.eitb.com – Bilbao, Barrabes – Madrid, elconfidencial.com – Bilbao