Já havia algum tempo q não retornava pras bandas de Eng Marsilac, extremo sul de Sampa, e deve ter sido por isso q as viagens até chegar lá me pareceram menos demoradas q outrora. A primeira vez – qdo fui la pra descer o Rio Branquinho – a dita viagem me pareceu interminável; na segunda –na palmilhada por trilhos da EF Sorocabana até Itanhaem – o translado me pareceu igualmente outra viagem sem fim; no entanto, na terceira ocasião – em q fui prum prosaico bate-volta á Cachu Capivari – o rolê me pareceu encurtar seu tempo de acesso. O fato é q naquela ocasião o deslocamento tardou o mesmo tanto q meus bate-volta pra Paranapiacaba ou Mogi. E isso graças á nova logística adotada, claro! Desta vez – uma breve fuxicada no setor leste de Marsilac – a logística portanto foi a mesma.
Os busos “Divisa Embu-Guaçu” e “Vargem Gde”, q partem do Term. Grajaú são bem mais regulares (e rápidos) dos q partem do Term. Sto Amaro, minha outrora condução!! Dessa forma, eu e o Nando saltamos no Term. Parelheiros por volta das 8hrs e imediatamente encostamos na padoca ao lado afim de tomar um breve desjejum. Na sequencia tomamos o “Barragem”, de horários regulares, e zarpamos pro nosso destino daquele dia, ou seja, seu pto final. Viagem breve esta, onde não tardou pro cinza daqueles cafundós de Sampa darem lugar ao verde onipresente de chácaras, sítios e terrenos baldios. Alem do espelho dágua da Represa Billings de um lado, o detalhe da paisagem femoldurada pela janela tb fica por conta duma linha férrea q acompanha boa parte do trajeto do coletivo, q nada mais é a extensão desativada da EF Sorocabana.
As 8:30hrs desembarcamos no bairro da Barragem, onde imediatamente pusemos pé no chão. No caso, no estradão de terra principal q toca sentido sul. Local pacato com algumas residências, poucos barzinhos, mercadinhos simples e muitas chácaras, este bairro é uma tranqüilidade só e as feições indígenas da maioria de seus moradores denunciam a proximidade da Aldeia Curucutu. Não deu nem 5min q já deixávamos o burburinho local pra deixar a “civilização” pra trás e palmilhar um largo estradão de chão cercado de mato de ambos lados, q não demorou a ser abandonado na primeira bifurcação q surgiu, onde tocamos pelo ramo da direita, sempre por sul.
A partir daqui não tem erro pois bastou tocar sempre pela via principal, ignorando as saídas laterais. Na verdade este estradão passa por cima, eventualmente ladeando a antiga EF Sorocabana. Lembro q da última vez q estive aqui ainda era possivel avistar dormentes e ate sinais remanescentes da antiga linha férrea, vestígios atualmente engolidos pelo mato ou aterrados pelo alargamento da própria estrada. No entanto, no caminho ainda é possivel encontrar empilhados alguns montes de dormentes de madeira. O trajeto então segue sempre pro sul, com pouca variação de direção, bordeja alguns morros cobertos de mata e passa por baixo de duas linhas de alta tensão. A atmosfera transparente e promissora daquele dia logo se encarrega em estender os braços do Astro-Rei na nossa direção. E com força. Totalmente aberto e sempre exposto, protetor solar aqui é artigo essencial.
E assim, após quase 5kms engolindo poeira sem nenhuma viv´alma cruzando nosso caminho, as 9:30hrs nossa rota intercepta o trecho ativo da EF Sorocabana, q por sua vez é oriundo de Embu-Guaçu. O apito dum trem próximo denuncia sua iminente passagem, coisa q ocorre num piscar de olhos e com freqüência por aqui. Emparelhados então com o trilho, não demora p/ gente passar por um punhado de vestígios de construções abandonadas, a exceção duma pequena casa q – ao lado dum enorme totem do PE Serra do Mar – serve atualmente de posto pra Guarda Ambiental. De fato, nestas bandas bordejamos os limites do Núcleo Curucutu do referido parque, mas aparentemente não se encontra ninguém na base. Claro q passamos batido, sem nenhum problema, á diferença das ocasiões anteriores onde tivemos q dar satisfações aos guardinhas do nosso destino. Em tempo, andar pelos trilhos atualmente é proibido.
Num piscar de olhos, por volta das 9:40hrs, pisamos na Estação Evangelista de Souza (o tal Barão de Mauá), onde a solidão e tranqüilidade do lugar só é rompido pela presença de meia dúzia de funcionários da ALL fazendo a manutenção da via férrea. A partir daqui como nossa direção toca pro sul podemos prosseguir tanto pelos trilhos como por uma estradinha de terra q parte paralela, bordejando a morraria, da estação. Claro q optamos pela primeira opção. Desimpedidos da presença dos guardinhas, do fato de andar pelos trilhos ser mto mais “aventureiro” e interessante – sem contar q abrevia (e mto) o trajeto ao nosso destino – a pernada então prossegue tranqüila pela via férrea. Mas não por muito tempo.
Por volta das 10hrs a via férrea intercepta uma estrada bem óbvia, onde abandonamos os trilhos e tocamos por ela, ou seja, pra esquerda (leste). Em pouco tempo damos numa bifurcação, onde ignoramos o trecho vindo do norte e tocamos pro sul, descendo suavemente um estradão bem cuidado q bordeja um morrote abaulado. A cada paso dado nossa paisagem a sudoeste vai descortinando um belo e bucólico vale q mistura mata ciliar e algum reflorestamento, reforçado pela presença de pinheiros e araucarias perfilados a margem da estrada, onde tons lilazes das quaresmeiras pipocam dos bosques a leste.
A assim após quase 8kms exatos do bairro da Barragem, desembocamos no final da estrada nas dependências do Sitio do Bambu. Tb conhecido como Sitio do Elias (ou dos Pioli), a entrada desta bem-cuidada chácara faz jus ao nome, já q enormes touceiras de bambus parecem cercar o sitio onde inclusive “duas touceiras-mor” servem de pórtico natural de entrada do mesmo. Pra reforçar o “ambiente feudal” da fazenda um sinuoso e cristalino rio envolve a propriedade tal qual um castelo medieval, e uma ponte é necesaria pra aceder a mesma. Olhando a carta este curso dágua corresponde ao famoso Rio Monos, q aqui marulha manso e raso por estra próximo de suas nascentes. Como até aqui nossas infos eram desencontradas resolvemos nada mais nada menos q metralhar de perguntas o caseiro de plantão, q imediatamente apareceu qdo batemos palmas na entrada.
Seu nome era Pedro e, prestativo e bem falador, nos forneceu tds as informações necessárias. Como tds as fazendas ativas na região, a Bambu tb livrou-se da desapropriação (a diferença do Jamil) do PE sob condição de manter o meio ambiente no território pertencente a sua propriedade. Mas o melhor são as varias trilhas q nascem dali (e em tds as direções), e duma antiga vereda (atualmente tomada pelo mato) q rasgava a serra interligando com o q hj é conhecido como Rodovia dos Imigrantes, passando por trocentas cachus e poços. Claro q esta possibilidade arregalou nossos olhos pra futuras investidas mais perrengosas na região. No entanto, pela brevidade de nosso bate-volta ficamos com a dica dum atrativo próximo do qual já ouvira falar, um poço situado no Ribeirão Pioli (por se situar na propriedade do mesmo).
Nos despedimos do simpático Pedro e, obedecendo a risca suas dicas, tomamos uma precária estrada ao lado da fazenda e tocamos por ela indefinidamente. E sempre acompanhando o manso Rio Monos, q borbulha bem a nossa direita. A pernada segue sempre em nível e num curso quase retilíneo, com poucas curvas. O trajeto encontra-se bem enlameado, mas nada q um contorno ou outro não resolva. E assim se mantem por um bom trecho e a pernada transcorre tranqüila e desimpedida.
Mas eis q nos deparamos com uma decrépita pinguela onde nossa rota cruza pra outra margem do Rio Monos. O q fora outrora uma ponte esta hj td tombada pro lado, aos pedaços, e a primeira impressão q dá é q esse obstáculo é intransponível! Mas observando melhor há toras de bambus fincadas em ambas margens, garantindo assim apoio (pras mãos) e sustentação (pros pés) necessárias pra travessia segura. Claro q deixo o Nando ir na frente testar a bagaça, uma vez q as toras q servem de “chão” aparentam ser mais lisas q sabão. Mas felizmente são so aparências pois a travessia é firme e segura, mas ainda assim feita com td cuidado pra não dar um tchibum na água fria antes da hora.
A caminhada prossegue então na outra margem do Rio Monos, ou seja, a direita, e o q fora estrada cede lugar agora a uma estreita picada q serpenteia a mata pra depois se esgueirar, estreita mesmo, pela encosta baixa da morraria q é banhada pelo ribeirão. E assim nossa breve jornada segue por um tempo q passa voando. Voando pq bem antes das 11hrs, e menos de 1km a partir da entrada do sitio, finalmente chegamos no lugar q representa a foz do Ribeirão Pioli (tb chamado de Ribeirão das Pedras), onde seu precioso liquido cristalino deságua nas águas meio turvas do Monos. Bem ao lado, uma bela cascatinha finda num poço cercado de pedras e muita mata ciliar. Estavamos, enfim, no tal Poço das Virgens! Pausa pra descanso, lanche e tchibum, claro!
Contudo, apesar do sol brilhar no alto eu declinei do tchibum por conta da água estar terrivelmente gelada. Tb pudera, o local do poção se encontra num buraco com sombra permanente e provavelmente o sol deva incidir com força no atrativo mediante condições e horário particulares. O Nando q o diga, já q o tchibum se limitou a entrar e sair rapidinho! O lanche se resumiu á preparação dum delicioso miojo de procedência vietnamita, degustado com uma pinga local pra buscar aquecer os ânimos naquele estreito e frio vale. Enqto Nando preparava a iguaria, aproveitei pra fuxicar rapidamente o entorno apenas pra constatar q ao lado do atrativo havia uma pequena clareira capaz de comportar apenas uma barraca, poucos sinais de lixo, vestígios de fogueira , e perscrutar a continuidade da picadario acima, alternando suas margens. E, claro, não deixar de reparar nas inúmeras trilhas nascendo do rio q adentram em tds as direções na mata! “Dois putos desbravando os arredores do imaculado Poço das Virgens!”, foi o pensamento sem-noção q me veio a mente como titulo deste relato.
Depois de muito descanso, relax e ate um breve cochilo nas pedras, resolvemos retornar já prevendo o tempo q nos tomaria os quase 9km da volta. Uma exploração maior e meniciosa demandava necessariamente pernoite, mas isso fica pra próxima ocasião pois a idéia daquele dia era apenas um bate-volta sussa e descompromissado, ou seja, chegar naquele poço/queda q é conhecido na regiao por vários outros nomes (geralmetne o nome dos proprietários do terreno) e coletar informações pra futuras empreitadas maiores. Pra ver o quão facil é chegar no lugar na volta, na trilha, cruzamos com uma família inteira (repleta de crianças) indo pro poço! No entanto, é um atrativo q apenas moradores da regiao e de Marsilac conhecem.
Deixamos a Sitio Bambu sob forte sol e logo estavamos palmilhando a linha férrea com um calor desgraçado q parecia emanar dos dormentes. O interminável e enfadonho trecho de 8kms de estrada de terra só não foi mais desgastante pelo calor daquele dia pq corria uma brisa refrescante q amenizava o fervor daquela tarde infernal. E devagar-quase-parando finalmente chegamos na muvuca rural do bairro da Barragem, por volta das 16hrs, onde encostamos no boteco de propriedade duma “indinha” q falava pelos cotovelos. Claro q mandamos ver quase 5 brejas (litrão!) pra compensar o desgaste provocado pelo calor vespertino, e estar etilicamente preparados pra viagem de volta pra Metropole.
O Poço das Virgems é programa fácil e acessível pra td família, diga-se de passagem. Existe uma estrada bem conservada q parte do Bairro da Barragem, segue paralela a linha férrea e alcança as dependências da Faz. do Bambu, o q abrevia consideravelmente o entediante trecho (a pé) e cai direto no atrativo. Por ser um roteiro breve e rápido, se houver disposição a pernada pode ser emendada com outras cachus da região, como a do Jamil e do Capivari. O fato é q esta breve e descompromissada visita deste setor leste de Marsilac descortina mais possibilidades de travessias maiores no extremo sul da Metrópole, q rasgam o miolo da maior Área de Proteção Ambiental de São Paulo, a Capivari-Monos.
Jorge Soto
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