Os equatorianos adoram contar que o Chimborazo é a montanha mais proeminente do planeta, por ser o ponto mais distante do centro da terra. Proeminência significa aqui simplesmente a altura absoluta de uma montanha.
O
Everest está no hemisfério norte, enquanto o Chimborazo está sobre a linha do Equador – como a terra não é perfeitamente redonda e sim achatada, o seu raio é 6 km maior neste último local. Esta é uma diferença muito grande, que irá beneficiar o Chimborazo.
O Everest
As altitudes das duas montanhas são de quase 9 km e mais de 6 km, o que confere ao vulcão uma apreciável vantagem de cerca de 4 km. Um outro candidato, o Huascarán (que é o ponto culminante do Peru), é 0.5 km mais alto. Porém, embora próximo, ele está muito ao sul, sendo, portanto, sendo sua proeminência reduzida pela curvatura da terra.
Por isto dizem que o Chimborazo, dentre todas as montanhas, é aquela que está mais perto do céu. Mas, como comentou um amigo meu, só mesmo um astronauta no espaço pode perceber a diferença.
Chimborazo Visto dos Pampas do Equador
Mas proeminência tem também um outro significado, a meu ver mais prático. Ela representa a diferença de altura entre o cume e o colo de uma montanha. Afinal, este seria o desnível a ser escalado por um montanhista que partisse do colo, que é normalmente um ponto de acesso.
Se uma montanha não possui um colo, então sua proeminência coincide com sua altitude, como são os casos do McKinley nos Estados Unidos e do Kilimanjaro na Tanzânia (aproximadamente, pois seus colos são quase irrelevantes), do Monte Fuji no Japão e do Etna na Itália.
Monte Mckinley, Estados Unidos
Não surpreendentemente, a maior proeminência mundial é a do Everest – e com a totalidade de seus 8.848m, pois por alguma razão exótica (e acho eu errada), os seus importantes colos, o sul e o norte, não são considerados.
Na América do Sul, o Aconcágua aparece com toda sua altitude de 6.962m, pelo fato de não apresentar colo – curiosamente, ele é até mais proeminente do que o K2. Por sinal, o Chimborazo é a segunda mais proeminente formação na América do Sul. E, no Brasil, o Neblina, cujo colo é bem baixo.
O Aconcagua.
Termino este artigo com um quadro das doze montanhas mais elevadas do Brasil, desde o Pico da Neblina até o Morro da Cruz do Negro. Veja que, grandemente, pertencem a apenas duas serras: Caparaó e Itatiaia. São duas regiões magníficas, que todo montanhista não pode deixar de conhecer.