Na última Quinta Feira acompanhamos o pessoal do CPM Clube Paranaense de Montanhismo, que, após as denúncias da última semana, foi vistoriar a região do Pico Paraná, e formulamos a seguinte análise.
1. , ,  ,O que foi retirado?
Foram retirados cerca de 20 degraus instalados pelo Clube em mutirões passados e recentes. Nenhum dos degraus retirados foram encontrados, o que nos leva a crer que, ou foram escondidos pelo indivíduo ou foi levado da montanha.
2. , ,  ,Como foi retirado?
Quem fez o trabalho sabia muito bem como fazer. Com uma serra, o indivíduo serrou um lado do degrau e utilizando de força, girou o lado restante do degrau para que este se soltasse facilmente da rocha. Não há marcas ou quaisquer outros vestígios na rocha, apenas o toco que sobrou do degrau retirado e o buraco do outro lado, qual acaba tornando-se até imperceptível. Em muitos pontos, quem for pela primeira vez naquela trilha, dificilmente reparará que ali já existiu um degrau.
3. , ,  ,Onde foram retirados?
Foram retirados todos os degraus até a cela que separa o A1 do A2. Eram cerca de 10 degraus. Após a cela, na subida mais íngreme do trajeto, o indivíduo retirou os quatro primeiros degraus, dando a impressão de que não há mais degraus naquela subida.
Mais para cima, onde a subida torna-se mais intensa, foram retirados degraus aleatoriamente, seguindo como preceito os locais onde a rocha naturalmente fornece algum apoio, como agarras ou fendas. Contudo, neste trecho ainda existe diversos degraus.
No trecho final da montanha, foram retirados mais alguns degraus, um num ponto onde existe também uma corrente e dois mais acima, num ponto em que há maior exposição na trilha.
4. , ,  ,Impressões ambientais:
Nota-se um claro e evidente cuidado do indivíduo para com o meio ambiente, uma vez que os degraus retirados visavam apenas a dificultar a subida. Em um único ponto, ainda no meio da trilha, torna-se evidente a necessidade de recolocação de um degrau, pois historicamente é comprovado que em tal local, sem os auxílios dos degraus, os montanhistas acabam abrindo diversas trilhas laterais para conseguir realizar a ascensão. No local foram instalados há mais de 10 anos três degraus de escada. Contudo, se trata de uma rampa de aderência e é de fácil escalada, não constituindo dificuldades. A instalação de apenas um degrau no meio da rampa, que indique o caminho, deve resolver o problema da abertura das trilhas paralelas.
5. , ,  ,Impressões acerca da dificuldade técnica:
Alguns pontos em que havia degraus tornaram-se um pouco mais difíceis de serem transpassados. Os principais:
Após a primeira bica: Um trecho de rocha exposta, onde existiam três degraus instalados recentemente, agora não há mais nenhum. Apesar da retirada, o local não oferece grandes dificuldades ao montanhista, uma vez que as diversas agarras na rocha oferecem tanta facilidade quanto os degraus para sua escalada. Além disso, este local não possui mais que 3 metros de desnível, o que acaba não oferecendo grandes riscos ao caminhante.
Trecho em rampa de aderência: Existiam três degraus. O trecho é fácil, sob a vista de um escalador. Contudo, graças a umidade existente na rocha, muitas pessoas que nunca praticaram a escalada possivelmente ficarão com medo de transpor este local e possivelmente abrirão rotas laterais. A solução mais interessante é a recolocação de apenas um degrau, bem ao meio da subida, o que deve oferecer segurança ao montanhista, além de indicar o local correto para subir.
Pedra alta, próxima a cela: Esta pedra fica localizada na crista que desce do A1 em direção ao A2. Apesar de ser baixa, possuindo cerca de 2 metros de altura, a queda natural da crista acaba dando uma falsa impressão de que o local seja mais perigoso. Não há risco para o meio ambiente, uma vez que não há espaço suficiente para contornar a pedra. O lance ficou mais difícil, porém de dificuldade ainda baixa e é facilmente transposto.
Início da subida ao A2: Foram retirados os 3 ou 4 primeiros degraus. Não há dificuldade técnica alguma, sendo necessário apenas utilizar uma ou outra mão apenas como apoio. Talvez ocorra certa exposição, contudo de baixa altitude.
Trecho mais vertical da subida: Foram retirados degraus espaçados, o que aparenta tornar mais longe um degrau do outro. Na realidade, nos pontos em que foram retirados os degraus, há abundância de agarras naturais na rocha, tanto para os pés quanto para as mãos. Obviamente torna mais difícil a subida, principalmente por fazer com que o montanhista tenha que pensar onde colocar pés e mãos, mas a dificuldade é muito baixa. Há certa exposição, porém mesmo com os antigos degraus, a exposição permanece constante. Em pequenos trechos observamos ser necessário a utilização de algumas técnicas básicas da escalada, como agarra invertida e fenda, mas nada que ofereça grandes dificuldades ao montanhista.
Próximo ao cume: Local exposto, onde foram colocados dois degraus recentemente. Este talvez seja o ponto mais técnico e exposto da trilha. Contudo a colocação dos degraus visava somente à facilitação do acesso, uma vez que o montanhista só utilizava as rochas para subir e por isso, não oferecia risco algum ao meio ambiente.
Ainda assim, referente aos dados estatísticos da montanha, verifica-se que a falta de degraus naquele ponto raramente impediu alguém de chegar ao topo e nunca foi relatado algum acidente naquele trecho, o que comprova que o lance possui mais apelo psicológico que físico.
6. , , , Conclusão:
Numa primeira análise, verifica-se que quem retirou os grampos trata-se de pessoa com conhecimento técnico para tal. Apenas em um único ponto verificou-se a necessidade ambiental de recolocação de um único grampo, o que atesta tal pericia do indivíduo. Podemos inclusive falar que a retirada dos degraus teve um caráter mais de readequar a trilha que propriamente o de impedir o acesso àquela montanha.
Sob nossos olhos, não encontramos dificuldades técnicas extremas, muito pelo contrário. Sob a ótica técnica o PP continua apresentando apenas suas dificuldades físicas naturais e que já se verificavam mesmo com as escadas anteriores.
Entendemos ainda que aos montanhistas que desejarem acampar no Abrigo 2 ou no topo da montanha, e para isso tenham que carregar muito peso para cima, tais dificuldades possivelmente serão sentidas em maior escala, o que torna, a princípio, desencorajador.
7. , ,  ,Outros problemas ambientais encontrados na região:
Encontramos em diversos pontos da trilha setas pintadas em tinta amarela nas rochas e árvores. Tal pintura não foi realizada com a aprovação dos montanhistas locais e, para piorar, ainda foram avistadas pichações com a mesma tinta amarela na região próxima ao cume do Pico Paraná, o que comprova o caráter inescrupuloso do autor.
A abertura de trilhas paralelas é um problema grave hoje na montanha. Muitos montanhistas ao verem que terão que passar por lama, utilizam-se destas trilhas laterais, o que acaba transformando vários trechos da trilha em verdadeiros campos abertos de devastação ambiental.
Outro problema visualizado é referente ao escoamento da água. Como o local onde passa a trilha acaba sendo escavada, a água encontra facilidade para escoar por ali, o que acaba transformando a trilha em uma grande valeta, apresentando em alguns pontos cerca de meio metro de desnível.
A região do cume do Pico Paraná sofre com os acampamentos constantes, sendo que em alguns pontos a vegetação ou já se perdeu definitivamente ou será de difícil recuperação. A orientação aqui é para que os montanhistas evitem acampar no topo daquela montanha ou utilizem técnicas menos degradantes, como o BIVACK.
Não foi encontrado lixo na trilha e nem restos de fogueira.
Tal opinião trata-se apenas de uma análise preliminar e não se converte em um estudo final, qual deverá passar pelo crivo de mais pessoas capacitadas e futuramente ser emitida pelo CPM.
Fotos: Atibaia (CPM)