No último final de semana (2 e 3 de Julho) foram realizadas duas buscas e salvamentos em montanhas da Serra do Mar pelos Bombeiros através do GOST (Grupo Ostensivo de Socorro Tático), uma no Pico Paraná e outra no Morro do Canal. Resgates em montanhas da Serra do Mar paranaense têm se tornado comuns e o aumento de casos preocupa.
Na primeira ocorrência, de acordo com a Assessoria de Imprensa dos Bombeiros, uma pessoa de 38 anos sofreu uma torção no joelho nas proximidades do Abrigo 2, último acampamento antes do cume do Pico Paraná e acabou sendo resgatado pelo helicóptero da Polícia Rodoviária Federal.
No segunda caso, um grupo de 11 pessoas se perdeu no Morro do Canal ainda no sábado. O Helicóptero da PRF foi acionado, mas o grupo não seguiu as recomendações dos Bombeiros de não se mover, penetraram ainda mais na mata, o que impediu a evacuação das vítimas naquele dia.
No domingo uma equipe foi mobilizada por terra para fazer as buscas, enquanto o Helicóptero tentava localizar os perdidos pelo ar. Foi necessário fazer mais um pernoite na montanha para que as vítimas fossem evacuadas por terra, fato que ocorreu somente na segunda feira.
Imprudência, Imperícia e Negligência
Estas são as três causas dos acidentes em montanhas. No entanto, chama a atenção que na maior parte dos casos impera a imperícia, ou seja, a falta de conhecimento das pessoas em fazer trilhas e a negligência, sobretudo com o estado de tempo e também sobre o preparo físico das pessoas. Estes foram os motivos que levou há menos de um mês a um resgate no Marumbi de um grupo que tentou realizar uma das travessias mais difíceis do Brasil, sob péssimas condições de tempo e sem terem experiência suficiente de se deslocar naquele tipo de terreno.
As ocorrências neste final de semana reforçam o fato de que a falta de experiência e conhecimento têm resultado em resgates. O Morro do Canal é uma das montanhas, mais fáceis da Serra do Mar, com trilha larga, bem marcada e com escadas. Não se sabe qual era o objetivo do grupo que se afastou da trilha principal e foi se perder na mata.
A falta de preparo físico dos montanhistas também preocupa. De acordo com Dilson Serigheli, proprietário da fazenda que dá acesso ao Pico Paraná, não é incomum pessoas fora de forma tentarem escalar a montanha e serem amparados por outros frequentadores do local para regressar ao começo da trilha.
A preocupação maior é sobre a segurança dos usuários. A última morte na Serra do Mar foi em 2014 quando um grupo com 2 adultos e 3 crianças, sendo que 2 delas com problemas mentais, se perderam tentando chegar no Morro do Tucum, outra montanha com pouca dificuldade. Eles se afastaram da trilha aberta e bem marcada, adentraram na mata e sem orientação começaram a descer um rio, na esperança de chegarem à BR116. O tempo estava chuvoso e uma das crianças com problemas mentais faleceu de hipotermia.
Outra preocupação é relativa as consequências de tantas ocorrências de socorro. Um resgate em montanha que requer auxilio aéreo custa caríssimo ao estado e há o medo de medidas radicais para coibir o acesso a aéreas remotos que resulte numa restrição ao montanhismo.