Em um mundo cheio de tecnologias e com pais atarefados em uma rotina cada vez mais corrida, não é difícil encontrar casos de crianças especialistas em jogos de celulares ou viciadas em séries do youtube e desenhos. Esses novos hábitos vieram para ficar e precisamos aprender a lidar. Mas nesse mês das crianças queremos lembrar os benefícios da prática de atividades outdoor para as crianças.
Uma infância saudável garante que as crianças se desenvolvam melhor. O programa Criança e Natureza apresenta diversos estudos e pesquisas que mostram que o contanto com a natureza estimula os sentidos e a criatividade, melhora o aprendizado, fortalece os vínculos sociais, aumenta o equilíbrio, a concentração e a autorregulação. Os benefícios diretos para a saúde física como a melhora da força física, da imunidade e da nutrição também estão na lista.
Qual a idade certa para começar?
Cada criança tem suas características e seu próprio tempo, mas é necessário incentiva-las para que goste das atividades na natureza. No entanto, assim como para os adultos, é importante começar com atividades mais tranquilas e ir aumentando a dificuldade das atividades gradualmente.
O pequeno João de oito meses acompanha sua mãe, a médica e montanhista Marise Cestari, desde os três meses de idade. Juntos eles já fizeram piquenique em beira de rio, várias trilhas no Parque Nacional de Itatiaia e nadaram no rio Paraná.
Marise conta que ganhou uma melhor qualidade de vida após começar a praticar o montanhismo, aos 30 anos de idade, e quer passar isso para seu filho. “Vejo que atualmente as crianças e principalmente os bebês tem pouquíssimo contato com a natureza. Estão cada vez mais em um mundo de telas, isoladas e sedentárias e isso é um fator de risco para desenvolver doenças mentais”, contou ele.
O mini montanhista João ainda não fala, mas segundo a mãe fica com um olhar de encantamento e cantarola diante das matas e cachoeiras. Marise conta ainda que seu receio é “ele crescer sem aproveitar todos os benefícios que as atividades ao ar livre podem trazer”.
Henrique com apenas dois anos e sete meses de idade também começou cedo, com 70 dias de vida. Sua mãe, a administradora Agnes Grabowski, já era escaladora antes da gravidez e decidiu levar ele junto para “o seu mundo”. No entanto ela aponta outros benefícios ao observar o filho brincando em meio à natureza.
“Um lugar onde ele pode ver, vivenciar e experimentar coisas novas, é um estímulo diferente: pegar na terra, andar descalço, sentir o cheiro, o próprio desnível do chão que ajuda a desenvolver o equilíbrio, atenção, os sons dos animais e o que encontramos no caminho (pássaros e etc). Hoje vivemos em apartamento, então ir pro mato também é uma maneira de sair do condomínio, ir pra um lugar pra brincar e se divertir”, contou.
Agnes conta que após ir “escalar” o filho fica mais calmo. “Já percebi que ele fica mais calmo estando na natureza, fica mais desperto para brincar e aproveitar o ambiente. E depois da atividade, nos dias seguintes ele normalmente está mais tranquilo”, revelou. No entanto ela disse estar sempre atenta a ele para evitar qualquer perigo possível, desde um tropeço e uma queda até aos acidentes com animais peçonhentos ou pedras caindo da parede.
Escalada, trekkings e Acampamentos
O contato com o ambiente natural desperta a curiosidade e faz com que a própria criança escolha outras atividades na natureza como escalar, nadar, caminhar, conhecer uma nova montanha ou cachoeira.
Não há idade para começar. No entanto as crianças mais velhas, a partir de oito ou nove anos, apresentam melhor preparo físico e maturidade para escalar e fazer trilhas mais longas, claro que sempre acompanhadas por um responsável. Para as crianças menores é importante uma cadeirinha com peitoral para dar mais segurança aos pequenos.
Já para o camping é uma atividade para qualquer idade, basta uma logística e equipamentos adequados para suprir as necessidades da criança como alimentação, aquecimento e segurança.
Uma boa opção é optar por parques ou locais de camping que oferecem uma estrutura de acampamento com cozinha e banheiros, isso facilitará a logística em um primeiro momento. Com o tempo, e o aumento da experiência das crianças (e dos pais) é possível realizar campings selvagens onde a criança pode colaborar com as atividades como ajudar no preparo da refeição ou na organização da barraca.