Essa é uma história que vivenciei muito tempo atrás numa vila do interior paulista. E é verdadeira: não apenas aconteceu, como sua interpretação não foi fruto de minha fantasia.
Monte Alegre do Sul é uma vila modesta, situada entre cidades turísticas de São Paulo, dessas que são frequentadas por famílias jovens com filhos barulhentos, como Amparo, Serra Negra e Águas de Lindóia.
Lá passa o Rio Camanducaia, num belo curso sombreado, largo e tranquilo. Houve uma época em que eu sempre levava no carro uma câmara de pneu, não como sobressalente, e sim para servir num eventual bóia cross.
O rio me pareceu convidativo e soube dos meninos da cidade que se prestava a uma boa flutuação. Um deles me avisou para passar à esquerda numa cachoeira que haveria logo à frente. No interior, é comum falarem cachoeira significando corredeira, e foi o que pensei.
Num belo dia de sol, entrei na água junto com minha mulher e seu sobrinho. Não se preocupem, eu vou na frente, passo pelo lado da corredeira e vocês me seguem, falei confiantemente.
Tempos depois, escutei um rugido estranho e comecei a desconfiar tratar-se de fato de uma cachoeira. Mas não me abalei, pois sabia que poderia escapar pelo lado.
Mas não conseguia lembrar-me de qual deveria ser esse lado. É claro que escolhi o errado e manobrei para a direita. Encarei a descida, conclui que sobreviveria e de fato tomei apenas um susto e um caldo.
Minha esposa capotou mas seu sobrinho simplesmente mergulhou rio adentro e não parecia querer voltar. Pronto, afogou-se, morreu!, pensei, quando ele emergiu assustado e sem fôlego, porém com vida.
O resto da descida foi bacana, fomos observados por capivaras na margem do rio e dele saímos sem grandes contusões. Mas em outras ocasiões não tive tanta sorte, até que troquei este esporte por outros mais interessantes.
O dia seguinte era um belo domingo e saí cedo para caminhar pela rua de paralelepípedos. Mas havia algo estranho, os muitos cachorros que encontrava mostravam-se esquivos, andando pelos cantos.
Sentei-me num banco para assuntar e soube que um deles dera um pulo e assustara um velhinho. Ele escorregou, bateu com a cabeça na pedra e morreu!
Agora, os cachorros eram acusados do crime. Sua sensibilidade canina os ensinava a evitar os frágeis e raivosos humanos. Por isso se desviavam de nós, como se fossem mesmo culpados. Mas, que eu saiba, nenhum deles chegou a ser condenado.
1 comentário
Blz aí? Q bom q vc enveredou-se pelos caminhos da mãe natureza. Assim, vc sente diariamente o cheiro e o gosto do orvalho q brota no cair da tarde…. Q sua trilha seja sempre luminosa. Q Deus, a Grande luz, o Princípio inteligente, o Arquiteto do Universo derrame sobre os seus passos uma dose cavalar de coragem e humildade. Q sua missão seja o amor pela natureza, pelo animais e tds os seres humanos desse planeta chamado Terra. Vamos em frente!!!