As encostas íngremes e os paredões negativos do Morro da Balança guardam calados os acontecimentos de um fim de semana frio e chuvoso que, mesmo depois de passados tantos anos, ainda desperta a curiosidade e atenção dos que ouvem a história. Aqueles paredões são as únicas testemunhas do infortúnio que precocemente tirou a vida de Oséas Gonçalves Araújo, o Black, e para sempre guardarão seu segredo.
Resultados da busca: Mãe Catira (41)
O ambiente no QG instalado na Pousada do Sr. Ibrahim andava pesado em função dos confrontos com o grupo de socorro e este infortúnio imediato provocou risadas hilariantes entre os bombeiros e demais voluntários que naquela noite dormiram sentindo-se vingados pelos desígnios do destino.
Combinamos antecipadamente fazer a travessia de Bairro Alto até a Graciosa, eu o Taylor Thomaz e o Elcio Douglas Ferreira pela trilha normal do Ferraria, mas decidimos pegar um atalho pela face dos 500 anos (crista) que já havíamos tentado antes. Sendo atalho imaginamos que teríamos que abrir mato no peito e economizaríamos algum tempo, mas este atalho teve um custo de 12 horas, pernas e roupas rasgadas.
A história do Paraná se inicia por misteriosos caminhos na selva que ainda desafiam a imaginação. Texto extraído do livro Caminhos Coloniais da Serra do Mar editado pela Natugraf em 2006, autoria de Julio Cesar Fiori, José Paulo Fagnani e José Carlos Penna Wageck.
O Caminho Colonial da Graciosa, também conhecido como Caminho dos Jesuítas ou calçadinha, liga o primeiro planalto paranaense ao litoral. Descendo a serra Graciosa, foi utilizado desde os tempos pré-coloniais pelos indígenas, que subiam ao planalto coletar pinhões. Mais tarde, foi utilizado pelos portugueses, junto com outros caminhos, como o do Itupava e do Arraial.
30 de abril de 1997- 1º dia
Eram 17:45h do dia 30 de abril de 1997, horário que eu saía de casa, e ia para a rodoferroviária, onde embarcaria às 19:00h com destino a Terra boa. Meu amigo Oséas estaria no trevo do Atuba esperando pelo ônibus, mas diferente das outras vezes, percebi que este não parou, apesar dos gestos das pessoas que o esperavam. Imaginei que deveria ser uma linha direta, e que meu amigo já tivesse ido com outro recém passado.
Adentramos então na mata, acompanhando precárias e discretas marcas na vegetação (fitas), pra em seguida escalaminhar um pequeno córrego durante um bom tempo, sempre ganhando altitude. Ate então a pernada estava bem tranqüila, mas td q é bom dura pouco já q o rio e as fitas haviam sumido faz tempo e a encosta cedeu espaço prum matagal dos infernos, repleto de bambus podres, cipós espinhentos e nuvens de pernilongos! Bussola na mão e mato no peito, avançamos montanha acima resolutos a alcançar o tal colo da montanha. Mas logo percebemos q havíamos desviado pra esquerda alem da conta, pois agora escalaminhavamos uma encosta quase vertical em meio a bromélias gigantes e mto chão-falso, onde raízes aéreas forradas de folhas formavam verdadeiras armadilhas pra gente! Dito e feito, o GPS do Mamute indicava q estávamos quase no cume do Tangará! Percebido o equivoco, bastou apenas desviar abruptamente pra direita, na diagonal, e descer ate encontrar o tal selado! E lá fomos nos rasgando novamente mato com no peito, onde felizmente a chuva já havia cessado a um tempo e as frestas no arvoredo possibilitaram avistar perfeitamente o Ciririca e o Agudo de novos ângulos.
Quatro rapazes foram resgatados na madrugada desta segunda-feira (20) na Serra do Mar, pelo Corpo de Bombeiros de Morretes, após terem ficado mais de sete horas perdidos na mata.
De dentro do ônibus lotado, vimos a serra ficar para trás, com seus cumes encobertos pelas nuvens. A travessia até a Graciosa tinha, pela terceira vez, morrido no Ciririca. Apesar disso, eu estava tremendamente satisfeito por ter feito algo que poucos já realizaram: ir de Bairro Alto até a Fazenda Bolinha, esticando até o Ciririca, num total de nove montanhas diferentes!
Relato sobre a travessia Ciririca-Graciosa de 29/30 de Abril e exploração de parte das encostas deste trecho da serra em 14 de Junho de 2001, segunda parte.
Texto de Julio Cesar Fiori.