Para marcar a data, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello, inauguram, na manhã desse dia, na sede do parque, em Teresópolis, duas exposições interativas e uma série de obras de melhoria da infraestrutura da unidade.
Entre as melhorias, estão os novos centros de visitantes de Teresópolis e Petrópolis, a nova sinalização bilíngue, a trilha suspensa com 1.300m de percurso em meio à copa das árvores, com bela visão das cachoeiras e montanhas, e o novo abrigo de montanha do Açu, um chalé para 30 pessoas com cozinha e banho quente a 2.100 metros de altitude no meio da travessia Petrópolis-Teresópolis, considerada a trilha mais bonita do Brasil.
O abrigo é semelhante ao da Pedra do Sino e vai reduzir os impactos do acampamento na parte mais alta da montanha. Com isso, as pessoas poderão fazer a travessia Petrópolis-Teresópolis sem as pesadas mochilas cargueiras, evitando as barracas, fogareiros e panelas.
PISCINA NATURAL
Além disso, foram restaurados a piscina natural e o casarão histórico que abriga o Museu Von Martius, em Guapimirim, revitalizados os banheiros para visitantes, as áreas de camping e as vias internas, e construídos novos espaços para a administração, como escritórios e garagens.
Em todas essas obras foram levados em conta aspectos ambientais, como a substituição de materiais nocivos à saúde, como o amianto, por outros não poluentes, e a utilização de energias solar e eólica no abrigo de montanha, além da implantação do sistema biológico de tratamento de efluentes.
O atendimento ao visitante também foi modernizado com contratação de guias bilíngues e a implantação do sistema de reservas pela internet chamado de Parnaso online. O novo sistema é semelhante ao da Trilha Inca de Macchú Picchú e permite que se façam reservas, pagamento antecipado por meio de cartão de crédito/débito para as trilhas de montanha e preenchimento do termo de conhecimento de riscos.
Todas essas melhorias na infraestrutura do parque são resultado de investimentos do Programa Turismo nos Parques, parceria dos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo, e de recursos orçamentários do ICMBio e da compensação ambiental.
O PARQUE
Administrado pelo Instituto Chico Mendes, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos foi criado em 30 de novembro de 1939. No ano passado, teve a sua área ampliada para 20.030 hectares. É caracterizado por topografia acidentada e por grandes desníveis, com altitudes que variam de 100 metros a 2.263 metros, que é o seu ponto culminante, a Pedra do Sino.
O parque ocupa área dos municípios de Guapimirim, Petrópolis e Teresópolis na parte das mais altas montanhas da Serra do Mar, formada em épocas geológicas de milhões de anos atrás. As rochas sofreram na região movimentos mais recentes, o que resultou no imenso paredão que acompanha a planície costeira em direção ao Rio de Janeiro.
Nesse paredão, bem no alto, encontra-se o Dedo de Deus, bloco rochoso de 1.692 metros em forma de uma mão fechada com o indicador erguido, onde em dias claros se pode avistar a cidade do Rio de Janeiro. Outros monumentos geológicos importantes são o Garrafão, com 1.980 metros, a Pedra da Cruz, com 2.130 metros, São Pedro, com 2.234 metros, São João, com 2.100 metros, e Cara de Cão, com 2.180 metros. O Dedo de Deus é o símbolo do montanhismo brasileiro e também do Estado do Rio de Janeiro.
Cortado por notável rede hidrográfica, representada pelos rios Paquequer, Beija-Flor, Soberbo, Iconha, Bananal, Santo Aleixo, Itamarati, Bonfim e Jacó, o solo do parque deu origem à densa floresta, com diversos ambientes. Na vegetação secundária, predominam as palmeiras, e, em altitudes até 500 metros, há a ocorrência de palmito, pindobinhas, xaxim e, particularmente, embaúba.
Entre altitudes de 100 e 1.500 metros, a chamada floresta montana, a vegetação atinge até 40 metros. Lá, são encontradas espécies como o baguaçu, jequitibá, canelas e canela-santa, muito admirada por suas floradas amarelas. Já acima de 2.000 metros, a vegetação é representada principalmente por gramineas e espécies que crescem sobre os rochedos.
A fauna é rica e diversificada. São 462 espécies de aves, a maior riqueza registrada na Mata Atlântica, 82 espécies de mamíferos, 83 de répteis e 102 anfíbios. Nada menos que 130 espécies ameaçadas são protegidas pelo unidade de conservação.
Entre os mamíferos destacam-se o muriqui (Brachyteles arachnoides), maior primata das Américas, e grandes predadores carnívoros, como o puma, ameaçado de extinção. Em 2008 pesquisadores encontraram rastros da onça pintada (Panthera onca), considerada extinta na região. Entre as aves ameaçadas estão a jacutinga e o tietê-de-coroa, ave endêmica da Serra dos Órgãos. Também podem ser vistos os araçaris, formando bonito contraste com a vegetação.
Além da beleza e da importância da conservação de suas espécies, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos é um local ideal para lazer e turismo ecológico. Durante ao ano, recebe milhares de visitantes. É considerado um dos melhores locais do país para a prática de esportes de montanha, como escalada, caminhada, rapel e outros. A travessia Petrópolis-Teresópolis, com 30 km de caminhada pesada pelo alto das montanhas, foi eleita pelos montanhistas a caminhada de longo curso mais bonita do Brasil. (ABN)