O Parque Estadual do Grajaú, situado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, abrange opções de lazer para todos os tipos de pessoas e idades. Dentro de seus limites, pode-se tomar banho de cachoeira, fazer um piquenique com a família ao lado de um parque infantil e com vista para um pico com 455m de altitude, que pode ser alcançado tanto caminhando quanto escalando. O local tem uma grande vocação para a escalada, tendo ali sido aberto o primeiro Boulder de 9ª grau do Brasil pelo lendário escalador Paulo Macaco.
O bem equipado parque infantil é muito procurado por famílias que tem por hábito fazer picnics em meios a um ambiente que conta com mesas, bancos e banheiros. É também uma área onde frequentemente tem grupos praticando slakline, capoeira e pole dance. É oportuno registrar que a atual administração faz um trabalho exemplar na manutenção de todo o espaço, sendo nesse sentido, um local cada vez mais estruturado e agradável de frequentar.
Por uma rápida trilha, que é muito frequentada inclusive por famílias com crianças chega-se a base do Pico do Perdido, que devido a sua forma de pirâmide, sem dúvida uma é uma das mais belas formações rochosas da cidade do Rio de Janeiro. Na base desse maciço existe uma grande canaleta de drenagem, que serve de acesso para as vias de escalada, além de uma das trilhas que leva ao cume e também um mirante.
Nas imponentes paredes de rocha nua existem diversas escaladas que variam do 3º ao 7º, sendo as maiores vias com até 300m. Do cume pode se avistar os bairros do Grajau, Andaraí, Vila Isabel, Centro do Rio, Baia de Guanabara, Niterói e a Serra dos Órgãos no horizonte.
Na base da encosta, e por uma ampla área, ocorrem um dos mais expressivos depósitos de blocos rochosos da cidade, onde naturalmente a pratica de Boulder se consolidou. Alguns desses blocos são tão grandes que comportam vias esportivas. A base de alguns setores é cimentada, sendo este parte integrante de uma grande intervenção de engenharia que foi necessária por se tratar de uma área de alta suscetibilidade a escorregamentos e rolamentos de blocos. É um excelente exemplo de como uma área de baixa aptidão a urbanização foi bem aproveitada para fins recreativos.
Prova de que o local é suscetível a esses processos foi o que se pode chamar de ”a morte do Legalize”, nome de um dos melhores e mais clássicos blocos de Boulder que simplesmente afundou durante uma grande evento chuvoso nos últimos anos. As agarras que ficavam a metros de altura agora se encontram na base…
No passado, antes da instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em algumas comunidades próximas ao Parque, era muito perigoso caminhar pelas trilhas ou ate mesmo culminar o Pico do Perdido sob risco de encontros com bandidos armados de fuzis. Não foram poucos os que tiveram essa desagradável experiência.
Nos últimos anos a paz voltou a reinar, sendo possível encontrar frequentadores em todos os dias da semana, e grupos de pessoas redescobriram a trilha que leva ao pico, sendo comum dezenas de ascensões em um final de semana. Sem falar na cachoeira que fica em um rio que corre paralelo a primeira metade da trilha. Até vias foram novamente conquistadas.
A volta da criminalidade
Toda essa paz começou a acabar no dia 1/04/2015. Um montanhista local foi surpreendido próximo ao cume, sendo assaltado por 4 homens, sendo dois armados. Levaram todos os seus pertences de valor. Dois dias depois mais uma ocorrência, outra vitima foi abordada na trilha que vai para o Pico, próxima ao setor da cachoeira, novamente por homens armados que levaram seus pertences.
Dia 19/04, por volta das 15:00hrs um grupo de 11 montanhistas foi novamente surpreendido nessa mesma trilha, tendo ficado por volta de uma hora em cárcere privado enquanto sofriam constrangimentos e eram minuciosamente revistados. Mais uma vez, três homens armados e inúmeros pertences levados, inclusive vários equipamentos de escalada.
Após uma semana de folga, os bandidos voltaram a atacar no ultimo dia 02/05, só que dessa vez, na trilha que leva a base das vias e ao mirante. Essa trilha fica próxima a portaria e sede administrativa do parque. No momento do assalto, o parque estava lotado de famílias e crianças.
Em 5 semanas foram 4 assaltos com características semelhantes, sendo o ultimo muito próximo a área frequentada pelas famílias. Tal fato já mudou a rotina de seus frequentadores, que já estão pensando duas vezes antes de fazer a trilha ou escalada no Pico do Perdido.
Infelizmente não são casos isolados, pois nos últimos dois meses foram registrados ao menos outros 4 assaltos nas trilhas da famosa Floresta da Tijuca, que em um determinado trecho faz limites com Parque Estadual do Grajaú.
O problema dos assaltos é cada vez mais recorrente nas principais trilhas da cidade, e estamos longe de chegar a uma solução para esse grave problema. O ‘’Graja’’, como é carinhosamente chamado pelos montanhistas locais, está precisando urgentemente da atenção das autoridades, antes que uma vida seja perdida.
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