Particular Adversário

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Certa vez me perguntaram por que eu gostava tanto de subir montanhas.
Por alguns segundos fiquei imóvel, como que surpreendido pela pergunta.


Fiquei pensando no sentimento de alegria e satisfação ao chegar ao cume, e no gosto amargo de retornar sem tê-lo alcançado.

Pensei também em como eu era impulsionado pela busca de novos desafios em montanhas mais difíceis, em caminhos desconhecidos. Lembrei-me das pessoas de diferentes lugares que conheci, e do clima de amizade e solidariedade que impera entre os montanhistas.

Fechei os olhos e quase pude ver as maravilhosas paisagens em que estive, ou sentir o vento soprando e dificultando minha progressão, ou vislumbrar a lua cheia surgindo por detrás da montanha como um gigantesco farol iluminando o acampamento.

Recordei-me do sentimento de estar completamente integrado a natureza e da certeza pessoal que maravilhas como estas somente poderiam ter sido criadas, ou melhor, esculpidas por Deus.

 

– Hei Márcio! Você não vai me responder?

 

Dei um sorriso, e respondi à pergunta com um trecho do conto Los Gigantes de Pedro Miguel Noto, o qual transcrevi fielmente abaixo.

 

 

Particular Adversario

 

Explicar por qué vamos a las cumbres es difícil. Es algo que se lleva en la sangre, una especial sed de aventura, de esfuerzo, que no se comprende si no haciéndolo. Un desafío personal, y de amigos, ya que casi nunca se va solo a un adversario inanimado pero más poderoso. Adversario, pero que lucha junto a nosotros y con el que una vez vencido se comparte el triunfo, ya que en realidad lo derrotado es nuestra comodidad, nuestra mediocridad, el miedo.

Pedro Miguel Noto

Fragmento del cuento Los Gigantes

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