Falar do porque que os patrocinadores sumiram é difícil. Especialmente para mim, que estou fora das organizações de evento, e não trabalho com marketing. Todos os conhecimentos que tenho é baseado em “achismos”. “Achismos” e uma vivência intensa com a escalada esportiva e o ambiente que a cerca. Sinto e vejo o que todo público vê.
Entretanto é impossível deixar de notar que, pelo menos aqui no estado de São Paulo, onde teoricamente haveria muitas empresas interessadas em divulgação da marca associado ao esporte. Isso tudo levando em conta a tão falada “Crise Mundial” que em muitos momentos se parece mais como uma boa desculpa para demitir pessoas, e se omitir da sociedade.
Pude notar que houve um grande volume de votos em representatividade mínima da comunidade escaladora. O que, na minha opinião, é muito mais um sofisma do que uma realidade propriamente dita. Há sim, em termos de vendas e retornos aos patrocinadores, resultados pífios e ridículos se comparados com o investimento necessário para qualquer equipamento. É inegável.
No último final de semana havia, somente na Pedra da Divisa (São Bento do Sapucaí – SP), no feriado de sexta-feira pelo menos 70 escaladores. Um recorde de pessoas. Porém observando o que usavam, vestiam e falavam pude notar uma certa característica dos escaladores. Nenhum se preocupa em comprar produtos que apoiam a escalada nacional. A maioria esmagadora encomendam equipamentos do estrangeiro, e praticamente NINGUÉM era filiado a algum clube de escalada, nem fazia parte da Federação de Escalada de seu estado. Para uma empresa, que tem de investir e calcular o retorno, estas pessoas não existem. Porque apoiar a escalada nacional se os próprios escaladores são hoje um bando de indivíduos dividindo o mesmo espaço. Não são organizados, não valorizam os atletas (com exceção dos falsos tapinha nas costas) e não RECONHECEM que uma marca patrocina e apoia escaladores de destaque.
Somente para ilustrar, as marcas que apoiam escaladores, e deveriam ter um crédito a mais por isso são: Solo, Snake, Deuter, Equinox, Conquista, Zen, 90° Graus, Agarras Gringa e cordas Beal.
Peço desculpas se esqueci alguma.
Não conto como apoio também empresas que mantém relações promíscua com associações que apenas existem no papel e internet. Escaladores e eventos de escaladores é que devem ser o foco de patrocínio e apoio. Nunca associações.
Sei que a ausência de escaladores em campeonatos é puramente também um reflexo natural de dois aspectos : formato de campeonatos que são de custo benefício baixo(em outras palavras são caros) e má imagem dos organizadores com todos (escaladores, marcas, público e mídia) por motivos que estenderia este texto muito mais que o necessário.
Hoje é visível que há campeonatos recheados de apoio de todos os tipos em estados que anteriormente não havia expressão, nem competições. Este tipo de acontecimento somente evidencia que há publico sim para isso, e há a possibilidade de se divulgar o esporte.
Possivelmente a necessidade de se renovar tanto a mentalidade quanto as pessoas que queiram organizar (e queiram pelo esporte não pelo lucro).
A intenção de se elitizar o esporte (seja por preço de academias, seja por “regras cruéis” com novatos) já espanta naturalmente quem entra no esporte. Esporte que é difícil praticar, e que demanda muita força de vontade e treinamento. Não é um esporte de pessoas acostumadas e criadas no sistema “pera com leite e ovomaltino”. Sugar um lucro gigantesco de qualquer escalador, ou interessado em apoiar é evidente que é uma atitude igual a dar um tiro no próprio pé. Se o preço é absurdo de um equipamento qualquer um vai comprar de onde é mais barato. A internet facilita hoje saber o quanto o lojista está esfolando o cliente. Empresa que não respeita cliente fica sem vender.
Já escrevi milhões de vezes, e sempre vou escrever: Não sou o dono da verdade e nem quero ser. Já tive a infelicidade de conviver com algumas pessoas que se achavam assim, e não é agradável nem para o esporte nem para que os cerca. Mas acredito que a situação atual é reflexo de um comportamento que atrapalha até mesmo o esporte que quem pratica e gosta. Saliento que não defendi, nem ataquei, nenhum lado no mundo da escalada.
Acredito profundamente que todos são culpados, e ao mesmo tempo vítimas, de um comportamento auto-sabotador. Propor solução seria muita hipocrisia de minha parte.
Se todos estiverem o tempo todo jogando contra o esporte, por qualquer motivo que seja, cada vez mais teremos que gastar dinheiro com rifas e calendários para apoioar atletas nacionais. Há a profunda necessidade de todos se ajudarem sem querer lucrar em cima da ajuda. Seja esta parte academias, lojas, atletas, escaladores e fabricantes.