Placa em homenagem a Mozart Catão desaparece do Cemitério dos Andinistas

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O montanhista Pedro Hauck teve uma triste surpresa ao visitar o Cemitério dos Andinistas, antes do início de sua expedição ao Aconcágua, em 19/01. Ele constatou que a placa que homenageava o também montanhista brasileiro Mozart Catão, falecido na montanha mais alta das Américas em 1989, não está mais no local.

A placa em homenagem ao montanhista brasileiro.

Pedro Hauck visitando o local onde ficava a placa. Foto: Pedro Hauck.

A suspeita é que a placa tenha sido furtada para ser derretida, já que é feita de bronze. Placas que homenageavam outros montanhistas icônicos, também falecidos no Aconcágua, como Juan Stepanek, conquistador do Cerro Plata, também não foram localizadas por Hauck.

A placa em homenagem a Mozart Catão foi criada por sua família, com os seguintes dizeres: “Deus o deixou repousar na montanha, tendo consigo a bandeira congelada de sua pátria. Você e suas conquistas estarão para sempre em nossos corações. Toda nossa admiração e saudade.”

Em relato a Marcelo Medeiros, do Diário de Teresópolis, Marco Catão, irmão de Mozart, expressou o choque da família com a notícia e falou sobre a possibilidade de uma nova homenagem. “Nossa família ficou chocada, muito triste com esse acontecimento. Vamos tentar providenciar uma nova placa para o local, pois essa homenagem tinha grande importância para nossa família, pelo que Mozart representou para o nosso país e, principalmente, para nós. Um lado positivo nessa história é que recebemos mensagens de muitos amigos se oferecendo para levar e instalar uma nova placa nesse local. Não é uma missão fácil, pois é preciso ir para a Argentina, mas muitos estão nos dando essa força”, afirmou.

Local onde ficava a homenagem a Stepanek. Foto: Pedro Hauck.

 

Mozart Catão

Natural de Teresópolis, o montanhista brasileiro Mozart Catão era apaixonado pelas montanhas e entrou para a história do montanhismo brasileiro ao fazer parte da primeira equipe do país a chegar ao topo do Everest, em 1995. Além disso, ele possuía diversos feitos em seu currículo como a escalada solo no Mont Blanc, ascensão do Aconcágua, Kilimanjaro,  Denali e Vinson.

Mozart faleceu em 1989 no Aconcágua, aos 35 anos, após ser arrastado por uma avalanche. Seu corpo nunca foi encontrado, e a homenagem a ele no Cemitério dos Andinistas representava um consolo para a família. Na mesma data da morte de Mozart, também faleceram seus companheiros de equipe: Alexandre Oliveira, 24, e Othon Leonardos, 23. Ambos permanecem na parede sul do Aconcágua até hoje devido à grande dificuldade de remover seus corpos.

Mozart Catão no Cume do Everest.

O Cemitério dos Andinistas

O Cemitério dos Andinistas está localizado em Puente del Inca, a poucos quilômetros da entrada do Parque do Aconcágua, na Argentina. Este espaço simbólico, em meio às montanhas, é um local de homenagem a montanhistas que faleceram durante expedições na cordilheira dos Andes, especialmente no Aconcágua, a montanha mais alta das Américas.

Originalmente, o cemitério foi criado para receber os corpos dos trabalhadores mortos durante a construção da ferrovia que liga Mendoza a Santiago, no século XIX. Contudo, ao longo do tempo, o local passou a ser um memorial dedicado aos alpinistas que perderam a vida nas montanhas da região, especialmente no Aconcágua.

Hoje, o Cemitério dos Andinistas é um lugar de reflexão para os montanhistas, e abriga o memorial de diversas figuras conhecidas do montanhismo. Entre os homenageados estão Juan Stepanek, o conquistador do Cerro Plata, que foi a primeira vítima fatal no Aconcágua, em 1926, e que teve uma montanha em sua homenagem. Outras personalidades também repousam no local, como Adriana Bance e seu marido George Link, que morreram em 1944 (Adriana foi a primeira mulher a falecer no Aconcágua), além de Mariano Galvan, Janet Johnson e Josenildo, entre outros. Muitos desses montanhistas, que marcaram a história das expedições ao Aconcágua, foram temas de vídeos e documentários no Canal AltaMontanha.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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