Por que a previsão de tempo erra tanto no verão? Vamos usar o Rio de Janeiro como exemplo. O carioca que segue a previsão do tempo anda decepcionado. Nos 27 primeiros dias do ano, os principais institutos de meteorologia previram 13 com sol e pancadas de chuva na Região Metropolitana do Rio. Mas em apenas quatro deles caiu alguma gota do céu. As estatísticas são feitas a partir de dados da estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), na Praça Mauá, no Centro da capital.
Além de a chuva ser uma presença rara, São Pedro anda econômico. Até agora, o índice pluviométrico está 84,5% abaixo da média histórica para janeiro.
Os meteorologistas se defendem. Segundo Michele Fernandes, do Climatempo, as pancadas de chuva podem ter caído longe do Centro do Rio.
— Às vezes, temos chuvas em outras regiões da cidade, mas não contabilizamos porque elas caem distante da área dos registros oficiais — destaca. — Em algum lugar, nossa previsão deu certo.
Meteorologista do Inmet, Lúcio de Souza explica que o termo “pancadas de chuva isoladas” significa que elas vão cair em algum ponto — embora não se saiba exatamente aonde:
— Eu moro no Recreio e trabalho na Praça Mauá. No Centro, está tudo seco, mas tem chovido perto de Jacarepaguá, na Vila Militar e em alguns bairros da Zona Norte.
Fábio Rocha, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTec/Inpe), concorda:
— Em uma mesma cidade, pode chover em um bairro, mas não em outro. São precipitações localizadas. Não quer dizer que o instituto errou.
Os metereologistas estão certos. No verão é comum termos as chuvas de convecção, que comumente chamamos de chuva de verão. Estas chuvas são provocadas pela intensa evapotranspiração de superfícies úmidas e aquecidas (como florestas, cidades e oceanos tropicais). O ar ascende em parcelas de ar que se resfriam de forma praticamente adiabática (sem trocar calor com o meio exterior) durante sua ascensão.
Precipitação convectiva é comum no verão brasileiro, na Floresta Amazônica e na Região Centro-Oeste. Na região Sudeste, particularmente sobre a Região Metropolitana de São Paulo e sobre a Região Metropolitana do Rio de Janeiro também ocorrem tempestades convectivas associadas a entrada de brisa marítima ao final da tarde com graves consequências sobre as centenas de áreas de risco ambiental.
Por conta destas chuvas serem localizadas, é difícil dizer onde elas vão cair. Se alguém costuma ver as previsões mais genéricas, chance de ter uma chuva desta é muito grande e por isso, nesta época do ano, as previsões são sempre de chuva, embora elas podem não ocorrer onde você está.
Para saber se a previsão de chuva é de uma chuva convectiva, basta observar se no período da manhã a previsão diz que o tempo estará claro. Se estiver então, desta forma e nas tardes não, então é certeza que ocorrerá este fenômeno climático.
Do contrário, também existem as chuvas provocadas pelas entradas de frentes, que são chuvas mais prolongadas. Com elas, a certeza agua cair do céu é absoluta, até porque os radares detectam as frentes e é possível saber quando elas chegam.
Neste caso, as mudanças de tempo ocorrem numa escala maior e com maior abrangência. Então anotem a previsão do trio: uma frente fria chegará à cidade amanhã e pode ocasionar pancadas de chuva durante todo o fim de semana.
Quem gosta de montanha e depende de previsões não desanime. Existe uma previsão do tempo mais especializada com prognósticos das principais montanhas do Brasil, o site Mountain Weather Forecast. Neste site, é possível ver não somente a precipitação do local, como também a força do vento sua direção e temperatura e assim saber distinguir quando uma chuva é originária de uma convecção ou de uma frente.
:: Previsão do tempo pelo Mountain Weather Forecast