Porque o voo livre é fascinante e viciante

0

Minhas duas últimas oportunidades de voar retratam bem o porque do voo livre ser uma atividade tão fascinante e surpreendente mesmo para um piloto com alguns anos de experiência.

No dia 10/08/14, Hilton Benke? e Rafael Teixeira da Silva e Jéferson (este último apenas com o intuito de caminhar)? fomos ao Morro do Caratuva na Serra do Mar Paranaense, segunda maior montanha do sul do Brasil e encaramos uma forte caminhada com nossos parapentes nas costas. Após muito esperarmos, apenas meu xará acabou voando na janela de alguns poucos segundos em que o vento forte deu uma trégua permitindo sua decolagem.

Era a noite da “super lua cheia” e como aguardamos até o sol se por na esperança de poder descer a montanha voando, tivemos como consolo ver a lua nascendo atrás do Pico Paraná. Eu e Hilton descemos a montanha de uma certa forma frustrados, mas mesmo assim felizes por tomarmos a decisão correta para nossa segurança e por desfrutarmos da caminhada e visual daquela montanha sob a iluminação da bela lua.

Durante a caminhada de volta, tive uma grande idéia, pensei comigo: “o vento está forte porque estamos a dois dias da chegada de uma nova frente fria, a lua está cheiona, o céu está limpo e precisamos de um voo legal para nos dar uma moral”, conclusão: Vamos fazer um voo noturno sob lua cheia!!!

Este é um voo que desde que comecei no parapente sempre quis fazer, pois como mencionado anteriormente, alguns fatores devem estar alinhados: lua cheia, noite, vento bom e alinhado, céu claro, local de pouso amplo… Isso tudo é algo muito raro de coincidir, principalmente em Curitiba e região onde o clima não tem uma boa fama…

No dia seguinte já agitei o Hilton Benke e o Marcos Mancinni que trataram de fazer seus contatos espalhando a idéia entre os integrantes do Clube de voo do Morro do Cal, clube este aliás está de parabéns pela estrutura que foi montada e pela camaradagem que existe entre seus sócios. Com certeza é um daqueles clubes que vale a pena se associar, pois você vê retorno da anuidade que se paga.

Mas voltando ao plano do voo da lua cheia, eu e Hilton saímos as 15:00 h de Curitiba em direção ao Morro do Cal em Campo Largo, antes pegamos a Raquel Canale que faria umas fotos para nós. Chegamos no pouso umas 17:00 e sem perder tempo fomos para a rampa. Como o vento já estava fraco, fizemos 3 voinhos só pra brincar até o por do sol, sendo que no último o vento já tinha melhorado um pouco.

Aguardamos então ansiosamente o nascer da lua cheia, enquanto isso chegavam mais voadores dispostos a não perder esta rara oportunidade. No pouso o vento estava quase zerado, mas quando soprava vinha do outro lado da montanha, até aí tudo bem, pois o Morro do Cal Permite a decolagem em quase todas as direções, porém teríamos que contornar a montanha o que torna o voo um pouco mais tenso, sobretudo a noite. Esperamos até umas 21:30 quando a luva ficou bem alta iluminando bem a montanha e o pouso. Todos a bordo do trator e da carretinha e bora subir o morro!

Chegando no alto nos surpreendemos positivamente com o vento que estava soprando do noroeste com uma intensidade moderada a forte, o que nos deixou radiantes, pois além de voarmos a noite, poderíamos nos “sustentar” no lift que é o voo em frente à montanha, permitindo curtirmos mais aquele momento. Chegamos na rampa e como meu equipamento já estava aberto, fui o primeiro a me prontificar a voar. Chequei tudo, puxei a vela para a cabeça e decolei em direção à noite.

Durante o voo sentia um mix de sensações, felicidade em realizar um voo noturno, atenção para não bater na montanha e concentração para aproveitar o máximo possível. Fiquei ali voando por um tempo até que o próximo piloto estivesse pronto para decolar e então fui para o pouso, que ocorreu tranqüilamente sob a luz da bela lua cheia. Depois de mim, outros 6 corajosos e animados pilotos decolaram, todos podendo desfrutar do lift e pousando tranqüilamente, comemorando muito a realização de um sonho.

O voo livre é assim, um dia você fica frustrado por não ter conseguido voar e no outro ele te proporciona um momento mágico e inesquecível.

Para quem quiser começar no mundo do voo livre recomendo:

Em Curitiba: Escola Vento Norte – http://www.voeventonorte.com.br

Em São Paulo: Escola Fly Limit – http://www.flylimit.com.br

Compartilhar

Sobre o autor

Rafael Wojcik, escalador com mais de 18 anos de experiência no mundo do montanhismo atuando não somente como praticante, mas também em empresas de varejo, importação e distribuição de equipamentos para montanhismo como consultor técnico nas áreas esportiva e profissional durante cerca de 10 anos, o que lhe proporcionou um amplo acesso as mais atuais informações técnicas fornecidas diretamente por tradicionais fabricantes de equipamentos. Rafael já contribuiu para o montanhismo abrindo maisde uma centena de rotas de escalada, inclusive com até 1.000 metros de altura em diferentes regiões do Brasil. Também dedica-se a prática de parapente com ênfase no voo em montanhas onde o acesso é possível apenas caminhando.

Comments are closed.