A expedição portuguesa irá tentar escalar em Janeiro o cume do Aconcágua, com cerca de sete mil metros. Caso o consigam, serão os primeiros diabéticos, a nível mundial, a registrar o feito.
Os montanhistas diabéticos começaram na semana passada o treino na serra espanhola, montando um acampamento acima dos dois mil metros de altitude, com temperaturas que atingiram os 15 graus negativos e ventos de velocidade superior a 100 quilômetros por hora.
A organizadora da expedição e médica especialista em endocrinologia, Sílvia Saraiva, pretende provar que «a diabetes não é uma doença limitativa», já que os doentes «podem fazer tudo, desde que sejam devidamente acompanhados».
Durante o treino de alta montanha, a que a Lusa assistiu, os diabéticos carregaram mantimentos, tendas e material de montanha para permanecerem em autonomia a temperaturas negativas e em condições adversas, além dos aparelhos médicos e das insulinas necessárias à sua sobrevivência.
A ascensão ao local do acampamento, na Lagoa Grande de Gredos a mais de dois mil metros de altitude, levou cerca de cinco horas de caminhada, com as mochilas às costas carregadas de equipamentos e mantimentos para o grupo.
O acampamento base foi instalado sobre uma placa de neve e de gelo, acima do refúgio de Montanha Elola, que, entretanto foi evacuado segunda-feira pelas autoridades do Parque Natural da Serra de Gredos, devido ao mau tempo registrado, em que todos os montanhistas foram obrigados a descer.
O grupo é composto por três doentes diabéticos de tipo um (dependentes de insulina), a médica e um jornalista, um número que não pode aumentar «devido ao elevado grau de dificuldade» da escalada, explicou Sílvia Saraiva.
A expedição portuguesa irá tentar «atacar o cume» do Aconcágua pelo «segundo caminho mais difícil, a Rota dos Polacos Transversal», exigindo cerca de 17 dias de ascensão, com paragens para climatização e descanso, explicou Frederico Teixeira, um dos participantes.
Dois laboratórios farmacêuticos disponibilizaram tecnologia de topo à expedição – fornecendo equipamentos ainda não comercializados – para que os diabéticos possam permanecer acima dos cinco mil metros mantendo a monitorização, e permitindo as injeções de insulina sem congelar, explicou ainda Sílvia Saraiva.
O que motiva Paulo Carrilho para a escalada é o desafio da montanha e a prova dos seus limites, podendo ser capaz de chegar lá como os outros, apesar de ser diabético, que precisa de insulina.
Por seu lado Carlos Neves, outro dos participantes, o desafio da alta montanha é o expoente máximo da dificuldade, se um diabético consegue qualquer outro pode fazer o mesmo.
Diário Digital / Lusa
Para saber mais: Aconcágua, Senhor das Américas