A Groenlândia continua sendo um dos destinos favoritos para o alpinismo de exploração. Embora suas montanhas não ofereçam grandes alturas, seu relevo acidentado e suas condições árticas oferecem um campo para explorações alpinas quase sem fim. Na península de Liverpool Land, situada na parte oriental da enorme ilha do Atlântico Norte, as australianas Natasha Sebire e Gemma Woldendorp estão realizando várias primeiras ascensões com primeiras descidas de parapente.
As duas alpinistas voaram até o aeroporto Nerlerit Inaat, de Sermersooq, para depois percorrer 65 km em direção norte em trenós puxados por cachorros. Este meio de transporte as levou a cruzar o mar gelado até o inicio de um glaciar, onde auxiliadas por esquis levaram 160 kg de alimento e material até o campo base situado a 500 m de altura.
Durante as duas semanas que permaneceram no campo base, Sebire e Woldendorp desfrutaram de um tempo fantástico e ventos amenos, podendo, assim, aproveitar ao máximo a estadia. No todo, realizam sete primeiras ascensões, quatro das quais desceram de parapente.
Elevações suaves
As ascensões ofereceram cenários tremendamente variados, desde simples caminhadas, a travesias com esquis, e até vias mistas de neve e rocha. O maior pico que subiram, batizado como Mt. Mighty (1.001 m), as permitiu abrir uma grande aresta de neve e rocha, que as conduziu até uma dura “pala” de neve de 55º que levava até o cume. Dali, puderam saltar pela outra vertente, que oferecia um terreno mais vertical.
Natasha Sebire e Gemma Woldendorp subiram em duas ocasiões o denominado Castle Peak (744 m), uma através de una aresta mista e a outra por uma rota mais fácil. As duas vezes tiveram a oportunidade de se lançarem de parapente desde o cume. Em um desses voos, localizaram uma parede de rocha virgem, que representaria o maio desafio técnico da expedição.
Foi para lá que foram em seguida. Aproveitando as horas mais quentes do dia (registraram temperaturas entre -28ºC e -2ºC), colocaram os grampões e começaram a subir uma muralha que se mostrou ser mais alto, duro e vertical que o previsto, fazendo com que dessem meia-volta.
Um precedente
Segundo informou o “British Mountaineering Council”, os morros da referida região de Liverpool Land haviam sido explorados já em 2007 pelo britânico Jim Gregson, que então informou já ter realizado oito primeiras ascensões em cumes de mais de 770m no lugar. No entanto, confirmou que havia muito potencial de cumes virgens na área, alguns, inclusive, que poderiam ter rotas com grande dificuldade técnica de subida.