TRAGÉDIA NO NANGA PARBAT
O Nanga Parbat tem fama de ser uma das montanhas mais ceifadoras de vidas do planeta, tendo sepultado os sonhos de 80 alpinistas ao longo dos tempos, incluindo as terríveis tragédias de 1937 (16 mortos) e 1984 (4 mortos).
Em 2017, a carismática dupla Alberto Zerain (ESP) e Mariano Galvan (ARG) buscava a primeira repetição da rota completa sobre a gigantesca Aresta Mazeno da montanha, de dez quilômetros de extensão e 6.500 metros de ganho de altitude, conquistada pela primeira vez em 2012, por Sandy Allan e Rick Allen, após inúmeras tentativas frustradas.
Partiram no dia 22 de junho, com o mundo todo acompanhando os passos da dupla via tracker. No dia 24, contudo, após atingirem o início da aresta, o equipamento mostrou descida inesperada dos 6.250m para os 6.112m, onde parou de funcionar.
Não era uma rota lógica a que o aparelho mostrava, e todos ficaram preocupados, preocupação que só aumentou nos dias seguintes pela falta de comunicação dos dois alpinistas com a equipe no campo-base.
Buscas por helicóptero, com a ajuda do experiente alpinista Alex Gavan, fizeram todos perderem as esperanças. A última posição do tracker era onde o desprendimento de uma enorme placa de gelo acabou gerando uma avalanche fatal.
Aparentemente, pelos detalhes mostrados nas fotos do resgate, Mariano e Alberto optaram por não culminar o primeiro Pico Mazeno (há sete cumes ao longo da aresta) e atravessá-lo pelo Flanco Rupal onde, inadvertidamente, acabaram provocando o deslocamento de instável bloco de gelo e foram tragados montanha abaixo sendo soterrados pela avalanche que se seguiu. Uma tragédia horrível.
Alberto Zerain, 55 anos, já havia culminado Everest, K2, Kangchenjunga, Lhotse, Makalu, Gasherbrum II, Dhaulagiri, Gasherbrum I, Manaslu e Annapurna, num total de 10 cumes.
Mariano Galvan, 37 anos, tinha em seu currículo Broad Peak, Dhaulagiri, Everest, Gasherbrum I, Gasherbrum II, Lhotse e Manaslu, totalizando 7 cumes, e era um dos grandes expoentes da nova geração de montanhistas sulamericanos.
OS CUMES DA TEMPORADA ATÉ O MOMENTO
A par de tanto sofrimento, alguns êxitos afloraram no Paquistão nos últimos dias:
a) Nanga Parbat
O primeiro ataque ao cume, da empresa Dreamer’s Destination, em 11 de junho, acabou não dando certo por erro de navegação. O paquistanês responsável pela locomoção do time – Ali Reza – acabou pegando um couloir errado, o que resultou “numa escalada mais longa e muito mais árdua, atingindo um ponto na aresta cumeeira muito distante do cume principal”. Assim, todos os nove alpinistas acabaram pisando apenas na antecima.
Por outro lado, no dia 7 de julho, fizeram cume o exemplo de superação Kim Hong-Bin (que escala sem os dedos das mãos, perdidos alguns anos atrás para as congelações) e Lhakpa Nuru Sherpa.
No dia 8 de julho, culminaram Luo Jing (chinesa com 11 cumes de 8000 metros), Naoko Watanabe, Chhitji Nurbu Sherpa, Sanu Sherpa, Pecchumbe Sherpa e Lhakpa Norbu Sherpa.
b) Broad Peak
No Broad Peak, houve o incrível sucesso da empresa Furtenbach Adventures em 11 de julho, incluindo cumes de Rupert Hauer, Eduard Wagner, Manfred Hager e Tatjana Gugganig, com três sherpas de apoio.
No dia seguinte, também a expedição suíça Kobler & Partner culminou, com sucessos de Herbert Rainer, Sophie Lavaud (seu 5º oitomil), Kevin Hynes e um paquistanês de apoio.
c) Gasherbrum II
Em 16 de julho, pisaram no cimo o americano Colin Haley e os franceses Jeremy Rumebe e Mathieu Maynadier.
d) K2 & Gasherbrum I
Ainda não foram culminados em 2017.
ATIVIDADES DESTACADAS QUE PROMETEM
1) Praqpa Ri
Essa montanha virgem de 7134 metros vizinha ao K2 é objeto da expedição chilena de Alejandro Mora Muñoz, Andrés Bosch e Armando Rodrigo Montero.
2) Shispare
O gigantesco e dificílimo Shispare, de 7611 metros, é o destino do time de Kazuo Hiraide (que já tentou essa montanha várias vezes anteriormente) e Kenro Nakajima.
3) Ogre
Expedição multinacional de Alex Huber, Mario Walder, Dani Arnold e Chris Zenz irá ao poderoso e desafiador Ogre, tentando nova rota na descomunal Face Sul.
4) Gasherbrum IV
O incansável brasileiro Marcos Costa marca presença novamente no Karakoram, na companhia de Bruce Normand e Billy Pierson, para tentar a rota monumental na Shinning Wall do Gasherbrum IV.
5) Latok I
Outro dos poderosos picos graníticos do Karakoram, o Latok I atraiu em 2017 forte time russo composto por Valery Shamalo, Alexander Gukov, Anton Kashvik e Ruslan Kirichenko.
Autor: Rodrigo Granzotto Peron
Finalização do texto: 20.07.2017