Introdução:
A face Oeste da Pedra do Santuário é o principal setor para iniciantes de escalada em rocha no Estado de São Paulo. Ela é caracterizada por ter vias de pouca dificuldade técnica ao mesmo tempo em que possui vias bem protegidas com duas enfiadas. Aliando estes fatores com o fato de que o local é de fácil acesso e conta com estrutura completa (restaurante e banheiros) isso faz com muitas escolas de escalada, clubes e escaladores principiantes escolham o local para ensinar, aprender e evoluir na escalada em rocha, ganhando confiança enquanto vão praticando os procedimentos de segurança.
A fama do local, entretanto, cobra seu preço e nos últimos anos vemos a ocorrência de super lotação do setor e não é raro observamos cordadas esperarem horas para poder praticar a escalada e professores/instrutores de escalada terem que lutar por um espaço para ensinar seus alunos, gerando filas e aglomerações na base das vias.
Esta aglomeração, no entanto, poderia ser resolvida se o espaço fosse melhor aproveitado. Na face Oeste da Pedra do Santuário há muitas vias mal protegidas e outras abandonadas que, se reformadas, atenderão a alta demanda por vias com características de “vias escola” para desafogar o setor e abrir novas possibilidades para os iniciantes e professores de escalada.
Contexto desta proposta:
As primeiras vias de escalada na Pedra do Santuário remontam da década de 1980, porém foi a partir de meados dos anos 1990 que as paredes do morro começaram a ser adensadas com vias de escalada por diversos escaladores. Até que hoje, o local seja reconhecido como um dos principais points para escaladores iniciantes ganhem experiência, aprendam a guiar e se desenvolver na escalada.
Ao longo do tempo, diversos escaladores organizaram as informações das vias da Pedra do Santuário através de guias de escalada ou croquis que quase sempre apresentam informações conflituosas. Para tentar resolver este problema compilamos os dados disponíveis de três publicações: Croquis de escalada de Alexandre Anderson, (publicado no site Face Oeste – Alma de Pedra), Guia de escalada da Região de Bragança Paulista e região (publicado por Daniela Izzo e Anderson Morais-Birão, 2004) e Guia de Escalada, Santuário – Pedra Bela, por Tacio Philip Sansonovski (disponível em Guia de escaladas: Pedra do Santuário – Pedra Bela –
climbing.com.br).
Sobrepondo a linha das vias de escalada sobre uma fotografia recente e numerando as vias onde a número 1 é a mais próxima da cerca a direita, compilamos os nomes das vias e seus respectivos conquistadores de acordo com as publicações:
Via número 1: Fonte / nome da via / ano da conquista /conquistadores e comentário
Croquis Alexandre Anderson: Via Anfetamina, 1998, Alexandre Anderson e Marcos Abrahão.
Croquis Dani Izzo e Birão 2004: Via n°10, desconhecidos
Croquis Tacio Philip 2021: Anfetamina, Alexandre Anderson e Marcos Abrahão.*
Via com primeira enfiada exposta, protegidas com apenas duas chapas oxidadas. Segunda enfiada muito interessantes e em boas condições. Raramente frequentada.
Via número 2: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: A2B, 1998: Airton Rosas (Ito) e Paulo.
Croquis Dani Izzo e Birão 2004: Via n°9, desconhecidos
Croquis Tacio Philip 2021: A2B, Airton Rosas (Ito) e Paulo*
Via que foi reformada em 2019 por Rafael Wojcik e Pedro Hauck com aval de Airton Ortiz. Após ter sido adicionado chapas intermediárias, se tornou uma das mais frequentadas do local.
Via número 3: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Via sem nome – 3º; 1999 (incompleta), Luís da Academia Atmosfera.
Guia Dani Izzo e Birão 2004: não consta
Croquis Tacio Philip 2021: não consta
Via abandonada há mais de 20 anos. Ela possui duas chapas com spit bastante oxidadas, não tem parada.
Via número 4: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Via que Cruza, Mario Arnaud e Rafael Wojcik.
Guia Dani Izzo e Birão 2004: Maracujina, André Prata* (com F Davanzo)
Croquis Tacio Philip 2021: Via que Cruza, Mario e Rafael
Primeira via da parede, conquistada em 1986 por André Prata. Em entrevista com o conquistador recebi a informação complementar que a via foi conquistada em conjunto com Fernando Davanzo para um curso para oficiais do Exército. Desde então a via deu os valores do setor, que ganhou sua importante vocação de ser escola de escalada.
Via número 5: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Maracujina, 1986, André Prata
Guia Dani Izzo e Birão 2004: Dopamina, Mario Arnaud e Rafael Wojcik*
Croquis Tacio Philip 2021: Maracujina, André Prata
Esta via estava com o nome trocado com a anterior. No croquis de Alexandre Anderson ela é denominada “Via que cruza”, pois na segunda enfiada ela cruza com a Maracujina, como se vê no croquis. O nome correto, no entanto, é Dopamina. Originalmente A via Dopamina cruzava com a via Maracujina. Entretanto poucos sabem deste detalhe.
Via número 6: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Jangadeiro, 1998, Airton Rosas (Ito) e André Miki
Guia Dani Izzo e Birão 2004: Novalgina, Francisco Parreira
Croquis Tacio Philip 2021: Jangadeiro, Airton Rosas (Ito) e André Miki*
Via bem frequentada. No croquis mais recente de Tacio Philip, a saída desta via é mais para a esquerda. No entanto, sua saída é na direita, junto com a saída da Dopamina. Essa indefinição da linha se dá por conta da altura da primeira chapa, que fica cerca de 8 metros do chão.
Via número 7: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Não consta
Guia Dani Izzo e Birão 2004: Não consta
Croquis Tacio Philip 2021: Não consta
Interessante linha reta sem proteções intermediárias. Possível escalar somente de top rope. Não se sabe se é uma via de fato.
Via número 8: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Carreira de Calango, Alexandre Anderson*
Guia Dani Izzo e Birão 2004: não consta
Croquis Tacio Philip 2021: Carreira de Calango, Alexandre Anderson
Via vertical interessante. Sua primeira proteção é uma chapeleta da camp totalmente enferrujada batida com spit cerca de 6 metros do chão onde é seu crux. Trata-se de um lance de 5 grau perigoso que dá chão. Depois disso observa-se proteções intermediária com grampos batidos ao lado de spits sem chapa, o que dá a impressão que as chapeletas foram substituídas por grampos, menos na parte mais dificil da via. Tudo leva a crer que essa via deriva para a direita, indo terminar em um confortável platô onde se monta o top da via 7.
A segunda enfiada tem apenas um grampo intermediário e um esticão de mais de 15 metros da parada. Estranhamente há um outro grampo para a esquerda que leva a uma chaminé, mas não há mais nenhuma proteção intermediária antes da mesma parada.
Via número 9: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Intrigas, 2003, André Prata e Rafael Wojcik.*
Guia Dani Izzo e Birão 2004: Via n°5, desconhecido
Croquis Tacio Philip 2021: Intrigas, André Prata e Rafael.
Via mais difícil do setor. Ela originalmente não tem nome, porém no Croquis do Alexandre ela aparece com este nome e assim tem sido reproduzida desde então. Esta via não foi acabada, pois André Prata afirma que bateu apenas os 4 primeiros grampos, mas curiosamente na linha reta dela há uma parada composta de um grampo P com olhar grande e uma chapeleta com malha rápida. A chapeleta é na verdade a terceira proteção da via 10. Ela foi duplicada com este grampo gigante por um rapeleiro. Portanto essa parada não pertence à via.
Via número 10: Fonte / nome da via / conquistadores
Croquis Alexandre Anderson: Novalgina, Francisco Parreira.*
Guia Dani Izzo e Birão 2004: Via n°4, desconhecido
Croquis Tacio Philip 2021: Novalgina, Francisco Parreira.
Via com cinco chapas Camp oxidadas batida com spit. Essa via não tem parada dupla no meio e nem no final. O conquistador certamente saiu no cume e desceu rapelando por outra via.
Atualmente na quinta proteção desta via e na terceira há um grampo grande que foi batido por rapeleiros que acabou por fazer duas paradas. A terceira, inclusive, é usada como parada da via número 9.
Conclusões
Como se pode observar nos dados acima, há uma grande confusão em relação às vias da Face Oeste da Pedra do Santuário. Após longa pesquisa, entrevistando pessoas chave (Daniela Izzo, Tacio Philip, Alexandre Anderson, Rafael Wojcik, André Prata e Airton Rosas), escaladores que tiveram participação em conquistas de vias naquele setor ou pessoas que confeccionaram guias e croquis de escalada. Com estes dados e entrevistas, concluímos que as informações corretas são as que foram destacadas com asterisco.
A via número 3, por ter apenas duas chapas velhas e não ter parada, pode ser considerada conquista abandonada. Ainda há um esforço em descobrir quem iniciou a conquista da via 7 ou ainda interpretar se ela é uma via, uma reserva de via ou via abandonada.
Sobre a ética de conquista de vias de escalada
A escalada em rocha é uma atividade que possui um código de ética muito bem definido e aceito
por sua comunidade. Na declaração de Tirol, documento publicado pela União Internacional das
Associações de Alpinismo (UIAA), em seu artigo 9, está publicado as bases, conceitos e valores
que devem ser respeitados nas conquistas de escalada, as quais são reproduzidas abaixo:
A conquista de uma via ou de uma montanha é um ato de criação. Ela deve ser feita em bom
estilo de acordo com as tradições da região e devem mostrar responsabilidade com a
comunidade de escalada local e com as necessidades dos escaladores futuros.
- Conquistas devem ser ambientalmente responsáveis e compatíveis com regulamentos locais,
com as vontades dos proprietários dos terrenos e com os valores espirituais da população local. - Nós não vamos desfigurar a rocha por meio da quebra ou da adição de agarras.
- Em regiões alpinas, as conquistas devem ser feitas exclusivamente guiando (sem peça pré-fixada acima).
- Uma vez respeitadas as tradições locais, cabe ao conquistador determinar o nível de
proteções fixas em suas vias (levando em consideração as sugestões do artigo 8). - Em áreas designadas como reservas selvagens ou naturais por administradores ou pelo
comitê de acesso local, grampos devem ser limitados ao mínimo absoluto para preservação do
acesso. - Cavar buracos e bater grampos durante a conquista de vias em artificial deve ser mantido
em um mínimo (grampos devem ser evitados mesmo em ancoragens de paradas, a menos que
sejam absolutamente necessários). - Vias de aventura devem ser deixadas tão naturais quanto possível, contando com proteção
móvel sempre que viável e utilizando grampos apenas quando necessário e sempre sujeitandose às tradições locais. - O caráter independente das vias adjacentes não deve ser comprometido.
- No relatório de conquistas, é importante relatar os detalhes com a maior precisão possível. A
honestidade e a integridade de um escalador serão presumidas a menos que haja evidência
comprometedora. - Altas montanhas são um recurso limitado. Nós encorajamos os escaladores a utilizarem o
melhor estilo.
Elaborado através do 1º Seminário Paranaense em março de 1993, e levado para discussão no
1º Congresso Brasileiro de Montanhismo realizado em Curitiba em julho do mesmo ano, o
Código Brasileiro de ética na escalada versa sobre conquistas e também reformas e
regrampeação de vias, objeto deste projeto. Com base neste documento destaco:
Dos Pontos De Segurança (Grampos Fixos ou Chapeletas)
Durante uma conquista deve ser observado o posicionamento dos pontos de segurança, de
modo que em hipótese alguma de queda, o escalador toque o solo, arestas ou saliências,
representando perigo à sua própria integridade;
É proibida a adição de pontos de segurança em escaladas já conquistadas, sem autorização
dos conquistadores;
Em caso de regrampeação os escaladores não possuem poder algum para descaracterizar
qualquer rota, transferindo a original proteção dos pontos de segurança, de acordo com o
artigo primeiro anterior;
A utilização de dupla proteção nos pontos de parada é um fator que diminui a ocorrência de
acidentes e deve ser sempre observada;
Sempre que possível os pontos de rapel devem ser comuns à várias escaladas;
Os pontos de segurança estão sujeitos às intempéries e devem merecer constantes observações
todo início de uma escalada;
Um ponto de segurança visivelmente mal colocado, deve ser evitado e informado à União Local
de Escaladores para a sua substituição de acordo com o artigo segundo deste;
Da Conquista:
Nenhum escalador possui o direito de reservar para si qualquer rota ou pedaço de pedra,
somente se estiver colocando evidentes esforços para efetuação de seus objetivos, seja
aproximação, ou colocação de grampos;
Em caso da modificação das intenções o escalador tem a responsabilidade de expressá-las à
comunidade local, deixando-a aberta a todos;
Toda conquista deverá ser divulgada no catálogo que deve ser editado anualmente;
Conclusões
Tendo em base a Declaração do Tirol e o Código Brasileiro de Escalada em Rocha, este projeto só será realizado com o consentimento dos conquistadores.
No entanto, há duas vias deste projeto, abandonadas e inacabadas há mais de duas décadas, onde não foi localizado o paradeiro dos conquistadores: Luís da Academia Atmosfera e Francisco Parreira. Estas vias poderiam ser finalizadas e o nome dos escaladores que iniciaram a conquista serão adicionados em um croquis atualizado.
Ainda há um esforço para descobrir o conquistador da via que tem apenas uma parada isolada no meio da parede. Tal via não é descrita em nenhum croquis já confeccionado sobre a Pedra do Santuário. Há dúvidas se é possível caracterizar esta via como uma tal, uma vez que seu ponto de ancoragem ou foi alcançado através de solo, ou, no caso mais provável, através de rapel de via adjacente. Para ambos os casos, tal via é fruto de atos reprováveis nos códigos de ética de escalada. Primeira por ser uma conquista de cima para baixo e segundo, sendo uma via mal protegida (ou melhor, não protegida), em uma parede que é notoriamente destinada a vias bem protegidas destinadas a iniciantes.
No próximo capítulo discutiremos os detalhes da proposta de reforma das vias de escalada.
Quais vias serão reformadas, como e quais foram os critérios usados, além do resultado esperado.
Reforma das vias de escalada
Via Novalgina 3 grau – Conquistador: Parreira. (Via 10 da figura 1)
Via que utiliza uma oposição em sua saída, ela é protegida com 5 chapeletas batidas em spit já bastante enferrujadas em um projeto anterior ao ano 2000. Essa via de acordo com Alexandre Anderson está inacabada.
Na proposta pretendemos remover as chapas antigas e bater novas proteções de chapeletas com parabolt de forma que a linha seja visível e possa ser repetida e guiada por um escalador em fase de aprendizagem.
A linha sugerida no croquis de Tacio Philip (figura 3) faz um desvio abrupto para a direita, onde há uma parada com Grampo P de olhal grande e chapeleta com malha rápida. Esta parada originalmente não existia, pois este grampo foi batido por rapeleiros.
Por conta deste desvio abrupto e pelo fato desta via ser inacabada de acordo com Alexandre Anderson, pretendemos a partir da canaleta que caracteriza sua saída, abrir uma linha reta por uma bela parede até o cume.
Nesta linha há uma distância considerável entre as vias adjacentes, cerca de 5 metros de ambas, fazendo que com a nova via seja bem caracterizada, explore uma parte da parede sem vias que seja dedicada a ela.
Por não haver informações de Francisco Parreira e por ser uma via inacabada há cerca de 30 anos, o nome do escalador que iniciou o projeto será adicionado em um croquis atualizado.
Via Carreira de Calango 5 grau – Conquistador: Alexandre Anderson (via 8 figura 1)
Bela via que começa na parte mais vertical da parede. Sua primeira chapa, bastante enferrujada e quase invisível, fica a mais de 7 metros do chão, fazendo com que ela fique bastante exposta.
Após esta chapa, cerca de 5 metros para cima, começa uma sequência de grampos P na parte mais fácil da parede.
Na proposta, iremos retirar a primeira chapeleta e até o primeiro P da via iremos intermediar adicionando 3 chapas com parabolt. Assim, a via ficará visível e repetível para qualquer iniciante.
Por se tratar de uma via onde os lances iniciais esportivos são os mais interessantes, pretendemos montar uma parada em linha reta para que a mesma possa ter um top rope seguro e sem pendulo, deixando sua parada, que é uma diagonal muito à direita, para outra via ao lado.
Via Desconhecida – 4 grau (via 7 da figura1)
Essa via irá começar onde no croquis do site Climbing.com.br está definido como saída da Jangadeiro. Entretanto, a Jangadeiro original tem sua saída em outro local mais à direita e próxima a saída
da Dopamina.
Na proposta, logo após vencido o balcão inicial, será batida uma chapeleta e essa proteção será utilizada
numa linha reta que termina em um grande platô que já tem uma parada perdida. Essa parada não está em nenhum croquis e não há proteções intermediárias até ela. Só é possível alcançar esta parada via rapel da segunda parada da via Jangadeira, ou fazendo uma diagonal da primeira parada da mesma via, senão solando desde o chão. (ver foto ao lado).
Na foto ao lado é possível ver uma corda montada nesta parada que não tem proteções intermediárias.
O local desta corda, uma linha quase reta parede acima com saída interessante é a linha desta via que no croquis da proposta está com a linha na cor laranja.
Além da primeira enfiada bem trabalhada, que quebra a monotonia as escaladas do setor do fundo, marcadamente caracterizada por serem rampões de aderência fácil, a via 7 apresenta uma segunda enfiada diferente, que pode se desenvolver por uma canaleta profunda que pode ser escalada em chaminé, algo inexistente neste setor escola.
Vale lembrar que a parada da foto é a parada da via Carreira de Calango, via numero 8, que estranhamente fica muito à direita de sua linha original.
Via Abandonada (Via 3 da figura 1)
Essa via, delimitada no croquis detalhado (figura 3) com a linha verde, situa-se entre a Maracujina e a “A2B”, num trecho de parede com cerca de 10 metros de largura onde não há vias definidas.
Não ter vias definidas não significa que não haja proteções. No local há duas chapeletas extremamente oxidadas batidas em spit que são quase invisíveis, pois estão mimetizadas com as cores da própria rocha. Estas chapeletas não terminam em lugar algum e sequer tem uma parada e são tidas como chapas perdidas na parede, pois qualquer linha que se possa imaginar resulta em exposição bastante indesejável entre a ultima proteção e qualquer parada já existente na parede.
Na proposta, iremos remover estas chapeletas antigas e abrir uma nova via reta com distância de até 5 metros entre qualquer via vizinha. Como forma de diferenciar esta via das demais, pretendemos fazer uma parada em sua primeira enfiada no segundo platô da linha, de forma que o aluno ou iniciante de escalada possa nesta via treinar as técnicas de balcão antes de terminar a escalada na P1.
Uma segunda enfiada bastante técnica é possível, utilizando a mesma parada da segunda enfiada da A2B, de forma que não é necessário encher a parede de paradas, o que está de acordo com o Código Brasileiro de Ética na Escalada, utilizando melhor o relevo da parede para termos vias com diferentes técnicas de escalada sem que seja necessário aumentar o numero de paradas.
Anfetamina: 3 Grau (via 1 da figura 1)
A proposta dessa via é utilizar um lance vertical numa linha rente à cerca e substituir duas proteções enferrujadas. Esta linha é diferente da linha original da Anfetamina, que é muito mais próxima da A2B. A nova linha deixa a via mais diferenciada que a original, pois adiciona uma técnica menos comum naquele setor.
Outro argumento para a mudança da linha original é aumentar a distancia das proteções da A2B, garantindo assim a independência de ambas as vias.
Esta alteração foi aprovada pelo conquistador. A linha desta via está definida na cor amarela do croquis detalhado (figura 3).
Conclusão:
Com a reforma, face oeste da Pedra do Santuário ganhará 5 vias bem protegidas que estão de acordo com o grau técnico do setor, reconhecido por abrigar vias positivas de aderência. As novas vias, no entanto, apresentam características diferentes: Oposição, balcão, barriguinhas verticais e agarras, o que justifica a reforma, já que é importante um setor escola apresentar técnicas variadas de escalada.
Se a proposta for aprovada em sua totalidade, o Setor Fundos passará a ter 14 vias de escalada com bases planas e confortáveis trazendo a um ganho imenso para este setor em sua função de ser palco de cursos de escalada, promovendo de vez Pedra Bela como a cidade ideal para novos escaladores aprenderem as técnicas e procedimentos de escalada com segurança e evoluírem também.
Este ganho de via ocorrerá respeitando o caráter de independência das vias adjacentes, os esforços iniciais dos conquistadores que abandonaram seus projetos. As alterações nas proteções serão autorizadas pelos conquistadores e todo o processo será transparente, com a devida publicidade antes e depois da execução.
Este projeto é o pontapé inicial para a consolidação da Pedra do Santuário em sua vocação para de ser um setor de escalada focado nos iniciantes de escalada. No futuro deslumbrar-se-á, outras possíveis ações, como regrampeação e modernização de vias, sinalização e outros projetos que melhorem a experiência dos frequentadores da Pedra do Santuário.
Referências bibliográficas:
ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE MONTANHA. Código Brasileiro de ética na escalada. Disponível em : https://www.acm-rs.org.br/?p=81. Acesso em: 23/09/2021.
ANDERSON, ALEXANDRE. A Face Oeste. Disponível em https://almadepedra.com.br/pagina/face-oeste.html. Acesso em: 23/09/2021.
SANSONOVSKY, TACIO PHILIP. Guia de Escaladas. Pedra do Santuário. Pedra Bela.
Disponível em https://www.climbing.com.br/croqui-pedra-bela. Acesso em 23/09/2021
MORAIS, ANDERSON; IZZO DANIELA. Guia de Escalada. Bragança Paulista e Região. Edição do autor. Bragança Paulista. 2004.
FEMERJ. Declaração do Tirol. Disponível em http://www.femerj.org/wpcontent/uploads/declaracao_tirol.pdf. Acesso em: 23/09/2