
logos de IBAMA e NPS
Mas, a partir da década de 1960, quando Brasília começou, foram criadas novas unidades para proteger o Cerrado que abraçava a jovem capital. Já nos anos de 1970 as novas reservas então formadas visavam preservar a Amazônia, talvez por segurança nacional. Mas até 1990 ainda havia realmente muito poucas unidades.

Distribuição dos Parques e Reservas Brasileiras

Vista do PN Serra da Capivara no Piauí

Prateleiras, Parque Nacional de Itatiaia, RJ

Distribuição dos Parques Naturais dos Estados Unidos

Os Gêiseres do Parque de Yellowstone no Wyoming
O primeiro parque natural do mundo foi estabelecido em 1872 nos Estados Unidos em Yellowstone. Como no Brasil, durante o início só havia três parques: Yellowstone, Mackinac (no Lago Huron) e Yosemite. Desde então, o país chegou a 59 unidades. A mais recente delas até este momento data de 2004. A maior unidade abrange mais de 5 milhões de ha no Alaska e a menor, algo como 80 m² na Pensilvânia (embora seja apenas um memorial, ver adiante).

Os Maciços Graníticos de Yosemite na Califórnia
O IBAMA americano chama-se National Park Service, que completou cem anos em 2016. Ele teve em média um presidente a cada 5 anos, sendo que três deles o comandaram por um terço de toda a sua história. O NPS administra cerca de 410 unidades, emprega 22 mil pessoas, acolhe 400 mil voluntários por ano e dispõe de um orçamento de U$$ 3 bilhões. São 33 milhões de ha (aí incluídas todas as unidades, não só os parques naturais), ou 3.5% da superfície do país.

As Escarpas do Parque do Grand Canyon no Arizona
É importante notar que o sistema americano é mais diversificado do que o brasileiro. Nós temos aqui 12 tipos diferentes de reservas, todas sendo naturais; lá eles têm 20. E, mais fundamental, existe grande preocupação com sítios e monumentos históricos, incluindo memoriais, cemitérios, fortes e campos de batalha.

O Arenito do Parque de Zion em Utah
Entre os parques naturais, existem áreas dedicadas exclusivamente à recreação, a rios e a litorais. E, sobretudo, às fantásticas rotas cênicas, longas travessias das quais as mais conhecidas são a Appalachian Trail, a Pacific Crest e a Continental Divide. Acredite, elas variam de 2 a 3 mil km e são normalmente percorridas ao longo de anos seguidos pelos mochileiros, tradicionalmente durante suas férias.

O Pico Reynolds no Parque Glacier em Montana
Pasme, os parques naturais norte-americanos são visitados anualmente por mais de 70 milhões de pessoas. Todas as 410 unidades recebem inacreditáveis 350 milhões de visitantes, e sabe porquê? Devido à presença das áreas de recreação, das estradas parque e dos sítios históricos – sua visitação conjunta é mais do que o dobro da dos parques naturais. Só uma observação: acredito que o triste desinteresse dos brasileiros pelo passado venha grandemente da ausência de sítios históricos preservados e divulgados, como sempre fizeram os Estados Unidos.

Vegetação de Outono no Smoky Mountains na Virgínia
Para chegar finalmente ao título desta coluna, encontrei recentemente a menção a um estudo de avaliação dos parques americanos. Partiu de uma pesquisa que indagava quanto um cidadão estaria disposto a pagar para evitar a hipotética perda de um quinto dos seus parques nacionais. (A possibilidade de perda de todos os parques não foi considerada viável; já um quinto de perda devido a cortes orçamentários foi enxergada como realista.)

Lago Esmeralda no Parque Rocky Mountains do Colorado
O resultado usou hipóteses conservadoras (como atribuir zero a quem não respondeu e desconsiderar o impacto da biodiversidade) e chegou ao valor de US$ 92 bilhões por ano. Depois de pensar um pouco, acredito que você achará este valor baixo – considere que só a atividade econômica dos parques norte-americanos gera quase US$ 35 bilhões a cada ano.

Campo, Lago e Montanha no Parque de Grand Teton no Wyoming
Você estaria disposto a investir um décimo de toda a produção brasileira de um só ano para manter para sempre os nossos parques? Não parece uma pechincha?