O Monte Quênia, de 4786 metros de altitude, é a segunda montanha mais alta da África e é considerada mais difícil que o Kilimanjaro, o ponto culminante do continente. Mesmo mais difícil, há na montanha uma rota que não exige equipamentos técnicos. Esta foi a rota escolhida para a escalada pela paz, que reuniu cerca de 25 pessoas de diversas etnias e classes sociais do Quênia.
O país sofreu recentemente sérios problemas de violência quando em Dezembro, na eleição para presidente, houveram fraudes e grupos étnicos tribais entraram em conflito, gerando massacres que vitimaram milhares de pessoas.
O grupo que escalou a montanha foi organizado por padres italianos e foram reunidos pessoas da periferia de Nairóbi, a capital do Quênia. No grupo não haviam montanhistas, apenas ativistas e estudantes. Todos eram de etnias diferentes, como como kambas, kikuyus, luos e luhyas. Nenhum deles havia estado em um lugar tão alto e tão frio na vida, foi uma experiência única.
Padre Dan foi um dos organizadores da escalada. Ele trabalha há 11 anos em favelas da capital do país e viveu os conflitos do final do ano em Nairóbi. Ele diz que aquilo não foi um conflito, mas sim uma guerra. Foi o pior distúrbio político que o Quênia viveu depois de sua independência em 1963.
No caminho para o Monte Quênia, o grupo multirracial nem parecia lembrar-se do conflito. Eles cantaram, fizeram piadas e riram muito juntos. Na montanha, o rigor do clima e a dificuldade da subida uniu todos, que chegaram juntos ao cume.
Apesar da escalada não ser tão difícil, para muitos no grupo foi a atividade mais estafantes que haviam realizado na vida, eles nunca haviam sentido tanto frio e cansaço. Dores de cabeça e falta de apetite, devido a altitude à qual não estão acostumados, fez parte da jornada do grupo o tempo todo.
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 ,Ao final tudo deu certo e num país onde as diferenças sempre levaram à desagregação, diante das dificuldade da montanha, houve pela primeira vez união. Pelo menos durante a escalada a paz triunfou sobre as desavenças.