Já no Galeão, encontrei o Greison, um dos parceiros nessa empreitada. Devidamente apresentados e após uma breve conversa, partimos pra Manaus às 21:00.
No aeroporto de Manaus, encontramos o Gilmar (Geólogo responsável pela pesquisa, residente em Manaus), e o Jeff (outro companheiro, residente em ES).
O Gilmar, nos deu carona até uma pousada onde passamos à noite. Nosso vôo para São Gabriel da Cachoeira partia no dia seguinte (21), às 11:40.
No café da manhã experimentamos uma Arepa, preparada pela cozinheira da pousada, que era Venezuelana, mas o Greison não gostou muito ( vai ser difícil esquecer a cara dele enquanto saboreava aquela “iguaria”).
Juntamos as tralhas de novo em um taxi, e seguimos para o aeroporto de Manaus, e encontramos mais um membro da Equipe, o Artur.
Depois de muita confusão, porque já havíamos feito o Chek-in pelo celular, conseguimos emitir nossos bilhetes e despachar a bagagem, por pouco perdemos o vôo.
O vôo pra São Gabriel da Cachoeira tem escala em Tefé, onde passamos para um avião menor, e me lembro bem da aeromoça pedir a alguns passageiros para trocar de lugar, justificando que teria de equilibrar o peso do avião durante a decolagem…
Chegamos em São Gabriel da cachoeira por volta das 15:00, e já havia uma Montana nos aguardando. Por pouco, não foi possível acomodar todas as nossas tralhas nela.
Fomos pro hotel Roraima, nos acomodamos.
Depois de botar toda aquela tralha nos quartos, seguimos pra FUNAI. Fomos atendidos pelo Sr. Domingos, indígena e chefe local (cargo de confiança). Muito nervoso, ele disse que não ter conhecimento sobre nossa expedição, embora toda a documentação já ter sido encaminhada para a FUNAI com bastante antecedência, e o Nicholas (servidor da FUNAI), ele nos disse que o Nicholas é que teria de resolver isso… Entendemos que havia um problema de “hierarquia” ou de “orgulho” rolando por ali, e infelizmente nossa expedição estava ameaçada. Mesmo tendo a autorização do ICMBio e já ter iniciado as conversas com os Yanomamis. Todavia, o Sr. Domingos marcou de nos encontrar na FUNAI, no dia seguinte (sábado) às 09:00.
Na hora marcada, o Gilmar, Artur e Cisnea foram pra FUNAI para regularizar nossa expedição junto a FUNAI.
Enquanto isso, no café da manha, enquanto conversava com um senhor (Valdir Xurimã, apartir daqui simplesmente Xurimã). Ele disse que o seu xará, o Sr. Valdir Goes (o Yanomami presidente da AYRCA – Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes) estava na cidade, retornando de um grande encontro acontecido em Santa Isabel do Rio Negro (AM). Então percebi que as coisas começaram a clarear, pois já tínhamos a autorização do ICMBio, e se os Yanomamis nos autorizasse a entrar em suas terras, estaria tudo resolvido.
O Sr. Xurimã marcou um encontro com o Sr. Valdir às 14:00. Na hora marcada ele chegou, e depois de uma boa conversa (explicamos o que seria feito, os possíveis resultados de nossa pesquisa e como isso serviria para ajuda-los) ele nos autorizou. Inicialmente, disse que poderíamos ir na terça-feira, mas por causa do nosso tempo, pedimos que considerasse a possibilidade de partir já no dia seguinte (domingo), e mais uma vez, com toda a simpatia e presteza, ele nos autorizou e se comprometeu em ir à FUNAI na segunda e relatar pessoalmente a nossa autorização de entrada. (Na foto, (Eu, Arthur, Cisnea, Gilmar, Valdir (Ayrca),Greison, Jeff e Xurimã(agachado))
Apartir daí, foi só alegria… Só alegria não, correria também… Terminamos a conversa com o Sr. Valdir lá pelas 15:00, e ainda tínhamos que correr atrás do transporte, do barco, do motor, comprar a comida (lá eles chamam a comida de rancho), comprar a gasolina pro barco (gastamos só 300 litros)…
Tudo acertado, partimos no domingo dia 23, às 05:00 da manhã. Fomos inicialmente na Toyota do Ivo. Passamos na casa do Edmo para pegar o barco e o motor (era um 40 da mercury). Como não havíamos ligado informando o horário, não tinha ninguém nos esperando… O Artur e a Cisnea começaram a jogar pedras e latinhas na janela pra ver se aparecia alguém. Enquanto o Artur arremessava outra latinha, o filho do Edmo abriu a janela, e iniciou o dia com uma “latada” na cabeça…
Com muito esforço, colocamos o barco e o motor na Toyota e partimos… Andamos cerca de 85kms, em uma estada de chão, bem conservada, até o igarapé Ya Mirin, onde nossa aventura na voadeira começaria.
Colocamos a voadeira no Ya Mirim, e transferimos todas as tralhas da Toyota para o barco. Vencida mais essa etapa, partimos pelo YaMirim às 09:30.
Nosso objetivo era chegar até a boca do Tukano (onde começa a trilha) no mesmo dia, porém o motor do barco não estava muito legal, e a viagem foi bbbeeemmm demorada naquela voadeira. Os rios lá, são como ruas, do Ya Mirim passamos para o Ya Grande, do Ya Grande para o Cauaburis, do Cauaburis entramos no Maturacá.
Aportamos em Maturacá (Nome do igarapé e da tribo) às 17:00, e recebidos pelo Sr. Julio Goes (pajé), que gentilmente nos permitiu pernoitar em sua casa. Partimos para um banho no igarapé, e ao retornar, fomos surpreendido com um saboroso jantar (Arroz, galinha e farofa… oooohhhh, como “teve bão”).
Maturacá é um lugar fantástico, uma tribo no meio da floresta amazônica, rodeada de serras de mais de 2.000m de altitude. De frente a casa do Sr. Julio Goes, tínhamos a visão da Serra do Padre, uma visão simplesmente magnífica.
Após o jantar, finalizamos as negociações com os Yanomamis, e resolvemos levar seis carregadores, porque tinha muita comida e material pra pesquisa.
Depois disso, hora de descansar. Eu queria dormir no chão, mas por insistência dos demais, acabei dormindo na rede também, ainda me lembro daquelas palavras: “ – cara, vc está na amazônia, aqui ninguém dorme no chão não… rs…”
No dia seguinte (segunda), levantamos por volta das 07:00, tomamos café da manhã e pouco depois das 08:00, partimos na voadeira para a boca do tukano. Descemos o igarapé Maturacá, depois Rio Cauabuaris e entramos no igarapé Tukano. Pelo mesmo motivo do dia anterior (o motor), a viajem demorou bem mais que o planejado, e às 11:00, chegamos na boca do tukano, onde começaria nossa expedição à pé. Os Yanomamis saíram depois de nós, e mesmo com um motor bem mais fraco (um 15 da yamaha), chegaram praticamente juntos.
Ajeitamos as tralhas, dividimos os pesos e partimos por volta das 12:00. Nosso objetivo era chegar até o Bebedouro Velho.
Yeeeeehhhhhh…. Finalmente caminhávamos pela Selva Amazônica… Eu estava “doido” pra ver alguns animais, então decidi partir na frente fazendo menos barulho. Como estava em um ambiente totalmente novo, sempre após uma esticada, esperava o grupo se aproximar, então, seguia novamente (nesses trechos, aguardava cerca de 10 a 15 minutos). A trilha em meio a mata, em alguns pontos é muito confusa, e qualquer vacilo, é muito fácil de se perder. Após a terceira esticada, agora um pouco mais confiante, resolvi seguir. Fui até a cachoeira do Tukano, ponto onde se atravessa o igarapé e resolvi esperar (ainda bem, porque os Yanomamis decidiram acampar por ali mesmo). Cerca de uma hora depois o restante da equipe chegou… Quando chegaram, já estava pensando em voltar, achando que poderia ter pego alguma trilha errada (a trilha que consegui no Wikiloc, estava com muito poucos vértices. Parece que quem a disponibilizou, marcou alguns pontos durante a trilha e depois os ligou diretamente no GEarth, não coincidia com a trilha “oficial”).
Quando os Yanomamis chegaram (já por volta das 15:00) preferiram acampar por ali, pois o tempo de luz não seria suficiente pra chegar até o Bebedouro Velho. Conversamos, explicamos a questão do nosso tempo disponível e eles se comprometeram a caminhar até o Bebedouro Novo no dia seguinte, seguindo assim nossa programação.
Armamos o barraco (acampamento), o Sr. Xurimã preparou o rancho, e às 19:00, já estávamos prontos pra dormir.
Dia 25(terça) – Desmontado o acampamento, tomamos o café da manhã e seguimos. Parti na frente novamente, agora acompanhado pelo Artur. Sabíamos que esse dia seria mais pesado, pois ainda estávamos em 120m de altitude, e deveríamos chegar a 2.994m. Poucos quilômetros, em uma subida mais íngreme, fomos alcançados pelo restante do grupo. Daí, parti novamente na frente, agora acompanhado pelo Greison e a Cisnea. Conseguimos manter um bom ritmo de caminhada, e às 14:15 chegamos no Bebedouro Novo. Já sabia que nesse ponto seria possível avistar pela primeira vez o Pico da Neblina. Mas ainda não o vimos, porque estava cercado por nuvens. Mas por volta das 17:30, uma janela se abriu, e conseguimos pela primeira e única vez avistar o Neblina e o 31 de março juntos (Na foto, o da esquerda é o Neblina, o da direira, o 31 de março.)
Esperava que o restante do grupo chegasse por volta das 16:30, porém, 17:30 e nem sinal deles, já começava a observar o que poderíamos fazer pra passar a noite por ali caso não chegassem quando finalmente, pouco depois das 18:00, eles chegaram. Armamos o barraco (nesse local, barraco mesmo…), jantamos rapidamente e em pouco tempo, todos já estavam dormindo. O bebedouro novo estava a 861m de altitude, e só pra lembrar, nosso alvo eram os 2.994m do neblina.
Dia 26 (quarta) – Saímos do bebedouro novo com destino ao Garimpo (Base do pico). Esse trecho foi uma subida sem fim. Era um sobe e desce “quiném” Serra Fina. Nesse trecho, a vegetação começa a mudar. A mata fica pra trás, as trilhas seguem por bromélias e atoleiros. Conseguimos ver grande parte da Serra do Imeri, que surge imponente na paisagem. Conseguimos ver a imensidão da Floresta Amazônica num tapete verde sem fim… Conseguimos ver claramente o Pico da Neblina, e o desafio que ainda restava.
Dia 27 (Quinta) – Esse seria o grande dia, atingiríamos o ponto mais alto do país, mas ainda não deu… Já saímos muito tarde do acampamento, por volta das 09:00, mas como o objetivo era a pernoite no pico, ainda tínhamos mais tempo que o necessário. O primeiro trecho do caminho é um grande atoleiro, em alguns pontos, afunda-se até o meio da canela. Essa parte é lama, pedras pontiagudas e raízes de massaranduba e as laterais forradas de bromélias, uma combinação perfeita pra causar ferimentos… Mas nosso desejo de chegar ao cume era tão intenso, que passamos por tudo aquilo sem muita preocupação. Perdemos o contato com o grupo, e após vencer o atoleiro, esperamos junto à um curso d´agua. Até esse momento, já havíamos andado por 01:00 hora. Cinquenta minutos depois, o resto do grupo chegou. Notamos que não estavam muito bem, e que aquele trecho do atoleiro havia sido muito desgastante pra eles, e alguns já cogitavam chegar apenas até a parte mais íngreme da subida e voltar, e pra piorar a situação a chuva ameaçava cair.
Nesse trecho, a chuva poderia impossibilitar nossa subida, pois grande parte da trilha segue o fluxo da enxurrada que desce a serra, mas ainda assim, todos continuaram. Partimos novamente à frente, e no meio da subida, a chuva começou, mas por sorte, não foi intensa e durou apenas alguns minutos, mas o suficiente pra nos deixar encharcados.
Apesar das dificuldades da trilha, avançamos bem (Eu, Greison, Cisnea, Gilmar e o Renê), mas logo percebemos que perdemos qualquer tipo de contato com o restante do grupo, tanto visualmente quanto “grital”. Era por volta das 12:00, e fomos obrigados a esperar, apreensivos, porque sabíamos que pela velocidade em que o grupo estava progredindo, nossa pernoite no cume estava ameaçada. No ponto onde paramos, ainda restava cerca de 01:30 a 02:00 para atingir o cume. Apesar de longa, não deu pra sentir tanto a espera, o visual da subida era incrível, conseguimos ver a serra do Imeri, outras serras venezuelanas ao longe, a serra do camelo, e uma serra que, segundo os Yanomamis, era conhecida como “Adeus mamãe”…
Por volta das 15:30 horas, uma parte do grupo chegou, era o Artur acompanhado do Adamô (um dos yanomamis), porém faltava o Jeff, que só chegou por volta das 16:30. Ainda era possível (pelo menos para parte do grupo) chegar ao pico, mas os Yanomamis, por segurança, preferiram arranjar um lugar para que pudéssemos passar a noite por ali. Em um discurso “político”, o Greison disse ao grupo que nem todos tinham condições físicas de chegar aos dois cumes, então ficou acertado que quem quisesse partir à frente pra alcançar os dois picos, deveriam sair na frente e “puxar” o ritmo da caminhada.
O local onde paramos (em meio a subida) era muito irregular e não conseguimos um lugar legal pra ficar. N os “acomodamos” numa lapa de pedra, com muita pedra que, por falta de opção, nos nos serviu de abrigo naquela noite. A foto descreve bem o local da nossa pernoite…
Pro jantar, só haviam Miojos e Cup Noodles. Já tinha muito tempo que não comia isso, e não me lembrava de como era ruim… Demorei mais tempo pra comer aquele miojo do que pra chegar no pico no outro dia. Mas de qualquer forma, comi. Precisaria de energia pro dia seguinte, e no momento, não haviam opções. Entre pequenos cochilos em meio ao frio, a noite passou.
Dia 28 (sexta) – Pro café da manhã, partimos um desses salaminho Italiano entre 9 pessoas, que rendeu um pequeno pedaço pra cada um. Era o pedaço de salaminho, duas barrinhas de cereal e uma barra de chocolate (também dividida) para passar todo o dia.
Como decidido no dia anterior, os que estavam em melhores condições físicas partiriam à frente pra conseguir fazer os dois cumes. Partimos eu, o Greison, a Cisnea e o Gilmar. Estava com muito frio, mas assim que começamos a caminhar, passou. Ao longo da subida, um pouco atrás, o Gilmar desistiu de nos acompanhar e pediu que pegássemos uma amostra no 31 de março para sua pesquisa. Mesmo cansado pela noite passada, mal alimentado, mantive o ritmo e cheguei ao pico por volta das 08:00. Foi uma grande emoção quando consegui ver a bandeira, e isso era o sinal de que tinha chegado. Imediatamte agradeci a Deus pela oportunidade de chegar ali e gravei um vídeo pra minha família.
Vi que a bandeira estava toda embolada, então, subi no mastro para ajustá-la.
Pouco depois o Greison chegou, seguido a pouco pela Cisnea. Ficamos cerca de trinta minutos ali e logo partimos para o 31 de março. Lembro-me de que a Cisnea já estava cansada, e não queria seguir pro 31, mas a persuadimos, dizendo que “talvez fosse a única oportunidade que ela teria de ir ali”, e então, bravamente, ela prosseguiu.
A trilha, era inicialmente uma descida mais íngreme, depois passamos por uma selva de pedras, com formações lindíssimas. Esse trecho era confuso, havia muita neblina, mas vencidas as pedras, iniciamos a subida para o cume. Ao chegar ao 31, a emoção foi grande, porque ao chegar, veio o sentimento de missão cumprida, e agora era voltar pra casa, pra minha esposa, meus filhos (um rapaz de 10 anos e uma menininha de 18 meses). Como a saudade bateu forte naquele momento…
O Greison partilhou conosco uma barra de chocolate e logo voltamos.
Às 10:00 da manhã, já estava de volta ao Neblina. Tive uma grande e grata surpresa, todos os outros integrantes do grupo, bravamente chegaram ao cume, ali foi só comemoração.
Em meio a pequenas janelas no tempo, conseguimos ver lindas paisagens lá de cima. Fizemos uma foto oficial com todos juntos, o oficialmente, estávamos voltando para casa. Por volta das 11:00, iniciamos a descida.
Às 14:30, chegamos no acampamento base, e morto de fome, encontrar um arroz com charque e calabresa assada, não tem preço. O ultimo integrante do grupo, chegou ao acampamento base, por volta das 18:00.
Dia 29 (sábado) – Partimos cedo do acampamento base com destino ao Bebedouro Velho, nesse momento, o Greison me acompanhava. Paramos um bom tempo no mirante, pq era o último local de onde seria possível ver a mata por cima. Saindo do mirante, a Cisnea nos acompanhou. Nesse trecho, vimos um bando de macacos passando pela trilha.
Chegamos no bebedouro novo por volta de meio dia. Como não tinha comido nada pela manhã, estava me sentindo muito fraco e resolvemos esperar o restante do grupo para ver como estavam. Uma hora depois, os Yanomamis chegaram, e ainda tinham um punhado de farinha e alguns biscoitos. Depois de mais uma hora e meia (14:30), o restante do grupo chegou já desgastado, e queriam acampar por ali. Se parássemos ali, não seria possível chegar na boca do tukano no dia seguinte, que implicaria em mais uma noite na selva. Então, em consenso, decidimos seguir mais um pouco, e combinamos de ficar no acampamento do Macaco, que estava na metade do caminho entre Bebedouro Novo e Bebedouro Velho.
Já no macaco, preparamos o jantar, armamos a rede, e logo depois da refeição, fomos, já estava tudo pronto pra dormir. Nessa noite, ouvimos os esturros da onça, “ê som “bunito””.
Dia 30/12 (domingo) – Como paramos antes no dia anterior, a caminhada seria maior. Acordamos às 04h. Nosso café da manha foi o restante da janta do dia anterior, que propositalmente fizemos mais, pois já não restavam mais biscoitos, barrinhas de cereal, nem nada para lanhce, apenas arroz, charque e farinha. Às 05:30, partimos. Nosso objetivo era conseguir chegar em São Gabriel ainda naquele dia, mas tudo dependeria do rendimento do grupo. Parti na frente, agora sozinho. Ainda estava escuro e sei que não era o mais seguro, mas a sensação de andar sozinho aquele horário foi incrível. Parecia “integrado” à floresta, e conseguia ouvir o som das folhas caindo, desde que se soltavam das àrvores até tocarem o solo. Toda atenção era pouca, pois haviam muitos grupos de queixadas por ali. Volta e meia dava pra ouví-los, e em alguns momentos, sentir aquela “catinga” típica. Fui sozinho até o Bebedouro Velho, e aguardei os demais. Quando os Rene e o Robemar chegaram (Yanomamis), eles trouxeram um “muquiado de veado” (uma espécie de defumado) que haviam conseguido com outros yanomamis que estavam na região. O sabor era incrível, e após esse lanche exótico, partimos para a cachoeira do tukano, agora o Greison e a Cisnea me acompanharam.
Na cachoeira, chegamos por volta das 10:00, tomamos um banho e aguardamos o restante do grupo.
Pouco afrente da cachoeira do tukano, bati de frente com alguns queixadas na trilha, só me lembrei das orientações dos Yanomamis: “- se der de frente com o porcão, corre e sobe numa arvore”, ainda bem que não faltaram opções…
Os porcos passaram, não deu pra contar direito, mas eram cerca de 20 a 30 indivíduos. Passado o susto, continuamos, agora com bastante atenção, pois volta e meia ainda ouvíamos os sons terríveis dos queixadas (“que barulho feio”). Mas foi somente aquele episódio mesmo, chegamos na boca do tukano sem maiores problemas.
Entramos no barco que logo apresentou problemas no motor. Nossos planos de chegar em São Gabriel foram “rio abaixo”, e nossa meta agora, era conseguir chegar pelo menos em Maturacá. O motor por vezes não ligava, toda hora morria, e tínhamos de recorrer aos remos para que a lancha não batesse contra as pedras.
Com muita dificuldade, chegamos em maturacá já à noite. Procuramos pelo Sr. Valdir, que nos acolheu e permitiu pernoitar em sua casa. Por sorte, no dia seguinte, uma lancha da comunidade iria até o YaMirim buscar alimentos. O Sr. Julio, pediu que deixasse a gasolina que porventura sobrasse, e podíamos ir na lancha dele. Deixamos a lancha alugada por lá, levando apenas o motor “estragado”, segundo Sr. Julio, depois levaria a lancha para o Edmo.
Dia 01/12 (segunda) – Por convite do Sr. Julio na noite anterior, fomos até sua casa para tomar café da manha, e depois de uma boa prosa, partimos para São Gabriel. Chegamos próximo das 16:00, e a Toyota já nos aguardava.
Chegando em São Gabriel, partimos direto pro escritório do Tanaka, para comprar a passagem de lancha pra Manaus, que partia no dia seguinte de manhã.
Pra nossa surpresa, havia um oficio da FUNAI que nos impedia de sair da cidade. O Gilmar, foi até a FUNAI e conseguiu nossa liberação, porém todas as amostras que foram colhidas ficariam apreendidas até segunda ordem.
Dia 02/12 (terça) – A lancha sai do porto de Camanaus, cerca de 20 minutos de São Gabriel. A lancha partiu às 08:00, e por duas vezes parou por falha mecânica. A viagem foi longa, exaustiva, mas naquele dia fomos brindados com um por do sol espetacular…
Dia 03/13 (quarta) – chegamos em Manaus às 10:30 e seguimos direto pro aeroporto, e de lá, cada um seguiu seu rumo. Cheguei em casa ainda naquele dia e minha esposa e filhos me aguardavam no aeroporto…