Todos os anos eu vejo muitos brasileiros indo aos Andes para escalar montanhas de altitude. Com a valorização do Real, a alta de nossa economia, acesso à informação, equipamentos e claro, um crescimento da cultura do montanhismo em nosso país, deixamos nos últimos anos de ser elementos raros nas grandes montanhas e passamos a ser um dos países que mais exporta montanhistas em picos populares da Bolívia, Argentina, Chile, Peru e Equador.
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Cartão-postal de Atibaia, o maciço da Pedra Grande pode ser acessado por carro ou usando os próprios pés. Seja por estrada de chão ou pelas suas três veredas oficiais, o que poucos sabem é q o alto da Serra de Itapetinga – braço desgarrado da Mantiqueira – pode tb ser vencido pela “Trilha Sul”, caminho q nasce da bucólica Faz. Pacaembu. Emendando então esta rota com a precária Estrada Municipal, vingou uma puxada travessia de 25kms (e desnível de 700m) q partiu de Atibaia e findou em Bom Jesus dos Perdões. No trajeto, os largos visus descortinados do alto da Pedra Grande e da Pedra do Coração, contrastando com o encanto-mor daquele cafundó de vales, a Cachu do Barrocão.
Próximo a divisa de Sampa com Minas Gerais, vários pequenas serras fazem interligação do Vale do Paraíba com o topo da Mantiqueira. Uma destas pontes é uma serrinha, ou melhor, um serrote. Definição esta que nunca caiu melhor pra designar um local, geograficamente falando. Escarpado e literalmente serrilhado por rochas e pedras pontiagudas cercadas de mata agreste, o Serrote dos Pilões é um destes acessos as terras altas da Mantiqueira que não apenas oferece belos visuais dos vales e montanhas do entorno. Descortina também novas rotas de um ou mais dias. E olha que esta foi nossa primeira investida na região.
Na busca de rolês de meio-período imediatamente descarto Mogi, Paranapiacaba ou picos fora de Sampa. Sobram então serrotes menores q, mais acanhados ou situados em áreas de conservação urbanóides, pouco interessam a quem frequenta, por exemplo, a Mantiqueira. Foi o q restou neste último domingão repleto de compromissos: nova visita ao Pq Municipal do Pedroso, em Santo André (SP). Como desconhecia seu setor norte, aproveitei pra palmilhar trilhas pendentes e realizar uma despretensiosa pernada Sto André – SBC, via Morro da Bandeira. Mas ao contrário do q parece a navegação aqui é fundamental: se desviar demais da rota, ao invés de cair numa grota, penhasco ou mata fechada, o risco aqui é dar no meio duma favela barra-pesada! Eis uma aventurinha adrenada na direção oposta ao Pico Bonilha, pto culminante do ABC, em plena selva de pedra paulistana.
A Serra da Cantareira é maior floresta urbana do mundo. Situada na zona norte da cidade de São Paulo, abrange os municípios de Mairiporã, Caieiras e Guarulhos, onde agrega o Pque Estadual do mesmo nome. Contudo, fora dos limites da unidade de conservação a Cantareira ainda possui inúmeros atrativos q se traduzem em trilhas e estradinhas bucólicas, além de torres e mirantes com belo visual, td situado no alto de sua escarpada crista. E foi justamente dum rolê sussa e despretensioso de apenas 16kms que resultou uma travessia pelo topo serrano, q partiu do Túnel da Mata Fria, na Rod. Fernão Dias, e culminou no bairro do Saboó, em Guarulhos.
Não esperava fazer a travessia Marins x Itaguaré ainda esse ano, minha previsão pra ela era inverno de 2015 pois nesse ano já tinha meu calendário montado, mas fui convidada pelo grupo chamado Exploradores a realiza-la neste feriado do dia do trabalho. Haviam três vagas no carro e eu tratei de chamar meu namorado e meu amigo Thiago Henrique, ambos do grupo cabô cabô.O convite chegou meio em cima da hora, mas não pensamos duas vezes e aceitamos… eu ainda tinha 2 dias para ler relatos e olhar uns tracklogs. Essa é uma travessia muito técnica, e quando você ler em alguns relatos ” alguns trechos de escalaminhadas e desescalaminhadas” não se engane, não são poucos trechos, é quase a travessia toda. A sua mochila vai rasgar em alguns lugares e se você estiver com algo fora da mochila você chegará em Itaguaré sem nada, porque as pedras vão fazendo de tudo uma farofa… Chega de bla bla bla e vamos ao que interessa… o relato.
Ela não passa desapercebida p/ quem circula pela BR-135 e vai pra Bahia, pois destoa da horizontalidade da planície norte-mineira. Elevando-se quase 700m tal qual a Muralha da Mantiqueira (na Via Dutra) e estendendo-se por 9 municípios da região, a Serra do Cabral é uma escarpa montanhosa desgarrada do Espinhaço com características próprias. De formato piramidal e delimitada pelos rios Curimataí, Jequitaí e Velhas, foi no seu contraforte sul q realizamos uma travessia selvagem de quase 80kms onde cerrado e sertão se misturam. Saindo do povoado de Vaca Selada e findando na pacata Lassance, eis uma pernada q percorre chapadas, campos rupestres e veredas sob sol escaldante. Mas q é recompensada não apenas pela fartura de água e cachus ainda sem nome, mas tb por uma beleza natural q serviu de referência aos viajantes no período colonial e até pra literatura
Uma ligeira brincadeira com números que a primeira vista pode parecer inocente, mas há fundamento, acredite, e não é engraçado. Meu retorno ao Parque Nacional do Itatiaia ha muito vinha sendo adiado, por conta de quimioterapia, por conta de uma frente fria invernal oportunista, por conta de agenda que não batia com meu amigo e principal companheiro de montanhas e em especial lá, enfim, diversas razões que invariavelmente impossibilitavam a concretização dos planos. Desta vez tudo deu certo, e não só para nós, para mais amigos. Por que eu deveria deixar um câncer atrapalhar nosso caminho?
Fraco, mas pulsa. Depois de oito meses recebendo quimioterapia e torcendo pra dar tudo certo, passada a última etapa da consolidação, a medula deu pra trás de novo. Ela simplesmente não se recuperou depois da última quimioterapia e isso foi ha mais de sessenta dias já (recebi a última dose de quimioterapia no dia 09AGO2013). Continuo com as contagens baixíssimas mas, pelo menos, a medula só está lenta e não contamina meu sangue com blastos. Entretanto, sabemos que isso é uma situação transitória e que logo irá se reverter para pior. Diante de tanta porcaria, por que não viver mais um pouquinho?
A Serra do Quebra-Cangalha é a extensa sucessão de respeitáveis montanhas situada entre o Vale do Paraiba e a Serra do Mar, em SP. Resultado dos enrugamentos geológicos q deram origem as gdes colinas da região, é uma serra extensa q corre além dos 80kms rumo RJ, e seu nome deriva do esforço q os animais de carga tinham q fazer para transpô-la. Grande assim, é natural q suas dobras escondam pequenas surpresas, como a Cachu da Usina Vaticano, relíquia datada da segunda metade do século passado q abastecia de energia uma indústria local de celulose, na pacata Roseira. Hj desativada, seu acesso se dá mediante íngreme picada q, num desnível de quase 800m, ganha o alto dos 1400m da Cangalha e descortina altos visus desta serra pouco conhecida e tão próxima dos paulistanos.