Por Eliseu Frechou
Foram dois dias de muita discussão, com a participação de mais de 70 escaladores locais, a maioria absoluta dos conquistadores das rotas e montanhistas mais ativos. Estiveram assim presentes convidados e palestrantes de 4 estados, autoridades municipais, diretores e administradores de UCs e especialistas em administração de parques, biologia e geologia, que à convite da FEMESP, falaram de experiências de manejo e escalada em suas regiões.
O principal articulador do evento, Milton Dines do CEU (Centro Excursionista Universitário) conduziu todas as discussões de maneira muito equilibrada e desta forma tudo desenrolou com grande proveito para que pudéssemos começar a delinear um futuro sustentável para esta área que é o principal pólo de escalada do estado de São Paulo.
O presidente da CBME, Silvério Nery falou na abertura do evento sobre o esforço das entidades em manter os points abertos, quer eles estejam em áreas públicas ou particulares. Falou também das diversas ocasiões onde a Confederação barrou leis e projetos absurdos que tentaram regulamentar e impedir a prática esportiva do montanhismo. Ao final, Silvério transferiu a palavra para sócios do Clube Alpino Paulista, que contaram a história das primeiras conquistas na montanha.
O geólogo Roberto Sponchiado fez uma excelente palestra sobre a geologia da pedra do Baú e citou os diversos problemas causados pelo homem no local, além das forças da natureza que moldam estas montanhas a cada dia.
Mônica Filipini, montanhista e bióloga que trabalha a longa data pela criação de uma área de preservação na região, falou sobre a vegetação rupícola e como interagimos com ela.
Na parte da tarde, o secretário de Turismo da São Bento do Sapucaí, Paulo de Tarso demonstrou o interesse da Prefeitura Municipal em transformar o Baú num lugar melhor aparelhado para receber os esportistas e turistas, se mostrou comprometido em conversar com os montanhistas solucionar os problemas referentes à pedra.
Na seqüência, o presidente da FEMERJ, Bernardo Collares, falou sobre a experiência carioca com o Seminário de Mínimo Impacto da Urca, na resolução dos problemas (muitos semelhantes ao do Baú), e como eles foram resolvidos.
Um dos administradores do Parque Estadual dos Três Picos (RJ), o montanhista Sérgio Poyares foi bastante esclarecedor sobre como os montanhistas podem e devem ser parceiros numa Unidade de Conservação, ajudando a preservar o local onde escalam e com isso se mostrando aliados que devem ser tratados com respeito.
O articulador da FEMESP para o GT de Regrampeação do Baú, Pedro Refinetti (presidente do CEU), foi o palestrante seguinte, e prestou contas à galera sobre como o GT trabalhou nestes meses e os resultados obtidos. Pediu soluções conjuntas para os problemas que apareceram no decorrer dos trabalhos e foi consenso de todos que o trabalho deva continuar.
Na seqüência, tive a oportunidade de falar sobre como enxergo o panorama da criação de um Monumento Natural na Pedra do Baú, e como isso afeta nosso esporte a comunidade de São Bento do Sapucaí. Finalizei com o que seria início da discussão sobre regrampeação de rotas que são polêmicas e sugestões de conduta para conquistas e manutenção no futuro.
No dia de hoje foram formados dois grupos para decidir ações relativas ao acesso de rotas, trilhas, sugestões de gerenciamento das escadas de acesso ao topo, e relativas a continuidade dos trabalhos de regrampeação, manutenção, conquistas e diversas outras referentes principalmente a uma setorização de áreas que o Baú deve ter.
Está sendo criado um fórum via internet no qual os interessados podem se inscrever para dar opiniões. Foi marcada uma nova reunião para os dias 06 e 07 de junho, para a finalização dos trabalhos.
Mantenha-se informado a partir desta semana no site www.femesp.org
Por Eliseu Frechou
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