Dois montanhistas faleceram na última sexta-feira, 27/05, após serem atingidos por um Serac (uma grande placa de gelo) que se desprendeu do Grand Combin (4.314 m), nos Alpes Suíços. A avalanche causada pelo desprendimento atingiu 17 montanhistas no total e além das vítimas fatais deixou nove feridos, sendo dois em estado grave.
O Serac estava pendurado a cerca de 3900 metros de altitude e caiu cerca de 500 metros até atingir o grupo que estava em um platô a 3400 metros. Testemunhas que estiveram no local afirmam que havia vários destroços do tamanho de cadeiras espalhados por um raio de centenas de metros.
O regaste foi realizado rapidamente por sete helicópteros e cerca de 40 resgatistas da Air Glaciers, Air Zermatt e REGA. No entanto, uma montanhista francesa de 40 anos e um espanhol de 65 anos não resistiram aos ferimentos.
As quedas de Seracs são relativamente comuns nessa montanha. “Os maiores perigos do Grand Combin se devem ao colapso dos seracs, que ocorre regularmente”, escreveram os representantes do Swiss Alpine Club SAC. A rota em que os montanhistas estava, a Voie du Guardien, foi aberta em 1980 após a interdição por conta da queda de Seracs e inúmeros acidentes na rota Le Corridor.
“No entanto, gostaríamos de chamar sua atenção para o aumento dos perigos: essa rota também se tornou significativamente mais ameaçada nos últimos anos. A queda de gelo da zona serac na borda do planalto do cume é possível a QUALQUER HORA. Dependendo das condições, a situação é, na melhor das hipóteses, apenas um pouco melhor do que no Corredor amplamente evitado ”, declarou o SAC. Eles recomentam a rota Arête du Meitin como mais segura no momento.
Aquecimento global e movimentação das geleiras
Estudiosos dizem que não é possível determinar a causa exata do colapso, no entanto eles afirmam que as geleiras possuem um movimento natural que junto com a gravidade faz com que os Serac se desprendam e caiam. No entanto, esse processo pode ser acelerado pelo clima mais quente “Sem dúvida pode ser favorecido pelo calor que enfraquece a consistência do gelo e libera água que lubrifica o atrito com as rochas sobre as quais repousa”, explicou Daniele Cat Berro da Sociedade Meteorológica Italiana. Ela também afirma que é impossível prever quando uma placa de gelo se desprenderá da montanha e lembrou que nesse caso o Serac se soltou por volta das 6 da manhã, uma hora bastante fria na montanha.