Após um último trecho em meio às pedras, desembocamos numa trilha no aberto q nos leva à &ldquo,Pedra do Forno&ldquo,, uma enorme toca (ou lapa) contendo inscrições rupestres dos antigos e primitivos moradores da região, os índios tapuia-cariri. Dali tb temos uma bela vista de td extensão do Rio Calabouço e um visu privilegiado da &ldquo,Pedra da Santa&ldquo,, à nossa esquerda. Pausa p/ descanso e contemplação alem de mtas pics, claro!
Dali começamos a descer suavemente entre cactos e xique-xiques, já contornando a enorme serra dando inicio à volta. Após um trecho de palmeiras caímos num bem-vindo bosque de mangueiras, q alem de nos brindar c/ frescor da sombra nos sacia c/ pencas do delicioso fruto, colhido aos montes no chão! Novamente na base da rocha, bastou apenas seguir a trilha, bem batida e óbvia, atravessar novo arvoredo p/ cair no aberto outra vez, bordejar a enorme Pedra da Caveira (q lembra mesmo a morada do Fantasma) e, as 11:30, nos levar de volta à casa do Seu Tico.
O sol estava à pino naquele horário, razão de quase td mundo se limitar a descansar, almoçar ou apenas ficar à toa na sombra. Mas eu ainda queria aproveitar o resto do dia (ou parte dele), alem de fazer algo q pra mim era obrigatório: subir ao topo da Pedra da Boca. Dito e feito, num piscar de olhos peguei as infos c/ Seu Tico e mandei ver, mesmo c/ o horário não colaborando c/ aquele forte calor. Na verdade, subir a pedra não requer maiores problemas de navegação, uma vez q sua ascensão é puramente intuitiva. É verdade q sua altura (apenas 340m) é bem modesta se comparada às serras da região sudeste, mas em se tratando de sertão e do clima já hostil, alcançar um cume nestas condições adversas não deixa de ter sua relevância.
Parti assim, ao meio-dia e pouco, pela mesma picada pela qual saímos pela manha, e já na metade tomo uma bifurcação p/ esquerda entre os arbustos q me deixa logo ao sopé da rocha. Daí é só começar a subir uma extensa rampa inclinada de rocha áspera q bordeja a montanha pela esquerda. A forte inclinação é quase superior a 45 graus e a sensação é q se está num gigantesco tobogã de pedra porosa, q torna o caminhar lento e demanda várias paradas p/ retomada de fôlego. Mas nessas paradas podemos apreciar belas florzinhas endêmicas escarlates, vistosas coroas-de-frade e macambiras espinhentas q pipocam na rocha cor-chumbo-claro, assim como vislumbrar a paisagem ao redor.
Algumas pedras redondas enormes surgem no caminho, como q equilibradas espantosamente naquela declividade td, ate q alcançamos o final da enorme rampa rochosa. Ali havia uma dupla de jovens biológos da UFPB estatelada nas lajes q já haviam desistido de completar a subida devido ao cansaço, mas isso apenas me encorajou a seguir em frente, apesar do sol e calor realmente começarem a cobrar seu pesado tributo perante o corpo.
Ate aqui já venci quase metade da altura total da montanha. Coincidentemente, a laje termina logo abaixo da enorme cavidade q faz a boca e q nomina a ilustre pedra. Uma trilha óbvia se perde em marcas já desgastadas sobre a pedra e sugere continuidade ate a mesma, pela direita, através de 2 curtos lances de escalaminhada. Ignorando este acesso à boca, a picada se enfia em meio aos arbustos, cactos e bromélias, sempre bordejando a montanha pela esquerda, dando a volta ao seu redor. O caminho se alterna entre lajes expostas e arbustos espinhentos, sucessivamente ate cairmos atrás da montanha, num largo ombro rochoso da dita cuja. Desperta a atenção a gde qtdade de calangos perambulando indiferente à minha presença e, principalmente, de enormes gafanhotos q mais parecem helicópteros verdes pulando aqui e acolá!
A picada termina ao sopé de outra seqüência de rampas e lajes mto + íngremes q as do inicio, c/ o diferencial q estas aqui estão cobertas tb de terra e areia, o q as torna relativamente escorregadias. Começa então a subida pelas aderências menos lisas, de preferência acompanhando a faixa de arbustos laterais q serve tb de corrimão. O sol bate forte e rijo sob o corpo, aumentado ainda + a sensação de calor emanada pela rocha, mas agora não há volta. E toca pra cima! Assim, vou serpenteando aderência atrás de aderência através de eventuais matinhos, sempre agarrando nos galhos próximos ou galgando degraus de bromélias, ate o alto.
Após um curto trecho de escalaminhada por entre algumas rochas, chegei ao topo as 13:00. Mas o topo é largo e forrado de vegetação ressequida. Mas aí, basta acompanhar uma picada q atravessa o emaranhado de galhos q nos leva aos dois mirantes do alto, relativamente próximos entre si oferecendo vistas diferentes da pedra. O 1º tem uma visão ampla de trás, c/ os contrafortes rochosos da Mata do Gemedouro ao fundo, perdido em meio a morrotes cercados de caatinga e q é outra caminhada da região q demanda quase um dia inteiro. Percebe-se tb varias trilhas se entrecruzando e q provavelmente levam a outros domos rochosos. No outro mirante, bem + amplo, temos uma panorâmica da frente da pedra, c/ o camping do Seu Tico 340m abaixo, miniaturizado, assim como o , espelho dagua do açude e Rio Calabouço, refletindo o céu azul daquele inicio de tarde, ao longe.
Destacam-se tb outras belas montanhas rochosas apontando para o céu, destoando do horizonte retilíneo e agreste de tons amarelados. Um descanso merecido nas quentes lajotas, seguida de uma contemplação s/ pressa da paisagem do sertão é algo recompensador. Felizmente uma nuvem me brinda efemeramente c/ sua sombra, assim como uma suave brisa parece soprar meu rosto como q , parabenizando o bravo feitio. Eu estava certo: não é uma escalada p/ constar nos livros, mas a conquista de seu topo é comemorada mesmo assim pelos q sabem apreciar qq tipo de altitude, mesmo as modestas destes rincões do nordeste.
A volta é feita em bem menos tempo do q o tomado p/ cume, atentando apenas c/ cautela o trecho íngreme c/ areia já mencionado. E assim, retorno ao camping quase 14:15, sob um sol de rachar côco. Parabéns, seu cabra retado! Nem eu sô doido p/ subir nesse horário não, ôxe!, ouço Seu Tico dizer. A 1ª providencia q tomo é uma boa chuveirada, seguida do farto e delicioso almoço (rubacão e galinha guisada) de Dna Nazareth, regado a mta cerveja gelada! Claro q encerrara meu expediente, pois o resto do dia fiquei só de bobeira, à sombra do refeitório, já q entrar na barraca era o mesmo q entrar num microondas ligado ou numa sauna seca.
Não restou opção senão conversar c/ Seu Tico e outros eventuais turistas, c/ os quais tomei conhecimento de varias outras caminhadas de um dia, exóticas e acidentadas pela região (e q podem ser emendadas), como o rolê à Pedra do Letreiro, Pedra do Violão, Pedra do Coração, entre varias outras. Enfim, opção é o q não falta neste parque q, à titulo de comparação, é mto parecido c/ o Pque Estadual 3 Picos ( Salinas, RJ), só q encravado no meio do sertão! Seu Tico, contudo, reclama q ultimamente tem aparecido gente q deixa som do carro alto e faz bagunça à noite. Aqui é p/ curtir a natureza na calma! Não pra dançar forró! Daí eu já corto as asinhas!, emenda.
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Satisfeito c/ o q já havia visto naquele dia, zarpei a manha sgte bem cedo p/ meu próximo destino, Campina Grande, já garantindo carona na motoca do Seu Tico p/ Passa-e-Fica. E claro, prometendo-lhe qq dia retornar diante de tantas possibilidades na região. Interessante como ainda há muito a ser descoberto e revelado neste pitoresco parque de beleza rústica. Locais perdidos entre seus chapadões, cafundós e serras de pura rocha, q certamente terá sempre atrativos e encantos exóticos capazes de surpreender o + radical dos aventureiros.
O Pque Estadual Pedra da Boca já possui recursos de sobra para atrair quem quer q seja e apenas espera a chegada de novos aventureiros e exploradores. Ou quiçá, melhor q fique incógnito mesmo. Só assim p/ aquele pitoresco rincão no meio do sertão se manter preservado, sossegado e tranqüilo. Eis o paraíso q Seu Tico sempre almejou.
:: Leia a primeira parte do artigo
Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/l_trek.html
Fotos:
Mell Meziat Godoy &, Paulo Rodrigues ,