Silvério Nery comenta bloqueio do Brasil na IFSC

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O presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), em entrevista cedida à Luciano Fernandes, do Blog de Escalada, comentou a atual situação do Brasil diante a entidade máxima no mundo da escalada de competição, a Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC).


Na semana passada uma notícia abalou a já diluída comunidade brasileira de escalada de competição: Sem poder honrar as dívidas com a entidade máxima da organização de campeonatos de escalada, os atletas brasileiros ficaram impedidos de competir em eventos oficiais da IFSC, o que inclui Copas do Mundo e Mundiais Máster e Juvenil.

Houve grande comoção, com ampla participação de escaladores do Brasil inteiro que via lista de emails, tentaram entender o que houve, procurar soluções, não faltando também quem, revoltado, culpasse um ou outro pelo ocorrido.

Para apurar os acontecimentos, Luciano Fernandes, do Blog de Escalada, entrevistou Silvério Nery que pôde explicar como o Brasil chegou nesta desagradável situação e também deixar evidente as dificuldade de organizar o montanhismo e escalada no país. Confira na íntegra as palavras de Silvério :

Luciano Fernandes – Silvério poderia explicar sobre o bloqueio de atletas brasileiros pelo IFSC? Há quanto tempo a CBME sabe da necessidade deste pagamento e das pendências de pagamentos atrasados?

Silvério Nery – A dívida que provocou o bloqueio é de 2.395 Euros.

A maior parte desse valor (~85%) é de 2008 e refere-se à anuidade e taxas de inscrição em campeonatos mais licenças internacionais para atletas (simplificando: “taxas”).

Os outros 15% são taxas de 2009 e 2010, para as quais temos caixa para pagar, mas isso não atenderia às atuais exigências do IFSC, eles querem que liquidemos o total.

Alem disso há a anuidade de 2011, de 2000 Euros, que já é considerada vencida pelo IFSC, mas não foi citada como causadora do bloqueio.

Desde que fundamos a CBME temos basicamente duas grandes contas para pagar, as anuidades da UIAA e do IFSC. O IFSC foi fundado em 2007, mas antes já havia o Comitê de Competições da UIAA, o ICC, com anuidade à parte.

Até 2004, ano de fundação da CBME, o Clube Alpino Paulista era filiado à UIAA e pagava essas anuidades. Eram valores menores que os atuais, pois o CAP, por não ser Confederação, figurava como membro sem direito à voto na UIAA.

Os atletas que competem fora do pais sempre souberam das dificuldades para pagar a anuidade do antigo ICC e do IFSC.

Embora não estejam a par dos detalhes, conhecemos quase todos pessoalmente, sempre conversamos e muitas vezes nos ajudaram levando dinheiro em mãos para pagar anuidades ou taxas de inscrição em campeonatos.

Esse era um outro problema que tínhamos até 2008, o alto custo para transferência do dinheiro.

Para fazer isso de forma convencional, através de transferência bancária, teríamos que arcar com 15% de imposto e mais uns 2% de comissão para o banco, ou seja, totalmente inviável.

E foi por causa desse problema que surgiu essa dívida que hoje está atrapalhando as inscrições nos campeonatos.

Em 2008, por sugestão do pessoal da UIAA, pagamos aquela anuidade por meio do PayPal. A taxa para essa transação ficou em ~4%, um valor razoável.

Imediatamente passamos a sugerir ao IFSC que também operasse dessa forma, mas eles não aceitaram.

Ficamos insistindo durante um bom tempo e com isso a anuidade e as taxas de 2008 ficaram pendentes.

Por fim, no final de 2009 o IFSC aceitou o PayPal para pagamento da anuidade e taxas de 2009 e os valores de 2008 ficaram meio que esquecidos por ambas as partes.

Entretanto, até o ano passado nunca havia ocorrido nenhum bloqueio à participação de nossos atletas e as anuidades sempre foram pagas com atraso.

O IFSC (e também a UIAA) envia a fatura logo no inicio do ano com vencimento imediato, mas nós demoramos meses para conseguir receber as anuidades das Federações e Clubes filiados e apenas conseguimos pagar a UIAA e o IFSC no final do ano. Isso aconteceu todos os anos e o IFSC sempre relevou os atrasos e liberou a participação dos atletas.

Até início de 2010 as negociações sempre foram amigáveis, reconhecemos as dívidas e estabelecemos prazos razoáveis para quitá-las.

Em fins de 2009/começo de 2010 apareceram os primeiros sinais de mudança de atitude. Houve alteração na estrutura do IFSC (a tesouraria passou para uma representante dos EUA, antes era uma suíça-italiana) e recebemos um e-mail cobrando faturas “em atraso” desde 2005 e ameaçando o bloqueio na participação dos atletas.

Nesse ponto é preciso que se diga que o IFSC não é (ou não era) um primor de organização.

Boa parte dessas faturas já havia sido paga e tivemos um trabalho enorme para realizar um levantamento detalhado, localizar recibos – alguns entregues em mãos para Belê/Janine/Ricardo Leizer quando pagaram diretamente ao representante do IFSC durante algum campeonato – e correspondências antigas.

Depois de muitas idas e vindas o IFSC reconheceu os recibos que enviamos, nos enviou algumas faturas que não havíamos recebido antes e por fim apenas as dívidas de 2008 permaneceram em discussão. E o bloqueio mais uma vez não aconteceu.

No início deste ano recebemos outra vez uma cobrança através de e-mail, desta vez mais duro, cobrando os atrasados de 2008/2009/2010.

Dessa vez a ameaça foi mais incisiva, havia uma data limite para pagamento a 5 dias do recebimento do e-mail. Alem disso, no dia anterior havíamos recebido um e-mail dizendo que anuidade 2011 havia subido de 1.500 para 2.000 Euros.

Esse é o segundo aumento desde 2008, quando a anuidade era de 1.000 Euros (ou seja, dobrou em 4 anos).

Respondi dizendo que reconhecíamos a dívida mas que não havia nenhuma possibilidade de quitá-la no prazo de 5 dias.

Solicitei parcelamento, 50% até o final deste ano (junto com a anuidade 2011) e outros 50% até o final do ano que vem. Não aceitaram e o bloqueio foi estabelecido.

Pelo relato acima espero que tenha ficado claro que fomos pegos de surpresa com a atual intransigência do IFSC e que os atletas foram avisados assim que percebemos que desta vez a atitude do IFSC não seria cooperativa.

LF – Os principais atletas interessados em competir foram avisados sobre estes débitos? Houve disseminação desta informação?

SN – Que soubemos que o IFSC não aceitaria nossa proposta de parcelamento da dívida a Rosita Belinky, que cuida das relações internacionais da CBME entrou em contato com todos os atletas interessados em competições internacionais e avisou do bloqueio.

Essa informação foi também repassada para todas as listas de discussão de montanhismo, blogs, Facebook etc., gerando a atual onda de interesse no assunto.

LF – Em caso de uma arrecadação, como seria feito o rateio entre as federações para este pagamento?

SN – No estatuto, as anuidades da CBME são rateadas entre as Federações filiadas na proporção do número de sócios (pessoas físicas) de cada uma delas.

Creio que esse esquema deve ser mantido no caso de uma arrecadação específica para quitar essa dívida.

LF – Há cinco anos atrás o estado de São Paulo possuía 4 ginásios de escalada, várias etapas do estadual. No mesmo período havia várias etapas do brasileiro também no país. Hoje a cidade de São Paulo possui apenas 2 ginásios, e há cerca de dois anos não existe um campeonato paulista, e o brasileiro é realizado em uma única etapa.
Quais seriam os motivos que levaram a esta retração, sendo que há crescimento dos praticantes do esporte?

SN – Parece que todos os esportes passam por isso, uma fase de “descoberta” da atividade por uma parcela da população, com ingresso de grande número de praticantes.

Depois há uma queda, muitos perdem o interesse e ficam apenas os apaixonados, aqueles para os quais a atividade é parte importante da vida e não apenas um hobby. No caso da escalada, alem desse fator, não podemos esquecer que a competição é apenas uma das múltiplas vertentes da atividade.

Muitos praticantes não gostam de competições, inclusive alguns que escalam indoor e com alto nível técnico. Outros gostam de escalada tradicional e quase nunca vão à ginásios.

Eu participei ativamente da organização de campeonatos desde 2002 até 2006. Em 2007 fui trabalhar fora de São Paulo e passei a acompanhar mais de longe.

O que percebi foi uma queda progressiva do interesse tanto de atletas quanto de dirigentes, principalmente em São Paulo e Paraná, que até há pouco eram os que “puxavam” as competições, com número maior de ginásios e atletas.

LF – Para se filiar à FEMESP há várias exigências que são consideradas desestimuladores e desnecessários à comunidade escaladora. Quais os motivos de possuir um sistema tão rígido e burocrático de aceitação?

SN – A filiação direta de montanhistas à Federação é um desvio do caminho preconizado pelo sistema desportivo.

O ideal seria que as pessoas fossem filiadas aos Clubes, fortalecendo com isso as bases da estrutura do sistema.

Os Clubes são a base fundamental da existência das Federações, é por causa dos Clubes que as Federações existem.

Apenas os clubes tem direito a voto nas assembléias e apenas sócios de clubes podem ser candidatos a cargos de diretoria nas Federações.

Dito isso, vou tentar explicar os critérios de filiação à FEMESP :

Quando fundamos a Federação não havia a possibilidade de filiação direta e com isso esperávamos fortalecer os Clubes.

Entretanto, após alguns anos notamos que a situação dos clubes havia se estabilizado e que havia algumas pessoas interessadas em ajudar a FEMESP, mas sem qualquer interesse em se associar a nenhum dos Clubes atuais.

Algumas dessas pessoas até tentaram fundar novos Clubes (o que seria o ideal), sem sucesso.

Então resolvemos “abrir“ a filiação direta condicionada ao atendimento de algumas condições.

Primeiro, para não haver uma “competição desleal” com os Clubes, o valor da anuidade ficou na média dos valores cobrados pelos mesmos.

Alem disso consideramos importante que o filiado possua conhecimentos básicos de montanhismo, ou seja, deve possuir conhecimentos mínimos iguais aos recomendados para os sócios de Clubes, que é o currículo do Curso de Iniciação ao Montanhismo – CIM. E por fim, para evitar a filiação de pessoas mal intencionadas e eventuais fraudes na apresentação dos documentos, pedimos 3 cartas de apresentação.

Alem disso há a documentação normal, CPF, RG e comprovante de residência, este último necessário porque uma Federação estadual não pode aceitar sócios de outros estados para não invadir a jurisdição das outras Federações.

As cartas de apresentação, que para mim não parecem ser uma coisa complicada de se conseguir, tem sido alvo da maioria das reclamações do “excesso de burocracia”. Essa é uma forma imperfeita, reconheço, de tentar evitar problemas de responsabilidade jurídica e de imagem que a Federação pode ter por conta da atitude de seus filiados.

É obvio que as cartas de apresentação não evitam que um filiado ponha fogo no Parque Nacional de Itatiaia ou que um acidente fatal ocorra numa cordada liderada por um filiado, mas pelo menos elas restringem o universo de filiados a pessoas identificáveis que podem ser localizadas em caso de necessidade.

De qualquer forma estamos avaliando a possibilidade da adoção, a médio prazo, de procedimentos mais simples e a flexibilização dos critérios para filiação individual à FEMESP.

LF
– No estado de São Paulo, e em alguns locais do Brasil, alguns locais de escalada, em especial a escalada esportiva (Guaraiúva e falésia paraíso) foram fechados para a prática de escalada. Como a FEMESP e a CBME têm atuado neste aspecto?

SN – Os problemas de acesso foram os principais motivos para fundação das Federações do Rio e de São Paulo.

Cada caso é um caso e a experiência mostra, principalmente nas áreas particulares, que a melhor estratégia é apoiar e incentivar ações locais, o contato direto entre os freqüentadores mais próximos com os proprietários.

Nos casos citados, a FEMESP atuou e atua procurando alternativas que permitam a reabertura dos acessos, sempre em comum acordo com os escaladores locais.

Na Guaraiúva o que motivou o fechamento foi um desentendimento do irmão do montanhista André Prata com o principal proprietário.

André Prata foi o conquistador das primeiras vias no local e foi quem negociou o acordo que permitia o acesso.

Infelizmente até hoje os proprietários permanecem firmes na decisão de manter o acesso fechado.

Já tentamos várias vezes, conversamos com eles, enviamos uma comissão da FEMESP com propostas diversas, mas eles não arredaram o pé.

O caso recente da falésia Paraíso foi parecido, um escalador se envolveu num acidente com um morador local.

E para evitar mais problemas o proprietário fechou o acesso.

O problema é recente e estamos conversando com os conquistadores das vias da falésia para entender melhor o problema e apoiar/sugerir alternativas de negociação com os proprietários.

O que transparece nesses casos é a aparente desinformação e uma atitude um tanto negligente de alguns escaladores com relação aos locais de escalada.

É importante notar que todas as áreas de escalada no Brasil estão em propriedade privada ou em Unidades de Conservação (parques, reservas naturais, etc.).

Em ambos os casos há regras e limites a serem respeitados, especialmente nas áreas particulares, onde escalamos no quintal da casa dos proprietários.

E antes de pensar em partir para a via judicial é importante observar que a propriedade privada no Brasil é bastante protegida pela lei.

LF
– Como é a preocupação de atuação da FEMESP e CBME nas conscientização dos praticantes de escalada em academias, muros e locais de escalada?

SN – A preocupação existe e procuramos atuar com os meios de que dispomos, através das listas de discussão na internet e conversas diretas com os principais formadores de opinião.

A situação é triste porque os fechamentos muitas vezes são provocados por atitudes impensadas ou negligentes de uma ou duas pessoas, resultando em penalização para toda a comunidade.

Acho que ajudaria muito se os prejudicados, ou seja toda a comunidade, procurasse fazer uma parte desse trabalho de conscientização visando um comportamento irrepreensível em todas as áreas de escalada.

Antes de mais nada, cada escalador deveria se policiar para perceber se está agindo de acordo com a ética da escalada e com regras básicas de educação e conduta social.

A partir daí essa pessoa será capaz de dar o exemplo e depois cobrar, sempre de forma cordial e amigável, uma atitude semelhante de seus colegas de escalada.

LF – A FEMESP, ou a CBME sabe, ou tem uma estimativa, qual é a quantidade de praticantes de escalada e/ou montanhismo nos estado de SP e até mesmo no Brasil? Destes quantos são contribuintes com mensalidades?

SN – Temos uma estimativa de 20 mil praticantes regulares no Brasil, incluindo montanhismo tradicional e escalada.

A CBME conta hoje com cerca de 1.450 sócios (pessoas físicas) pagantes em todas as Federações e Clubes filiados.

LF- Existe algum planejamento por parte da FEMESP, ou até mesmo da CBME de realizar um censo da escalada ou um levantamento de locais fechados no Brasil inteiro para a disponibilização para o público?

SN – No momento um censo não está entre nossas prioridades.

Lógico que seria ótimo, mas se avaliarmos os resultados dos censos realizados recentemente pelo Davi Marski e pelo Leonardo Pereira percebemos que, embora seus resultados seja muito interessantes e esclarecedores, o universo das pesquisas ficou reduzido por estar restrito a quem tem acesso à internet e se dispôs a responder às pesquisas.

Para realizar um censo mais abrangente seria necessário recorrer a entrevistas diretas e/ou outros recursos que não dispomos por enquanto.

Na área do acesso a FEMERJ tem um projeto, o Acesso às Montanhas, coordenado pela Kika Bradford.

Eles estão trabalhando em várias frentes e creio que já existe uma lista dos locais fechados: http://escaladajpa.com.br/acessoasmontanhas

LF- Qual é o respaldo, e a preocupação dada pela CBME para os atletas dispostos a competir internacionalmente?

SN – Em situação normal, sem bloqueio, as inscrições para campeonatos oficiais do IFSC só podem ser feitas pela CBME.

Os atletas devem pagar as taxas e enviar o formulário de licença de competição para ser assinado pelo presidente (no caso, eu).

O formulário depois é enviado para a sede do IFSC na Itália (em papel, pelo correio convencional).

A Rosita coordena esses procedimentos e centraliza os contatos com os atletas.

No momento estamos em contato com os atletas afetados pelo bloqueio, explicando a situação, informando todos os passos do processo e recebendo apoios e sugestões.

Existe um movimento de alguns atletas em busca de patrocínio para ajudar a quitar a dívida e levantar o bloqueio, mas até o momento não temos uma posição clara sobre essa possibilidade.

LF-
Quais serão as medidas a serem tomadas pela CBME para que seja desfeito o bloqueio dos atletas brasileiros?

SN – Por um lado estamos solicitando uma atitude mais cooperativa ao IFSC, procurando mostrar que os aumentos sucessivos de anuidades estão colocando um ônus muito pesado sobre as Confederações.

É importante notar que o Brasil não é o único devedor, são 44 países, alguns com débitos superiores a 10 mil Euros.

Isso parece indicar que há algum problema mais grave no sistema da escalada esportiva mundial.

Por outro lado estamos conversando com todas as Federações filiadas para avaliar quais as possibilidades de pagamento rápido dessa dívida.

Infelizmente por esse lado a situação é muito complicada.

Todas as Federações e clubes tem dificuldades financeiras e a conta com UIAA e IFSC juntos desde o início da CBME sempre se mostrou muito pesada para todos.

Em 2011 temos que pagar mais de 9 mil reais em anuidades (fora os atrasados) o que representa mais de 90% do valor das anuidades arrecadadas pela CBME.

A discussão de fundo que aparece agora é sobre a viabilidade de continuarmos filiados às duas instituições e se não valeria mais à pena utilizar esse dinheiro em outras prioridades.

LF –&nbsp, A perda do Presidente da FEMERJ, Bernardo Collares, foi imensa. Como está a CBME hoje sem a presença do Bernardo?

SN – Perdi um dos meus melhores amigos, parceiro de escalada e o cara que mais se identificava comigo nas questões do montanhismo.

Não é nada fácil, mas as coisas vão se ajeitando, não temos opção.

Na CBME aos poucos o Delson Queiróz (atual presidente da FEMERJ, com o qual também tenho ótimo relacionamento) vai tomando pé da situação. Estou procurando me desdobrar para atender a demandas que antes ficavam por conta do Bernardo.

Sinto por não ter a mesma disponibilidade de tempo que ele tinha.

Na semana passada, por exemplo, não consegui ir ao Seminário que marcou a reabertura da Lapinha, foi numa quarta-feira e o trabalho me impediu de viajar.

Mas agora estou aqui, em pleno domingo, respondendo às perguntas dessa entrevista, por saber da importância de um maior esclarecimento para a comunidade sobre o problema com o IFSC.

LF -&nbsp, Como está a situação da CBME com relação à possibilidade de regulamentação do montanhismo pela ABETA?

SN – Procuramos manter um relacionamento pragmático com a ABETA, porém as vezes os conflitos de interesse impedem maior aproximação.

Deve ficar claro para todos que a ABETA nunca reivindicou abertamente a regulamentação do montanhismo, mas o sistema de normas que eles ajudaram a criar tem potencial para isso.

No ano passado tivemos uma boa reunião com eles, eu e o Bernardo e ficamos de avaliar a possibilidade da criação de cursos, pela CBME, para os monitores de técnicas verticais que trabalham no mercado de aventura.

Isso foi um pedido feito pelo Jean Claude da ABETA e seria uma forma bem interessante da ABETA reconhecer, na prática, que a CBME detém as competências para essas atividades.

Em paralelo estamos acompanhando os tramites no congresso dos projetos de lei que nos afetam.

Com as eleições perdemos alguns bons contatos, principalmente com o Deputado Walter Feldman, que não foi reeleito e agora estamos refazendo o caminho das pedras.

LF -&nbsp,
No Rio de Janeiro os cursos de escalada são homologados pela FEMERJ com currículum obrigatório e cadastro dos instrutores. No estado de São Paulo, e no Brasil haverá este controle?

SN –
Em São Paulo também temos um modelo semelhante ao da FEMERJ.

Existe o CIM, Curso de Iniciação ao Montanhismo, um currículo mínimo que é seguido pelos clubes filiados, com exceção da APEE, que trata exclusivamente de escalada esportiva e não oferece cursos de escalada em rocha.

Não é viável pensar em um controle nacional para isso. Cada Federação deve ser independente e estabelecer os critérios para o estado de sua jurisdição.

O que entendo que a CBME deve fazer é estabelecer padrões que sirvam de referencia nacional.

Recentemente criamos um padrão de currículo mínimo para guias de montanha voluntários.

O que esperamos é que esse padrão sirva como referencia para as pessoas que quiserem ser reconhecidas como Guia de Montanha no Brasil.

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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