Skycamping – Acampando no cume

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Skycamping consiste em acampar no cume de montanhas elevadas. É uma atividade arriscada e complicada, motivo pelo qual são poucos os alpinistas que se aventuram a praticá-la.

 

O skycamping
 
Há incontáveis casos de alpinistas que dormem no cume de montanhas pouco elevadas, onde o ar rarefeito não apresenta um desafio tão grande ao organismo. Já nas montanhas mais altas, o negócio muda de figura, motivo pelo qual temos raríssimos casos de skycamping em montanhas 7000 e 8000.
 
No Everest, houve o célebre e espantoso skycamping do lendário Babu Chhiri Sherpa, que permaneceu uma noite inteira no cume, em 1999, totalizando 21 horas, sem oxigênio suplementar. Em 2011, o nepali Bhakta Kumar Rai repetiu o feito, ficando 32 horas no cume, meditando, das quais 20 foram sem oxigênio engarrafado (Bhakta é o líder de uma seita – Caminho Celestial – e se entitula O Supremo Mestre Anjo de Deus).
 
Karen McNeill e Sue Nott dormiram no cume do Denali em 2004. No mesmo ano, Damian Gildea dormiu no cimo do Vinson. Em 2007, fizeram skycamping no Ama Dablam os americanos Aric Baldwin e Jeff Sondermeyer. Em 2011, o top climber Denis Urubko dormiu no cume do Khan Tengri.
 
Além dessas aventuras mais curtas, houve dois experimentos de longa estada em alta montanha. Em 1979, o francês Nicolás Jaeger permaneceu 60 dias acampado próximo ao cume do Huascarán, no Peru. Mais espantoso foi o desempenho do espanhol Fernando Garrido, que conduziu uma experiência impressionante entre 1985 e 1986, quando acampou, dez metros abaixo do cume do Aconcágua e lá permaneceu por longos 66 dias! A aventura rendeu um livro: "7000 metros, diário de supervivencia: 2 meses solo en la cumbre del Aconcagua", publicado em seu país natal. Sobre sua experiência, Garrido mencionou para o jornal El País, que "foi uma experiência terrível. Não conseguia nem ler os livros que levei, pois era incapaz de realizar o menor esforço mental. Sempre estava cansado, até o extremo de chorar cada vez que tinha que fazer comida".
 
Anneli Wester: a especialista
 
A sueca Anneli Wester começou a se interessar por aventura após ter sido acometida por uma sequência de doenças quando era adolescente. Anos de tratamentos complicados foram necessários para restaurar sua saúde. Quando melhorou, resolveu aproveitar a vida e a realizar aventuras em todos os continentes, acumulando um currículo impressionante (já visitou sessenta e cinco países).
 
Ao longo de suas aventuras, passou a se interessar – e a praticar – o skycamping. No princípio, foram montanhas entre 1.500 e 2.000 metros na Suécia e na Noruega. Quando sentiu-se confiante, passou a acampar no cume de montanhas cada vez mais elevadas.
 
Assim é que ela já dormiu no cume do Mont Blanc (4810m), do Elbrus (5642m) e do Aconcágua (6962m). Sua maior façanha, até o momento, foi o primeiro skycamping no cume do Muztagh Ata (7546m), em 2011, após culminar a montanha solo e em estilo alpino.
 
Para 2012, ela iria tentar elevar sua quota, e acampar no cimo do Gasherbrum II (8035m) e, depois, do Cho Oyu (8188m), mas houve dupla frustração. O clima no Karakoram estava tão instável que não foi possível culminar o Gasherbrum II. Quanto ao Cho Oyu, o seu permit não foi liberado pelas autoridades chinesas, e o que era para ser um ano dourado acabou virando um ano frustrado. Mas ela já anunciou planos para, nos próximos anos, tornar-se a primeira mulher a fazer um skycamping no Everest (8850m).
 
Para quem quiser saber mais sobre o skycamping:
 
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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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