Tarija (5200m) e Huayna Potosi (6088m).

0

O Pico Tarija (5200m), localizado a aproximadamente 3hs de La Paz , bem como toda a região do Condoriri na Cordilheira Real Boliviana, é um dos lugares perfeitos para se aprender com cautela e segurança os prazeres da pratica do montanhismo em altas montanhas e altitude.


Saindo dos Vulcões Equatorianos e caminhando para o altiplano Boliviano, recebi um grupo de brasileiros que iriam participar conosco da Grade6 de um curso de escalada em Gelo. A chegada na Bolívia é sempre uma surpresa para aqueles que vêem do nível do mar como os brasileiros e pousam a 4100m de altitude da cidade de “El Alto” em La Paz.

Como de costume já iniciamos o curso com ensinamentos básicos (1ª Pirâmide) que são uma hidratação de aproximadamente 4 litros de água por dia, uma alimentação leve e livre de gorduras e é claro uma aclimatação regrada de grande economia energética desde o principio.

Depois dos 2 primeiros dias de autoconhecimento na altitude, seguimos com nossos parceiros , amigos e clientes para região do Condoriri que escolhemos há mais de 15 anos , não só pela beleza visual mas por ser uma região mais abrigada de ventos fortes e intempéries mais severas , possibilitando também um ambiente de Glaciares propícios e didáticos para prática inicial da escalada em Gelo.

Fazendo o Trekking de aproximação mais uma vez contemplamos lindos dias ensolarados típicos do inverno Boliviano que encontramos nesta data, porém este ano ainda mais frio que o natural, o que podemos contatar por temperaturas abaixo de -15°c durante a noite e através da grande quantidade de gelo duro que havia nos Glaciares. Tivemos 3 dias de exercícios práticos e teóricos aprendendo entre muitas outras técnicas, o deslocamento em glaciar, a recuperação de queda, ancoragens no gelo e neve, nós em geral , tipos e formas de vestimentas e suas especificações.

Após os 3 dias de atividades , tivemos um dia para descansar antes de nosso ataque ao cume ou batismo, e para o curso ficar mais completo o tempo fechou e durante o nosso ataque ao cume do pico Tarija (5200m), pegamos uma nevasca destas deliciosas , desde que se conheça muito bem o terreno onde esta pisando.

A meu ver esta nevasca só teve pontos positivos, proporcionando aos alunos a verdadeira realidade da montanha que é mutável a cada momento e, além disso, fazê-los conhecer ainda mais seus medos e limites pessoais.

A tal nevasca nos assolou por toda a escalada, mas mesmo assim depois de aproximadamente 5hs chegamos ao cume com 3 de nossos participantes que além de tudo aprenderam que o cume não é o mais importante durante uma escalada e sim todo autoconhecimento adquirido em todos os momentos daquela viagem e com outros amigos.

Depois do encerramento deste curso recebemos mais brasileiros e seqüencialmente fomos para o Huayna Potosi (6088m) que para muitos é o 6mil mais factível da América do Sul, também por estar localizado na Cordilheira real onde o ambiente é mais controlado devido à existência de uma Cordilheira Ocidental mais elevada que contem os ventos mais fortes provindos do Pacifico.

Além disso, o Huyna Potosi possue dois Refúgios, um localizado na base da montanha e um avançado localizado a 5130m de altitude, que facilitam bastante à logística das expedições desprezando o uso de barracas e transporte de cargas elevadas entre os acampamentos. A escalada oferece também tranqüilidade técnicas com elevações de 30°, revezando com passagens com pouca inclinação que se pode caminhar sem gastos intensos de energia, sendo utilizados como pontos de descanso na subida.

Em termos de visual e contemplação, esta montanha também é privilegiada não só pela altitude, mas também porque pelo lado oeste podemos avistar todo altiplano boliviano com a cordilheira ocidental ao fundo e pelo lado leste toda a Amazônia Boliviana.

Seguindo o padrão de aclimatação lento e saudável podemos chegar ao cume com 4 de nossos participantes e particularmente pude sentir uma emoção a mais no cume deste ano, pois ele se encontra mais distante que o normal já que a rota teve de ser alterada devido o degelo na parte final que hoje esta com muita rocha solta e perigoso de progredir.

Este degelo obriga os montanhistas a darem a volta e entrar na aresta por completo escalando-a ate o cume mais alto, aumentando em aproximadamente 40 min a rota mais freqüentada da montanha.
Todo nosso grupo de participantes era bem unido, o que facilitou as conquistas pessoais e satisfações de cada um, além de escalarmos com grande vibração positiva.

Agradeço imensamente a Julio, Cris, Edna, Murilo, Carlos Azevedo, Reinaldo, Orlando, Juliano, Paulo, Mario, Sr.Sussumu, Chico, Marcelão, e toda equipe Osvi, Maria, Tuti, Juancho e Sergio.

Compartilhar

Sobre o autor

Carlos Santalena é sócio proprietário da Grade VI Viagens, conceituada empresa de expedições de Campinas SP. Ele foi o brasileiro mais jovem a escalar o Everest e também a escalar os 7 cumes.

Deixe seu comentário