Hoje em dia podemos escolher entre muitos modelos e marcas de membrana incorporadas também em muitos modelos de roupas e de calçados.
Vamos fazer uma pequena comparação entre os mais usados pela maioria dos montanhistas: aqueles modelos de gama média e preço similar, com uma excelente relação entre leveza, resistência e transpirabilidadee, ou seja, de excelente polivalência.
Daremos também os dados de membranas de alta gama e alto preço usadas para o alpinismo mais técnico. E é claro, não falaremos de qualquer tipo de membrana de baixa gama que se possa encontrar em marcas de pouco ou nenhum nome e que só são úteis se a roupa ou o calçado não forem utilizados além de para dar passeios pela cidade, e quando de curta duração.
Como veremos depois, todas estas membranas são totalmente impermeáveis e totalmente corta-vento. Assim a diferença entre elas terá que ser buscada na transpirabilidadee.
Deve-se notar que a transpirabilidade de uma jaqueta de 3 camadas é aproximadamente 30% menor que a de uma roupa de 2 camadas, e seu peso e rigidez são superiores. Assim, terá que por na balança o que preferimos: se escolher 3 camadas em uma jaqueta técnica muito resistente e duradoura, uma couraça, com maior peso, ou uma jaqueta mais leve, suave e polivalente, com maior transpirabilidade, muito útil na maioria das ocasiões e atividades.
Certamente, na hora de falar do calçado, neste será recomendável utilizar sempre 3 camadas, por sua resistência e sobretudo pelos problemas para fabricar o que for usar 2 camadas. Isto se entende facilmente vendo as diferenças entre 2 e 3 camadas:
• 2 camadas: Se lamina a membrana sobre a camada exterior. Para evitar que a membrana se danifique na parte interior, a roupa deverá levar um forro, que pode ser de tela.
• 3 camadas: Se lamina a membrana entre uma camada interior e outra exterior, ficando tudo unido. A primeira vista, parece um só material grosso.
Evidentemente, é prudente incorporar um forro solto de tela a uma jaqueta, mas já não é tanto em uma bota, já que este forro se romperia com muita facilidade, deixando sem proteção a membrana. Daí a maioria dos calçados com membrana utilizam o sistema de 3 camadas, muito mais resistente e duradouro.
Um calçado que possui membrana é importantíssimo. Embora o excesso de calor e de umidade nos pés não cause habitualmente problemas tão graves como os que podem produzir uma jaqueta (desidratação, hipotermia, etc.), tem que ter em mente que uma jaqueta pode ser aberta, possui ventilação, podemos retirá-la: as botas não. E no caso de uma queda brusca de temperatura, as consequências de estar com os pés molhados podem ser muito negativas. Pra não falar do incômodo e cansaço que é caminhar ou fazer alpinismo com os pés molhados, e inchados.
Nos testes que mais adiante mostramos, com dados oferecidos diretamente pelos fabricantes, mostram resultados similares, um pouco inferiores para o Goretex® Classic®, com diferenças desprezíveis sobre o terreno.
Para que as diferenças sobre o terreno sejam desprezíveis se deve a que tanto ou mais importante seja a forma de construir a vestimenta que o tipo de membrana que esta incorpore. E isto depende do fabricante da mesma, não do fabricante do tecido e da membrana.
Nem o material que evapora mais quantidade de vapor de água ao dia é capaz de eliminar o suor que se desprende durante uma atividade intensa. Por isso as jaquetas e calças possuem zíper de ventilação. Assim a marca que pesquisa e sabe projetar corretamente um artigo, utiliza um sistema eficaz que transfira o suor do corpo para a membrana, nos mantendo secos, independentemente do tempo que a membrana demore posteriormente para eliminar este suor para o exterior, terá uma jaqueta melhor que quem utiliza um material que elimine mais rápido, mas mantenha o corpo úmido.
Importantíssimo é o tratamento externo de repelência à água. Tem que ser muito bom e resistente ao uso, pois se não for, mesmo que a membrana faça que a vestimenta continue sendo impermeável, a umidade que se acumula no tecido externo bloqueia as saídas de vapor de água, e a transpirabilidade será reduzida ao mínimo.
Estes fatores deveriam ser os mais importantes na hora de escolher nosso material. Escolher uma marca de roupa de montanha conhecida e de confiança, com bons acabamentos e excelente projeto interno que nos mantenha o corpo mais seco possível, e um tratamento exterior de repelência de água muito duradouro que evite que a transpiração se bloqueie. O melhor é pagar mais por um projeto adequado e algumas garantias que pelo nome da membrana. Também deve-se duvidar ao encontrar membranas caras em marcas com preços muito reduzidos: provavelmente o desconto esteja no projeto e na qualidade da construção, fator fundamental para o funcionamento da vestimenta acima da membrana em si.
Antes de ver alguns dados ilustrativos do rendimento das membranas em laboratório, vamos explicar alguns conceitos básicos.
Sistemas:
• Laminado: É o empregado por Goretex®, Membrain®, Conduit®. A membrana vai laminada a um material suporte que a protege e mantém presa.
• Induzidos: Usado por Triplepoint® e Hyvent®. São sistemas no qual o tecido base é banhado com moléculas que o penetram e recobrem, formando um só material que compõe a membrana. Muito mais resistentes ao desgaste.
Dentro de ambos sistemas podemos diferenciar:
• Membranas de microporos, como Goretex® e Triplepoint®. Os microporos são milhares de vezes menores que as gotas de água, porém centenas de vezes maiores que o vapor de água. Isto faz que a água exterior não possa entrar, sendo impermeável, e por outro lado que o suor interno evaporado possa sair, resultando em um material transpirável.
• Membranas de moléculas hidrofílicas e hidrofóbicas, como Conduit® e Membrain®. As moléculas hidrofílicas recolhem a umidade interna, por contato a enviam para as moléculas hidrofóbicas que a rejeita expulsando para o exterior para a outra hidrofílica, e assim sucessivamente até o exterior da roupa.
Medições técnicas:
• Impermeabilidade: se mede em PSI (Pounds per Square Inch, libras por polegada quadrada). Mede a resistência estática à pressão de água que resiste um tecido. Ao maior valor, maior impermeabilidade. Um mínimo eficaz para uso comum em montanha seria 25 PSI, que equivale a uma coluna de água de 10000 mm. Para uso total em condições extremas, o ideal é 40 PSI ou superior.
• Transpirabilidade: se mede em RET, (Resistant to Evaporation Transfer), índice de resistência à evaporação. É inverso, quer dizer, o maior número RET significa maior resistência e menor transpirabilidade. Se considera que um material é extremamente transpirável abaixo de 60 RET. Como orientação, tenha em mente que 50 RET equivale a uma membrana que pode eliminar 25,000 gr/m² em 24 horas
• Resistencia à água do tecido exterior: se mede por meio do Spray Test. Um bom índice é a partir de 80/20, número que indica que 80% do material segue mantendo a repelência à água após 20 ciclos de lavagem. Isto não tem nada a ver com a membrana, e dependerá de cada fabricante de roupa, do tecido que utilize para apoiar a membrana e do tratamento de repelência empregado.
• Resistência ao vento: 0 CFM, 100%, significa que é completamente resistente ao vento, e que corta 100% do vento que recebe.
Os dados a seguir foram extraídos de testes de laboratório realizados pelas próprias marcas (clicando no nome poderá acessar os dados originais).
A respeito dos dados do Goretex® Classic®, acreditamos que estão mais atualizados os que se podem ler na página de Membrain® que os que estão na página da Goretex®, assim foram tomados os primeiros como válidos, já que a baixíssima transpirabilidade que indica nesta última web deve corresponder a materiais mais antigos.
Membrana | Impermeabilidade | Transpirabilidade | Corta vento |
GoreTex® Classic® 2 camadas 3 camadas |
40+ PSI 40+ PSI |
Ret 55 (hasta 90 según Gore) Ret 80 ( Ret <130 según Gore) |
0 CFM, 100%WP 0 CFM,100%WP |
GoreTex XCR® 2 camadas 3 camadas |
40+PSI 40+PSI |
Ret <=45 Ret <=60 |
0 CFM, 100% WP 0 CFM, 100%WP |
MemBrain® 2 camadas 3 camadas |
40+PSI 40+PSI |
Ret50 Ret60 |
0 CFM, 100%WP 0 CFM, 100%WP |
HyVent® 2 camadas 3 camadas |
60 PSI 60 PSI |
Ret 50 Ret 60 |
0 CFM, 100%WP 0 CFM, 100%WP |
Hyvent® é o sistema usado pela The North Face em algumas de suas roupas, MemBrain® é usado pela Marmot. Estes dados podemos tomar por base sem muitas variações para outros sistemas como o Triplepoint® da Lowe Alpine, Texapore® da JackWolfSkin, membrana eVent®, Conduit® da Mountain Hardwear, Aquafoil® da Berghaus, etc.
O primeiro destaque é a impermeabilidade total e a total resistência ao vento de todas as membranas. Assim as diferenças terão que ser buscadas na capacidade de transpiração. E podemos ver que estas são mínimas, e desde já menos importantes que outros fatores que citamos antes, como a qualidade e projeto da vestimenta, ou o tratamento de repelência à água.
Vemos que as diferenças entre umas e outras são muito pouco significativas. Podemos ver uma leve vantagem do Goretex® XCR® de 2 camadas sobre os demais, muito pouco considerável, e uma desvantagem do Goretex® Classic® para o resto das membranas.
Em definitivo, é o próprio mercado que iguala as diferenças: é difícil que uma marca de confiança utilize sua própria membrana se seu rendimento é inferior ao resto; e é difícil que alguém melhore de maneira significativa a capacidade de transpirabilidade de sua membrana sobre as demais.
É o momento de começar a avaliar o que realmente necessitamos segundo o uso que lhe vamos dar, e escolher sem preocupação entre as múltiplas possibilidades que as marcas de maior confiança nos oferecem hoje em dia: The North Face, Haglöfs, Lowe Alpine, Marmot, Mountain Hardwear, Berghaus, Grifone, Trangoworld, Jackwolfskin, Peak Performance, Helly Hansen, Patagonia….
Fonte de pesquisa: Barrabes, The North Face, Gore Tex, Marmot, Lowe Alpine