Tentativa de escalada invernal no Aconcágua chega a poucos metros do cume.

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Os dois montanhistas saindo de Penitentes, o ponto inicial da caminhada.

Em julho os montanhistas argentinos Germán Braillard Pocard e Luciano Merino tentaram chegar ao cume do Aconcágua. Uma escalada dificílima e pouco repetida durante os meses de inverno. Os dois escaladores chegaram até o Filo Del Guanaco a poucos metros do topo da montanha e foram obrigados a descer devido às condições climáticas ruins.

A aventura começou em 13 de julho. Pocard esta com 61 anos de idade e já realizou cerca de 40 expedições pelo mundo, fez 35 cumes em diversas montanhas e subiu o Aconcágua três vezes. Já seu parceiro Merino é estudante da escola de guias de Mendonza, a EPGAMT (Escuela Provincial de Guias de Alta Montaña y Trekking) e já esteve no topo das Américas duas vezes.

Mesmo com um o bom currículo e a vasta experiência os dois montanhistas precisaram cumprir regras rígidas para entrar no Parque Nacional do Aconcágua. Foi preciso assinar uma declaração de reconhecimento de riscos, apresentar um plano de emergência e evacuação, atestado médico autenticado perante um notário público e seguro médico cobrindo qualquer tipo de emergência e resgate. No momento o Parque esta fechado e não oferece nenhum serviço de emergência e salvamento, mas foi necessário pagar a taxa de permissão assim como é feito na alta temporada.

Puxar os trenós em trechos sem neve foi uma das dificuldades.

Eles enfrentaram muitos desafios desde o primeiro dia. O plano era usar trenós para carregar os equipamentos, mas a falta de neve dificultou a locomoção. Foram vencendo cada desafio até chegar a Coléra, a 5.950 metros de altitude onde descansaram e se prepararam para o cume.

Saíram do último acampamento para atacar o cume em um belo dia de sol e sem vento, mas ao chegar na chamada Caverna, finalmente se depararam com muita neve e gelo. Foi preciso escalar um trecho de escalada mista de gelo e rocha: “Nós tínhamos pioletes para caminhada, mas não técnicos, subimos um de cada vez com uma a ajuda de uma corda para nos dar segurança. Isso foi na parte chamada ombro. E nos deixou muito cansados ​​e nos atrasou”, contou Pocard.

Ao chegar ao Filo Del Guanaco por volta das 17h perceberam a mudança de tempo, com muito vento e neve. Além disso, os montanhistas haviam feito uma espécie de compromisso com a Patrulha de Resgate de não ir até o cume em caso de atraso. “Vamos ser cautelosos, dissemos. E nós descemos,” afirmou o montanhista

Muito próximos ao cume, no Filo del Guanaco

Mesmo sem completar a escalada os dois escaladores foram muito elogiados pela comunidade local, tanto pelo desafio que enfrentaram quanto pela decisão de descer e não se arriscar. Eles consideraram a jornada um bom aprendizado e se consideram satisfeitos com a altitude em que chegaram.

Em entrevista a Revista Cumbres, eles relataram um pouco da experiência que tiveram:

Após saírem do último acampamento se depararam com ventos fortes e muito gelo.

“A autonomia e exposição mais absoluta. Esse foi o desafio. Autonomia total, se você falhar em alguma coisa, pode tirar sua vida. Porque a Patrulha levará, em boas condições, dois dias para chegar e se houver mau tempo não irá. E menos ainda o helicóptero.

“Quando passamos pelo rio congelado, foi um belo momento, pensamos ‘8 bilhões de habitantes e somos os únicos aqui …’ para o bem ou para o mal, porque se algo acontece com você, é ruim. Nós éramos os únicos que desfrutavam de tal imensidão. Nós não encontramos nada, só vimos traços de pumas e lebres em Playa Ancha. Nada mais. É um sentimento especial”, contou Pocard.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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