Trazendo para nossa realidade este comentário, quantos de nos escaladores não esquecemos as adversidades da vida e nos dedicamos a escalar melhor, ou caminhar melhor? Quantos pais de famílias, engenheiros, médicos, professores e instrutores não se abstêm da diversão ou vida social para se dedicar ao esporte?
Academia no fim de um dia duro de trabalho no escritório, corridas e pedaladas a noite para melhorar o rítimo, horas no computador para melhorar a divulgação de material dedicado ao esporte, corrida por patrocínio, corte de despesas para escalar fora, e muita paciência para quando tudo der errado levantar a cabeça e seguir adiante.
Essas pessoas fazem do esporte seu modo de vida, a única forma de se encontrar, desafiar seus limites e entender que a subida de uma montanha e muito mais que uma foto na capa da revista, que um campeonato de escalada é muito mais que uma tentativa de medalha, o que estas pessoas querem é o desafio, a superação. Estes amantes do esporte estarão sempre tentando chegar mais longe, ser mais forte, ser melhor.
Alem destes, existem os que vieram para organizar a casa e ajudar estes esportistas a chegarem a seus ideais. São os que se dedicam a montar o palco e o pano de fundo para estes homens e mulheres que precisam superar seus limites. Pessoas que também dedicam horas do seu precioso tempo justificando, documentando e lutando pelos direitos dos escaladores e montanhistas. Estes atletas estão nas federações, confederações, Clubes e academias de escalada. Sem eles, escalar não seria tão simples.
Dedicados, montanhistas e escaladores superam desafios para chegar aos seus limites e buscar novos desafios, fazem por amor ao esporte, amor a si mesmo.
Mas como em toda jardim existem as ervas daninha, existem aqueles que tiram onda de escalador ou montanhistas.
Assim como as ervas daninhas, chegam sem ser convidados, se aproximam e criam raízes. Passam despercebidas e se aproveitam do que a boa planta recebe do jardineiro. Tiram proveito da situação confortável e estão sempre ao sol. Quando a planta boa morre, ela esta pronta para outra, e assim o ciclo recomeça.
Este é o caso do Mata-pau ou figueira-vermelha (Ficus clusiifolia) e das pessoas que tiram onda de escalador, quando percebemos, já é tarde. Academias fecham, sites quebram, clubes perdem sócios, amigos se separam e atletas deixam de escalar.
A melhor maneira de ser um bom esportista é não deixar o ego tomar o lugar reservado para nossas motivações e desafios. Não desista de seus ideais e busque sempre ir mais longe.
O Ficus clusiifolia só cresce se tiver onde se escorar, e como diria um grande amigo de faculdade Luiz Martinez, Quem dá luz a cego é bengala branca em Santa Luzia.
Para estes que pensam em tirar onda de montanhista ou escalador, gosto desta composição de Humberto Gessinger: – Se eu pudesse ao menos te contar o que se enxerga lá do alto. Com céu aberto, limpo e claro ou com os olhos fechados. Se eu pudesse, ao menos, te levar comigo lá.
E sabe o pior de tudo? Ainda tem destes que você leva para ver lá do alto, mostra o topo da montanha e mesmo assim ainda serão Ficus clusiifolia.
Força Sempre e boas escaladas.
Atila Barros