Equipes de salvamento alcançaram um montanhista italiano que se recusou a sucumbir à exaustão e congelamentos no K2 após onze outros alpinistas morrerem na segunda montanha mais alta do mundo, disse um guia paquistanês na segunda-feira.
“Marco (Confortola) está sendo acompanhado por quatro alpinistas e, muito provavelmente, esta noite ele será levado para o Campo Base Avançado (CBA) que se situa a uma altitude de 6000 metros,” Relatou Sultan Alam, um guia paquistanês, a partir do campo base do K2.
Três paquistaneses, carregadores de alta montanha, e mais um alpinista americano chegaram até Confortola após uma corrida montanha acima para trazê-lo até o acampamento onde alimentos e medicamentos o aguardavam, disse ele.
A escuridão tinha caído e era provável que o alpinista de 37 anos de idade iria passar outra noite no K2, antes que um helicóptero pudesse retirá-lo da pirâmide de rocha e gelo.
Os pés de Confortola estão em muito mau estado, mas aparentemente ele conseguiu salvar suas mãos, disse Agostino Da Polenza, chefe do grupo de montanhismo da Itália Ev-K2-CNR, após conversar com o alpinista por telefone via satélite.
“Claro, claro, vou continuar. Imagine se vou desistir agora,” Da Polenza citou como Confortola reagiu na segunda-feira, antes de ser abordado pelos socorristas.
As autoridades paquistanesas já confirmaram a morte de 11 alpinistas, no episódio mais mortífero da história do K2, mas os socorristas ainda estão em dúvida se mais ninguém esta desaparecido.
Preocupados, alguns colegas dos alpinistas mantiveram vigília no campo base do K2, procurando nos íngremes flancos da montanha.
Entre os mortos estão três coreanos, dois nepaleses, dois carregadores paquistaneses de grande altitude, um francês, um sérvio, um norueguês, e um irlandês anteriormente listado como desaparecido.
A avalanche de gelo caiu na sexta-feira, cortando as cordas fixas e impedindo aqueles que desciam do cume do K2 de prosseguir rumo aos acampamentos inferiores.
Naquele dia, várias equipes haviam se unido para realizarem juntos, o ataque ao cume. Pelo menos dois alpinistas já haviam morrido durante a subida. O desastre ocorreu durante uma íngreme descida em uma garganta conhecida como o Gargalo de Garrafa, acima dos 8200 metros.
A avalanche de gelo matou os três coreanos e outros dois alpinistas nepaleses e deixou cerca de uma dúzia de montanhistas que, exaustos da escalada, acabaram presos no ar rarefeito acima do Gargalo de Garrafa e sucumbiram a uma altitude conhecida como a “Zona da Morte”.
Wilco van Rooijen, o líder de uma equipe holandesa que fora resgatado, perdeu pelo menos três membros da equipe e disse, a partir da sua cama no hospital da cidade paquistanesa de Skardu, que dormiu duas noites no K2 sem saco de dormir, alimentos ou água.
Van Rooijen disse que ele estava gritando instruções para as pessoas trabalharem juntas, mas eles pareciam consumidos pela auto preservação.
Eles pensavam apenas em “meu gás, minha corda, ´meu´ qualquer que seja”, disse ele. “Realmente todo mundo estava lutando por si mesmo, e eu continuo não entendendo porque todo mundo abandonava uns aos outros.”
Certamente, Van Rooijen estava cheio de recriminações.
“O maior erro que fizemos foi que tentamos fazer acordos. Todo mundo tinha sua própria responsabilidade e depois algumas pessoas não fizeram o que prometeram”, disse o holandês.
Em toda a história, mais de 70 alpinistas já perderam a vida no K2, uma das montanhas mais difíceis de escalar do mundo.