Refúgio não apenas de vida semi-selvagem mas tb detentora de íngremes escarpas rochosas q abrigam conhecidas vias de escalada, o Cadeado tb guarda em seu setor norte um majestuoso e respeitavel desfiladeiro conhecido como Perau Vermelho. Pois bem, os elevados paredões verticais de arenito deste cânion podem ser perfeitamente palmilhados pelo alto de sua borda serrana numa caminhada moderada de menos de 30km percorridos tranquilamente em dois dias. Ou até menos, q foi nosso caso. Assim, aproveitando um fds de tempo limpo, realizamos uma travessia q alterna estrada de chão, trilhas e algum vara-mato. Uma pernadinha sussa e diferenciada numa região onde esta cadeia montanhosa destoa da horizontalidade do Planalto de Guarapuava, descortinando novas paisagens e mais possibilidades de programas pelo interior do norte paranaense.
Meu primeiro contato com a Serra do Cadeado foi a dois anos, qdo na cia de amigos realizamos uma travessia de fds q percorria basicamente td seu setor sul, passando pelo Mirante, Mirantinho, Pda do Favo e Perauzinho. Desde então prometi a mim mesmo q retornaria lá outra vez pra completar o serviço do setor norte, o q incluiria td a borda do Perau Vermelho, q naquela ocasião tive q me conformar em apenas ver de longe. A logística era relativamente simples, pois o inicio da pernada seria onde havíamos terminado a vez anterior, ou seja o Posto da Bica, as margens da PR-376. Já o final da travessia era uma incógnita e estava a mercê de onde o vento nos levasse, conforme as possibilidades se apresentassem no caminho. Mas uma coisa era certa: terminaria igualmente no asfalto, porém mais próximo de Mauá da Serra, ao norte. Pronto, resolvido. Simples. Ah,e aproveitei tb a ocasião pra testar (mais uma vez) duas mochilas de ataque q me foram entregues pelo fabricante, uma Deuter e outra Kailash. Esta ultima passei à Lau pra mesma experimentar e complementar meu parecer a respeito.
O sol brilhava naquela manhã de sábado e o céu estava totalmente despido de nuvens qdo eu, a Lau e a Cacau (respectivamente Laureci Silvana e Claudia Melatti) desembarcamos do busunga as 9:40hrs. Coincidentemente era a mesma dupla q me acompanhara na ocasião anterior, onde o único desfalque ficara por conta do Marcio Carvalho, q não viera junto por indisposição de sua esposa. De qq forma la estávamos nos três, animados e bem-dispostos, pisando no asfalto qdo saltamos do interestadual, q partira de Londrina 3hrs antes. A viagem transcorrera sem gdes intercedencias ou as trocentas paradas pinga-pinga de outrora devido ao fato do bus fazer outro trajeto de outrora, cujo destino era Ortigueira. De qq maneira isso não fez gde diferença pois a trip foi feita no mundo dos sonhos, a excessão pra Cacau, sempre desperta pra alertar o motora de nossa descida á beira da estrada. Particularmente lembro apenas da monotonia e horizontalidade dos intermináveis campos de soja e milho emoldurados pela janela, onde a topografia so começa a mostrar-se escarpado com a proximidade da Serra do Cadeado, após breve parada em Mauá da Serra.
Saltando então no asfalto, as margens do km 312 da PR-376, imediatamente rumamos pro Posto da Bica, situado quase no Bairro do Rio Preto, divisa de Mauá da Serra e Ortigueira. Lá abastecemos tds os cantis à tiracolo na tal bica – na verdade uma fonte improvisada – q empresta seu nome ao posto. O motivo pra levar td água possível pra dois dias era mais q justificado: apesar da região estar repleta de nascentes, o longo período de estiagem e a vegetação ressequida do entorno não garantia q eles estivessem satisfatoriamente cheios. Dessa forma cada um carregou algo de 3L, o suficiente pro consumo individual, janta e café-da-manhã.
Na sequencia pusemos-nos em marcha voltando uma centena de metros rodovia abaixo, sob o olhar altivo dos paredões escarlates do Cadeado q aqui observam feito vigias a rodovia serpentear suas encostas ora irregulares ora cortadas a prumo. Ao interceptar o precário e poeirento estradão de terra q dá acesso à Fazenda Perau Vermelho e passar pela porteira de acesso, é q começa finalmente a subida da serra ate os campos altos. Mas felizmente esta ascenção se dá tão suave como lentamente, em largos e esburacados ziguezagues q contornam a encosta desnuda da serra, salpicada por enormes blocos de rochas aqui e ali. No caminho, ao passar pelo sopé do Perauzinho, cruzamos com a muvuquinha do 13ª Encontro de Escalada, evento tradicional organizado pelo Clube de Montanha Norte Parananense. No caso, o Perauzinho corresponde ao setor com as melhores vias de escalada e estava reservado aos participantes do evento. Imediatamente o reconheci, pois foi no alto daqueles belos e imponentes paredões q pernoitamos na vez anterior.
A subida é lenta e demorada por conta das meninas, já a algum tempo descondicionadas e sem nenhuma atividade outdoor. Mas não tem problema algum, pois temos o dia inteiro pra alcançar nosso local de pernoite, q sequer fazia idéia qual seria por ter assumido de última hora as rédeas da empreitada. Explico: Marcio Carvalho, aquele q não veio por conta da esposa, era em tese quem capitanearia aquele rolê e sua subita ausência imediatamente me colocou naturalmente á frente do dito cujo, mesmo não conhecendo lhufas da região. O único q fiz foi tirar a carta de Mauá da Serra e estudar as possibilidades de avanço conforme elas se mostrassem favoráveis. E seja o q Deus quiser. O único detalhe era havia esquecido a bússola em SP, mas mal sabia q o bom tempo do fds e os descampados do alto da serra colaborariam horrores na navegação.
Qdo a estrada abandona a direção sudoeste, faz uma curva fechada e toca pra sudeste, não temos mais os largos visus q ate então agraciavam nossa vista a nordeste, como por exemplo a majestuosa Pedra Branca, enorme elevação q facilmente lembra a Pedra do Baú, e São Bento do Sapucaí (SP). Mas após passar por uma simpática toca à direita e um laguinho a nossa esquerda é q o terreno suaviza. A vegetação agreste e ressequida pontilhada de jerivás e cactos dá lugar aos enormes descampados de capim onde eventualmente algum ipê amarelo ou araucaria destoam da paisagem recorrente. Enfim, estávamos já no alto da serra e prova disso era q já não havia mais o q subir, embora surgissem alguns pequenos morrotes areníticos a nossa volta. “Olha lá, ele não conseguiu realizar nossa façanha!”, digo pras meninas, apontando pruma ossadade cavalo jogada no pasto. Elas caem na risada, so não sei se pela graça da piada ou de nervoso do q estaria por vir.
Ás 11:20hrs alcançamos a bifurcação q dá acesso á Fazenda Perau Vermelho, q ignoramos dando continuidade a pernada, agora tocando pra noroeste. Dali já é possível avistar ao longe o famoso cânion (e uma gde antena coroando o mesmo) q empresta seu nome á fazenda e é pra la q será nosso destino. Comparando a carta e o visual q se apresenta a minha frente, decido por abandonar a tal estrada palmilhada até então e rasgar a campina sentido beirada da serra, q ali já começa a dar sinais com o fundo vale do Rio Preto despencando ao norte. A decisão de tocar pela beirada da serra mostra-se acertada pois logo encontramos trilhas – provavelmente de vacas – q vão igualmente de encontro nosso destino. Qq coisa, a tal estrada abandonada acompanha nossa rota, porém bem afastada e sem o visual generoso q se descortina diante de nós.
Sim, é verdade. O Perau Vermelho está longe de ser um cânion soberano como os da Serra Geral e até é bem mais modesto q o de Guartelá, bem próximo dali. Pode perder em tamanho, mas não em beleza. Em termos geográficos, cânions são vales com as escarpas rochosas lapidadas pela ação da água e vento ao longo de milhões de anos, e é isso q temos à nossa frente. Um enorme desfiladeiro cujos gdes paredões avermelhados de arenito cozido, onde a descida dos morros em direção à torrente é nitidamente mais suave e menos alta q seus conterrâneos de Cambará do Sul. Mas nada disso diminui o encanto e importância do cânion, pois alem de ser testemunho dum passado remoto do planeta o Perau Vermelho é detentor de uma vista magnífica deste setor da Serra do Cadeado como do fundo vale do Rio Preto.
A medida a se avança pela porda da serra, sem problema algum, percebemos q a garganta a nossa direita vai cada vez mais se abrindo, nos separando do outro extremo da borda serrana, pontilhada por altos e abaulados morrotes sustentados visivelmente por penhascos verticalizados, porem cobertos de vegetação até o fundo do vale. Um destes morros guarda um formato bem peculiar q me lembrou um capacete, e por esta razão passei a chama-lo dessa forma. Se alguem souber o nome verdadeiro dele, favor me corrija. Bem, se daquele lado a geografia não guardava características de cânion, do nosso lado andávamos por uma óbvia beirada de serra relativamente verticalizada, com altas muralhas de rocha nua q a partir da metade pra baixo eram recobertas de vegetação farta.
Após andar pela abaulada borda da serra e passar por baixo de uma cerca de arame farpado (a primeira de muitas), tivemos uma oportuna e providencial parada de descanso e lanche num belo mirante rochoso, ao exato meio dia. A vista dali é soberba, tanto do outro lado da garganta como do Perau Vermelho, já bem próximo da gente. Coroado por uma antena espetando os céus, o pitoresco desfiladeiro reluz naquele horário seus paredões avermelhados com uma beleza impar. Aproveito pra estudar a rota a seguir dali mas não há mto problema, já q o terreno é favorável pra prosseguir pela beirada da serra. O forte vento q sopra do norte ameniza o sol causticante do meio-dia q nem percebemos o qto ele queima nossa pele, q foi meu caso já q abri mão do protetor. Enqto mastigamos maçãs e sandubas, apreciamos tb a bela e rica vegetação q pipoca ao redor da nossa poltrona de pedra, composta por bromélias de caatinga, imbuias de banhado e princesas-do-abismo dançando ao vento. “É rainha-do-abismo!”, me corrije uma indignada Cacau. “Q mané princesa o quê? Aqui não é pouca coisa não.. aqui é rainha mesmo!”, completa, td orgulhosa da vegetação nativa de sua terra.
Retomamos a penada uma hr depois, dando continuidade a nossa caminhada sussa e desimpedida pela campina do alto da serra. Trilhos de vaca nos apontam a direção certa, não tem erro. O avanço não demora a se dar atraves de uma encosta ligairamente inclinada sem gde dificuldade ate um trecho onde não há como prosseguir, já q um paredão despencando verticalmente obstrui nosso caminho. Mas aqui o sentido a seguir é intuitivo, e os trilhos de vaca sabiamente contornam este obstáculo galgando uma vereda de pedras q ganha um patamar mais elevado até dar numa crista serrana. Daqui percebemos q nossa rota continua certa basta apenas prosseguir em frente, sempre nos mantendo em nível e sem perda de altitude, enqto a precária estrada de terra, agora bem ao longe, desce um fundo vale pra so bem mais adiante novamente emparelhar com a gente, convergindo na tal antena sobre o Perau.
O vento sopra forte no alto da serra, onde apenas alguns exemplares de palmeiras ainda resistem enqto outras pequenas arvores parecem se curvar diante dessa força da natureza, tal qual o arvoredo da Terra do Fogo, no extremo sul do continente. Passado mais um cocoruto e beirando maus um penhasco sem gde dificuldade, subimos mais um patamar a nossa frente e logo nos deparamos com a tal antena de retransmissão q coroa o topo do Perau Vermelho, envolta numa paisagem de campinas douradas q me lembrou muito o Morro da Antena, no Quiriri. Ali paramos um pouco pra descansar e apreciar o visual do alto de um platozinho rochoso, de onde podíamos ver privilegiadamente td nosso trajeto ate então. E onde pudemos ver q os urubus faziam a festa a nossa volta, planando alegremente pelas térmicas q devia ter aos montes naquele horário.
Pois bem, dali prosseguimos pela campina, sempre beirando a serra sentido noroeste, ora por trilha ora sem. A estrada de chão do inicio so chegava ate a antena, e uma variante dela nascia dali, dava a volta e descia pro outro lado da serra, rumo sudoeste. Como esse não era nosso destino, dei continuidade a nossa pernada sempre norteado pela intuição e bom senso, auxiliado sempre pela carta. Após andar um tempinho por um trecho da borda serrana sem visu do Perau, desembocamos num pastado onde havia uma bifurcação q gerou alguma duvida qto rumo tomar. Ali, deixei as meninas me aguardando (e descansando) enqto eu fui bisbilhotar o ramo da direita q apenas confirmou minha suspeita: era apenas uma curta trilha q dava noutro mirante com vista privilegiada do Perau, porém quase do topo do mesmo, ao lado das enormes muralhas escarlates. Dali tb pude estudar a topografia q teria dali pra frente, uma vez q a garganta do cânion se abre de tal forma e passa a se fragmentar em cocorutos serranos menores e desgarrados do principal. Pelo fato do desfladeiro perder um pouco suas características teria de saber bem q rumo tomar pra não fugir do q julgava ser “beirada de serra”.
Voltei de encontro as meninas e prosseguimos nossa rota, sempre pra noroeste.Pequenos morrotes forrados de mato e reflorestamentos elevavam-se a nordeste obstruindo qq possibilidade de visu e, portanto, de navegação visual. Aqui minha intuição apenas dizia q havia q seguir os trilhos de vaca rumo noroeste, mas qdo estes começaram a se ramificar em varias direções tive q tomar algum partido. Decidi “democraticamente” então q cruzaríamos uma cerca e atravessariamos um matinho sentido rumo noroeste. E foi o q fizemos. Logo nos vimos rasgando um reflorestamento de pequenos exemplares de eucaliptos e pinnus ate reencontrar vestígios de trilha. Pronto, não tardou pra sair daquele matagal, desembocar no aberto e outra vez retomar a pernada pela beirada da serra, agora acompanhada por uma obvia cerca, onde interrompemos o almoço de algumas vaquinhas q ali tranquilamente pastavam.
Após passar uma decrépita porteira, o trilho torna-se uma precária estrada q aparentemente desce ate um colo serrano pra depois prosseguir pelo alto da serra. Ignoramos uma variante q toma rumo sudoeste, descendo a serra, e nos mantemos no alto, sem perder a borda do penhasco a nossa direita. Mas a estrada começa a descer forte e íngreme. Pela carta, nossa rota estava correta e praticamente dali em diante teríamos sempre a cia de alguma estrada beirando o penhasco. Q fosse, de qq forma se tivesse como fugir disso o faríamos sem pestanejar.
E assim as 15hrs atingimos os fundos de uma fazendinha bem simples situada no colo serrano sgte, q pela carta era o Sitio do Nelson. O simpático caseiro de plantão e sua esposa, Aparecido e Cleonice respectivamente, além de confirmar nossa localização nos recebeu de forma tão calorosa e hospitaleira q ficamos ate sem jeito, com direito a café e queijo fresquinhos! Morando sozinhos ali faz um tempo, raramente tem visitas e de inicio pensaram q faziamos propaganda politica ou comprando votos, é mole? Nos contaram da vida dura dali, das promessas dos políticos em melhorar a vida da região e da bicharada domestica vitimada por cascaveis, q abundam por ali nos dias quentes. Eita, bom então ficar esperto!
O papo tava bom mas havia q dar continuidade a pernada, pois ainda tínhamos algo de 6km ate nosso suposto pto de pernoite. Aparecido ate nos ofereceu pouso, oferta tentadora q tivemos q declinar ainda mais sabendo q a janta ali decerto seria farta, com galinhada caipira e td mais. Contornamos um morrote e nos mantivemos dali em diante pela estrada de chão, q praticamente acompanhava a borda serrana (ou do q restava dela), agora tocando pra oeste. Não tinha como escapar disso, mas pensando bem ali um estradão era ate bem-vindo. O Perau Vermelho já havia sido deixado bem pra trás e agora a borda serrana mostrava-se bem mais descaracterizada no quesito desfiladeiro. O visu a nossa direita revelava um largo e fundo vale de onde surgiam morrotes aqui e acolá, desgarrados da cadeia principal.
Dessa forma a pernada se manteve ate o final daquele dia, rasgando campinas e plantações de sorgo atraves de um estradão q ora alternava-se de terra ou pura areia. Nossa rota acompanhava o vale a nossa direita, q por sua vez seguia paralela à linha férrea onde os trens da ALL levam sua carga ate o Porto de Paranaguá, passando pelo Marumbi. Ao cruzar a entrada da Faz. Vovô Anibal a rota vira pra noroeste e passa pelos bucólicos pastados da Faz Sabugueiro q conferem ao lugar um quê de pintura impressionista, impressão reforçada pela iluminação do final do dia. A caminhada é lenta, mas embalada em muita conversa furada e fofocaiada garantida, cortesia das meninas. Ao menos isso ajuda a vencer a monotonia daquele trecho entediante de estrada, sem gdes atrativos.
Mas finalmente tomando a direita numa bifurcação (evitando o ramo q leva a Faxinal) e passando por baixo do pontilhão pelo qual passa o trem é q já começamos a buscar um bom lugar pra acampar, as 17hrs, horário em q os mosquitos endoidecem em busca de sangue fresco. Estamos no largo e fundo vale de um afluente do Rio Bufadeira, q pela carta consta como um baixadão da Campina dos Gomes. Um simpático bosque de pinnus oferece o abrigo e espaços mais q necessário pra abrigar duas barracas, assim como um mirrado curso dagua supre nossas necessidades imediatas do precioso liquido. Ou quase. As meninas não gostaram da agua parada nem pra banho, embora a Cacau não resistisse a um tchibum forçado, mesmo pisando em falso e caindo na água a contragosto.
O dia então se vai e a noite pousa rapidamente seu manto escuro coalhado de estrelas sobre os ombros serranos do Cadeado, onde não tarda pro fogareiro ser colocado pra trabalhar. O banquete coletivo regado a macarrão, calabreza e nacos de muzzarela pelas mãos caprichosas da Lau e o delicioso vinho tinto, cortesia da Cacau, nunca vieram em tão boa hora. Minha contribuição ali se resume apenas a colocar minha fome à prova. Um chocolatinho ao final serve como sobremesa serve não apenas pra rebater a deliciosa janta mas pra nos nocautear de vez, de modo a ter uma boa e merecida noite de sono. A noite fora relativamente fria mas sem nenhuma outra intercedencia, onde o silencio sepulcral reinante so era rompido pela esporádica passagem trepidante do trem.
O domingo amanheceu tal qual o dia anterior, claro e ensolarado. O canto metálico de uma araponga nos lembra q é preciso levantar, mas isso so ocorre de fato qdo os aconchegantes e cálidos raios do Astro-Rei alcançam as paredes das barracas. O fogareiro é posto pra trabalhar pela segunda e ultima vez naquela trip, providenciando um café com leite mais q bem-vindo naquela manhã promissora. Bolachas, frutas e pães servem de desjejum, pra logo então levantar acampamento, já q pelas infos do Aparecido ainda tínhamos algo de 6km ate o asfalto.
Zarpamos pontualmente as 8:40hrs cruzando aquele capão de mata pra dar numa trifurcação, onde tomamos o ramo da direita (leste) q pela carta dá continuidade a pernada pela borda de serra e nos leva ao asfalto quase q diretamente. Cruzamos então o vale do Rio Bufadeira pra retomar a caminhada atraves de gdes espaços descampados, agora tomados por plantações nas largas baixadas e reflorestamentos na borda da serra. De fato, o trecho mais interessante do Perau Vermelho havia sido deixado pra trás, pois agora o cenário recorrente correspondia ao das estáticas paisagens intermináveis de monoculturas, sobretudo milho, soja e trigo. Lembrando q a regiao é não apenas um dos principais pólos produtores de grãos do pais, como tb um dos mais antigos.
A estrada então desenha uma curva fechada pro norte e retoma sua rota pela beirada serrana, agora tomada por reflorestamentos de pinnus e eucalptos, e sem gde visual de interesse. Minto, pois há um trecho final onde um vasto campo de trigo reluz de tons esmeralda tão vivido q em contraposição com o azul do céu se tem a impressão de estar abrindo a tela do Windows XP ao vivo! O som de veículos aumentando aos poucos nos avisa da proximidade do asfalto e assim, as 10:20hrs, damos as margens da rodovia, já no Bairro rural do Cadeado. No posto do mesmo nome nos informamos dos horários de bus pra Mauá da Serra e optamos por esperar assim mesmo. Dali ate a cidade eram apenas 5km mas ninguém tava afim de fritar os miolos andando pelo asfalto sacal, inclusive este q vos fala. Ate pq era mto mais convidativo aguardar o bus bebericando um latão de 500ml de Skol!
O bus passou pontualmente as 11:30hrs e nos deixou em Mauá da Serra logo depois, onde garantimos a passagem de volta pra Londrina, as 15hrs. Ate la pudemos açmoçar tranquilamente no ótimo Restaurante do Gabriel (ao lado da rodô), onde a fartura de rango bom é o q dita o final de td travessia! La dividimos o estabelecimento com trocentos motoqueiros q prestigiavam um encontro de “trilheiros de duas rodas” nas proximidades. E a performance das mochilas? Ah, sim. A Deuter veio bem a calhar e possibilita conforto com mta liberdade de movimentos, assim como a levíssima e anatômica Kailash, embora a Lau tenha se queixado de algum desconforto na região dos quadris com esta ultima.
Tomamos o busao as 3:30hrs pra chegar em Londrina uma hora depois, plenamente cientes de ter aproveitado ao máximo aquele agradabilíssimo fds de mtas paisagens e em ótima cia. Pois então fica aqui a dica da travessia derradeira da Serra do Cadeado, aquela q deve percorrer td a extensão de sua crista, a quem dispuser tranquilamente de 3 dias ou, com alguma pressa, de um fds apertado. Emendar a “Travessia Sul” com a do “Perau Vermelho” não deixa de ser um programa altamente recomendável e de logística bastante simples. Um roteiro q seguramente contrasta com boa parte dos programas básicos da região, geralmente restritos a um par de dias. E assim como a própria Serra do Cadeado, q destoa da monotonia das paisagens das planícies ao redor, esta travessia tem td pra tb se destacar e figurar como uma das pernadas mais representativas do Terceiro Planalto Parananense. E quem sabe, de td estado. É esperar pra ver.
Jorge Soto
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