CHEGANDO NO QUÊNIA
Depois de quase 15 horas de viagem e de quase perder o voo em Johannesburgo, cheguei na nublada e empoeirada Nairóbi, cheia de expectativas sobre a África, sobre as montanhas, sobre as pessoas. Logo de cara, saindo do aeroporto, já veio a primeira surpresa: eu não sabia que eles dirigiam no lado esquerdo da pista, e fiquei toda confusa tentando entrar no táxi.
Apesar de ser sábado de tarde, o trânsito na cidade estava bastante caótico, talvez ajudado pelo fato de que não existem semáforos, faixas de pedestres, ou qualquer tipo de sinalização vertical ou horizontal. Ainda no caminho passamos por uma espécie de praça onde uns pássaros gigantes – que são um misto de pelicano com urubu (sim, é possível) – andam pelas “calçadas” (na verdade não tem calçada, e sim picadas na grama) ao lado das pessoas. E seus ninhos enormes ficam nas árvores bem acima das pistas.
Em seguida mais choque: mulheres muçulmanas cobertas da cabeça aos pés. Tinha uma ideia de que havia uma parcela de muçulmanos no país, mas conforme os dias foram passando, fui percebendo que não são poucos. Também há poucas mulheres andando na rua. As pessoas atravessam em qualquer lugar e não existe muito transporte público, além dos matutus, que também não são muitos, e por isso as pessoas andam, e andam, e andam… Enfim, todos esses eventos em pouco mais de 1 hora dentro de um táxi.
Cheguei no hotel e passei a maior parte da tarde assistindo às Olimpíadas e descansando. Ainda arrumei as coisas pros próximos dias, jantei cedo um prato enorme de comida (os famosos “
Kilimanjaro plate”, um exagero de comida…) e fiquei esperando minha companheira chegar (e chegou bem tarde).
DIA 1 – NAIROBI > PORTÃO CHOGORIA
Saímos de Nairóbi às 9h da manhã em direção ao Parque Nacional do Monte Kenya. Não dormi direito e nem consegui comer muito, provavelmente por conta do jet lag, e talvez também da ansiedade, mas era bom depois de mais de 6 meses, finalmente estar dando início às minhas merecidas férias (não entrarei nos méritos de contar a viagem rodoviária, pois tem observações e curiosidades demais sobre o próprio país. Na medida do possível, manterei o relato restrito à escalada).
Depois de um almoço suspeito na vila Chogoria, conheci nossos carregadores e passamos pra um 4×4 (de aparência bem duvidosa), pra terminar o percurso de quase 30km até o portão do parque, pela floresta de altitude, que aliás lembrava muito a vegetação da estrada que vai do Milton ao Marins. Agora era torcer pra não chover e pro carro conseguir chegar o mais longe possível, já que seria inevitável caminhar um pouco. E não demorou pra ter que pular fora – a estrada estava tão ruim que dava pra sentir a terra na parte de baixo, e em menos de 40 minutos tivemos que sair pra que as correntes fossem colocadas nos pneus. Andamos uma meia hora, pegamos carona de novo, e em menos de 20 minutos tivemos que sair de vez. Foi a segunda pior estrada de terra (lama) que eu já peguei, mas definitivamente, aquele jipe virou meu herói!
Depois de mais uns 40 minutos andando, alguns macacos avistados e muito cocô de búfalo, chegamos ao portão Chogoria (3000m). Passadas as formalidades nos dirigirmos às “bandas” (alojamentos), onde tínhamos uma cama, uma cozinha e até banheiro. Apesar da mega falta de apetite, jantamos umas batatas meio sauté deliciosas com frango frito, tomamos muito chá e fomos dormir cedo pra descansar da viagem longa e nos preparar pra começar a enfrentar a altitude no dia seguinte. Neste dia já estava começando a sentir a sensação chatinha de formigamento por conta do Diamox, e a frequência da ida ao banheiro já tinha aumentado. Beber 4-5 litros de água por dia ainda era um incômodo.
DIA 2 – PORTÃO CHOGORIA > ACAMP. LAKE ELLIS
Apesar de não ter dormido muito bem, mal saberia eu que essa seria uma das melhores noites da viagem inteira. Enquanto esperava o café, aproveitei pra ficar observando o Monte Kenya avermelhado pelo sol nascendo, e uns macacos numa árvore próxima. E aí já veio a primeira dificuldade da viagem, que eu sabia que iria acontecer: o temido e pesadíssimo café da manhã britânico (fui com uma agência inglesa). Linguiça frita até a alma, um mingau medonho, e ovo mexido. Se eu comesse tudo isso ia passar o dia inteiro vomitando e com gastrite. O ovo deu pra comer com pão, mas a sorte foi que pro almoço recebemos uns biscoitos, chocolates e sanduíches, aí acabei pegando 2 pra ir comendo no caminho.
Principais picos do Monte Kenya: Lenana, Batian, Nelion, Pigott e John. – Autor: Cissa Carvalho
Montamos a
mochila e partimos. Nesta altura ainda tem árvores e arbustos, mas a vegetação já fica mais aberta. Já começamos naquele ritmo de levar avô com artrite pra passear no parque, o que ficou tedioso bastante rápido, mas pelo menos, diferente do dia anterior, a paisagem mudava um pouco, variando entre arbustos baixos, campos mais abertos, áreas de vegetação fechada. De longe conseguimos ver alguns antílopes num campo, e apesar da minha companheira de viagem ficar perguntando quando iríamos ver elefantes, eu não tinha pretensão nenhuma em ver animais, então prestei mais atenção na paisagem e na vegetação exótica do lugar. Isso acabou ajudando a dar uma segurada no ritmo, pois em pouco tempo começamos uma subida meio íngreme por estrada, e nisso comecei a sentir a altitude. Primeiro achei que era falta de preparo físico, mas depois meu guia me alcançou e mandou eu parar de correr. Pois bem, isso foi logo antes da subida ao Mugi Hill (3640m), uma colina um pouco fora da trilha principal mas que funciona bem como caminhada de
aclimatação. Aí já senti tudo que tinha que sentir: o cansaço, uma leve dor de cabeça e a falta de ar. Chegando lá em cima – de novo me lembrou o Marins por causa das rochas e vegetação – com tudo coberto de nuvem e um vento chatinho, almoçamos penosamente e logo descemos em direção ao acampamento.
Chegando no acampamento à beira do Lago Ellis, tempo fechado. – Autor: Cissa Carvalho
Descemos a colina e retomamos a trilha por uma vegetação de capim baixo, em meio às nuvens, perdendo altitude gradativamente. Depois de quase 1 hora avistamos um grande lago, e do outro lado, nosso acampamento já montado na beira do Lago Ellis (3390m): éramos apenas nós e mais ninguém na trilha! Contornamos o lago e rapidamente chegamos à nossa Mountain Hardware Trango 2 cheia de zíperes completamente zoados, o que virou motivo de piada em menos de 2 minutos, mas pelo menos os principais, da parte interna, estavam funcionando quase que 100%. Apesar de termos chegado cedo no acampamento, passamos um bom tempo dentro da barraca, pois no Monte Kenya, depois das 10h30, 11h da manhã, as nuvens começam a subir dos vales mais baixos e a fechar o tempo e visibilidade na montanha. A temperatura caiu, garoou e começou a ventar. Além disso, foi um dia em que senti bem a altitude, e estava mais cansada que o esperado, com um pouco de dor de cabeça, e sem a mínima vontade de comer, além da maratona de banheiro proporcionada pelo Diamox, que eu já estava tomando fazia 2 dias.
Jantei, me aqueci, banheiro mais umas 2 vezes, e cama (quer dizer, chão). Já nesse noite passei frio no
sleeping bag que aluguei (que era pra ser 4 estações, uma Mountain Hardware Lamina -18C). Morri de inveja da Fiona que estava com um
sleeping de pluma pra -20C, lembrei dos
sleepings da Deuter com seus aquecimentos nos pés e fleece na área do peito mas me contentei com aquilo e torci pro meu
liner Extreme da Sea to Summit ajudar (aham… not!)
DIA 3 – ACAMP. LAKE ELLIS > ACAMP. LAKE MICHAELSON
Nunca foi tão difícil guardar um sleeping bag! Parecia que eu tinha apanhado! Não consegui comer muito no café da manhã, e de novo adotei a estratégia do sanduíche pra ir comendo durante o dia. O sol nascendo e o colorido rosado no céu ajudaram a melhorar o início do dia, que seria uma das caminhadas mais bonitas de toda a viagem.
Saímos antes das 8h na direção oposta a que viemos. Logo começamos a descer um vale profundo – dá um pouco de desespero saber que você vai ter que descer tudo aquilo pra subir tudo de novo depois, mas vamos que vamos… Descemos, atravessamos um rio, e começamos uma subida bem íngreme já em campo de altitude. Na ponta esquerda do morro, um pontinho amarelo, que provavelmente era a barraca de um casal de israelenses que estava subindo por conta, e estavam bem fora da trilha, e bem longe da água. Mas enfim, pra ver assim de longe, devia ser daquelas super barracas de alta montanha.
Depois dessa subida relativamente interminável mas nem tanto, dobramos pra direita e finalmente entramos numa crista bem pedregosa. Algumas paradas pra lanche, água e banheiro, e mais ou menos 1h30 depois desse trecho, entramos em zona alpina, com paisagens bastante exóticas apesar do tempo encoberto, e rápidas visões impressionantes do maciço de rocha nas poucas vezes em que tínhamos visibilidade. Quando paramos pra finalmente almoçar, sentimos uma leve chuva de granizo (daquele pequeno, quando na atmosfera está frio demais pra chover mas quente demais pra nevar). Mesmo entrando em zona cada vez mais inóspita, ainda éramos seguidos por passarinhos gordinhos querendo sobra do almoço.
Já nesse pedaço, cada virada “de esquina” era uma paisagem nova, e depois de terminarmos a subida pós almoço, chegamos no topo de um canyon gigantesco, em formato de degrau (difícil explicar aqui…), na altitude máxima do dia (perto de 4200m). O tempo já estava bem nublado e não conseguimos visualizar a famosa Vivianne Falls, mas era possível ver o contorno do canyon, e lá embaixo a pontinha do Lake Michaelson. Continuamos pela trilha paralelamente à borda do canyon, e daí veio junto uma chuvinha bem chata e bem gelada. Foi ruim pois foi bem na hora que começamos a descida super íngreme e em zigue-zague na lama, o que rendeu alguns tombos, principalmente pra minha coleguinha que conseguiu entortar seu
bastão de caminhada.
Vistão do Lago Michaelson, a parte baixa do Vale Gorges. Impressionante! – Autor: Cissa Carvalho
Terminamos a descida e desta vez estávamos novamente sozinhos na beira do Lake Michaelson (4000m), com uma das vistas mais incríveis que já tive em um acampamento: a abertura do canyon logo à frente, paredões altíssimos nas laterais, e logo atrás de nós uma subida íngreme acompanhando um riacho, levando à mais uma passagem – era a trilha do dia seguinte. Devido à chuva forte que ia e vinha, e a termos chegado muito cedo no acampamento, passamos praticamente a tarde toda na barraca morrendo de tédio.
Neste dia já estava bem mais adaptada à altitude, e praticamente não senti o cansaço nem falta de ar. Ainda estava bem sem apetite, e indo bastante “no banheiro”, mas me sentia muito bem e pronta pra mais. Durante a janta alguns roedores meio com cara de marmotas, se aproximaram da barraca refeitório, o que garantiu um pouco de descontração. Mesmo assim, dava um pouco de medo olhar pra cima e ver o que enfrentaríamos no dia seguinte.
DIA 4 – ACAMP. LAKE MICHAELSON > ACAMP. SIMBA TARN
Depois de 2 dias de “subir alto, dormir baixo”, hoje iríamos direto pra 4600m, no que seria a véspera do dia do cume. Tivemos mais uma noite mal dormida, porém como acordamos cedo pudemos apreciar a vista do Vale Gorges por inteiro, com a luz do sol. Iniciamos logo a subida pela trilha íngreme ziguezagueando por rochas e uma exótica e quase bizarra vegetação de altitude, paralelamente ao riozinho com algumas quedas. O ritmo já era bem lento, mas dava oportunidade pra olharmos pra trás e apreciar a paisagem. Quando chegamos quase lá em cima, vimos na terra algumas pegadas de leopardo (já que não dava pra ver animal, a gente se contentava com pegada, cocô, etc…). Ainda antes de passar pra parte alta do vale, passamos abaixo do “Templo”, um paredão rochoso impressionante que deixa os paredões do Monte Roraima no chinelo. Comentei com o grupo “fazia muitos anos que não via algo tão impressionante e imponente como este vale”.
Também é incrível como o cenário muda logo depois da passagem de uma parte do vale pra outra – da vegetação gigante passamos pra solo de pedra, e uma “floresta” de lobélias na verdade bem esparsas, e um visual cada vez mais rochoso, e mais inóspito. Entramos na parte final do Vale Gorges, cercada de paredões por todos os lados, e picos rochosos em suas bordas. Aqui as nuvens da manhã não chegam, e em diversos momentos tivemos uma visão bem clara dos picos principais da montanha, tão pequenos como éramos ali no meio.
Foram algumas horas em marcha lenta, porém bem tranqüila, e sem canseira por este vale, cruzando à direita, e depois iniciando uma subida gradual até um platô. Já no platô tivemos uma visão mais próxima do nosso objetivo, e da trilha que subia pro acampamento, essa sim bem íngreme. De novo, avistamos a barraquinha amarela, e uma pessoas bem longe subindo pro Lenana. Depois de um lanche, continuamos a subida até nos deparamos com a barraquinha – literalmente! Uma Quechua ½ estação a quase 4300m de altitude! Corági!
A barraca corajosa no platô antes do acampamento. – Autor: Cissa Carvalho
Seguimos em frente e ao invés de tocar pro Austrian Hut, que é o alojamento padrão de quem sobe pela Chogoria, tocamos pra Simba Tarn (4620m), um acampamento pequeno próximo a uma pequena lagoa (“a poça do leão”), todo rochoso e pedregoso, porém mais uma vez, vazio. A subida não foi lá muito fácil e em momentos era tão íngreme que a perna ficava quase paralela ao pé, fora a terra e pedregulhos soltos. Mas beleza, a subida até agora tinha sido tranquilassa, então não dava pra reclamar disso. Já começamos a ver neve acumulada em alguns locais, o que me deixou igual criança quando ganha doce.
Novamente chegamos cedo, e aproveitei pra dar um rolê e fazer umas fotos pelo acampamento, o que não durou muito, já que a temperatura caiu repentinamente e começou a “chover” (aquele granizo de novo). Nos metemos na barraca e em pouco tempo, pra nossa surpresa, começou a nevar! Nada muito pesado, mas começou a acumular no chão e sobre as rochas. Jantamos mais cedo, preparamos o equipamento pro dia seguinte, e fomos dormir cedão. O dia seguinte era dia de cume! Ou não! E finalmente, o último Diamox! Fui dormir feliz.
DIA 5 – ACAMP. SIMBA TARN > PICO LENANA > OLD MOSES CAMP
Acordamos às 3h da manhã, e logo na saída da barraca com os zíperes malditos já tivemos uma surpresa: gelo! A barraca e o acampamento estavam cobertos por uma fina camada de neve. A luz das lanternas batia no chão refletindo o brilho dos flocos como se fossem as estrelas. Foi assim a maior parte da subida de 2 horas, com terra congelada e neve em boa parte do caminho. Na primeira hora sofri um pouco, mas talvez fosse o corpo se adaptando, visto que na segunda hora eu estava me sentindo super bem. Felizmente não pegamos muito frio, e na semana inteira a temperatura não ficou abaixo de -7C.
No caminho vimos mais 3 grupos de poucas pessoas, vindo de direções bem diferentes. Chegamos próximos ao cume com um leve sinal de sol no horizonte. Foi o tempo de finalizar a subida, inclusive uma mini via ferrata, e assistir o sol passar por cima das nuvens no Pico Lenana, a 4985m de altitude. Olhando em volta, aos poucos o azul escuro virava azul claro, e as torres Batian e Nelion iam se tingindo de um tom vermelho (como eu vi em tantas fotos!), enquanto o Lewis Glacier lá embaixo mudava de azul pra branco. aproveitei bastante pois me sentia super bem, sem cansaço, sem dor de cabeça, sem vontade de ir no banheiro. Sem vento e com temperatura bem tolerável, ficamos uns belos 20 minutos lá em cima antes de começar a descer. É incrível que viemos pelo lado sudeste da montanha, todo rochoso, e chegando lá em cima pudemos ver as outras faces da montanha, principalmente o lado norte, muito mais coberto de neve em quase toda sua extensão. Melhor ainda teria sido subir o Batian, mas isso fica pro caso de algum dia eu ser uma escaladora experiente em grandes paredes… Pra mim o Lenana já estava de bom tamanho.
A face norte do Batian (5.199m) e Nelion (5.188m), descida íngreme em direção ao Acampamento Shipton. – Autor: Cissa Carvalho
Foto tradicional no Pico Lenana, 4.985m. – Autor: Cissa Carvalho
Iniciamos a descida quase sem reconhecer o caminho já que subimos no escuro (isso é sempre bom), e em 1 hora estávamos de volta ao acampamento pra empacotar tudo e partir. Desta vez cruzamos muita gente passando por nosso acampamento, pois estavam fazendo a travessia no sentido contrário, o que é muito mais comum. Subimos um morrinho à frente do acampamento, e novamente, uma mudança chocante de paisagem: um vale enorme se estendia até perder de vista, e antes dele, uma descida super íngreme, em terra solta, novamente toda ziguezagueando a encosta da montanha. A montanha vista desse ângulo parecia outra, e muito mais montanha, pois agora tínhamos nas nossas costas a visão clara do Nelion e Batian.
Descemos rapidamente, passamos por outro lado, e entramos no vale à nossa frente. Em pouco tempo passamos pelo Shipton´s Camp, um alojamento que acomoda até 400 pessoas, visto que é parte da rota mais popular da montanha. Pausa pra água e tocar em frente. O vale é lindíssimo, com plantas gigantes e exóticas, e pássaros igualmente diferentes, porém depois de algumas horas na mesma paisagem o negócio começa a ficar entediante, até porque a visão da montanha vai ficando pra trás, e as nuvens começam a entrar pelo vale, derrubando a temperatura e tirando a visibilidade. E foi assim o resto do dia, nessa descida de 6 horas, onde depois de sair do vale, subidos e descemos mais 2 vales totalmente sem visibilidade, e ainda pegamos uma tempestade próximo ao último acampamento, o Old Moses (3400m), o mais sem graça de todos.
Nesse dia pensei bem que apesar de termos cruzado vários grupos subindo, e de, durante a subida do vale estar se olhando de frente para os picos, essa trilha é bem chatinha e um tanto sem graça, com um perfil de aclimatação bem ruinzinho. Fiquei feliz pela escolha da trilha e todas as paisagens maravilhosas que aproveitamos durante a subida. Fui dormir cansada pelo dia de 11 horas de caminhada, mas feliz pela conquista.
DIA 6 – OLD MOSES CAMP > PORTÃO SIRIMON > NAIROBI
Finalmente um dia pra acordar tarde! Ou seja, 7 da manhã! Mais uma diazinho de trilha chata, ou melhor, estrada! Começa numa vegetação meio baixa e vai virando uma floresta mais densa. Foram 2 horas de caminhada que pareciam não acabar nunca já que nada mudava. Vimos alguns macacos e cruzamos a linha do Equador. Finalizamos as burocracias de saída, fizemos a cerimônia de gorgetas dos carregadores, entramos no jipão caindo aos pedaços e nos pusemos a caminho de Nairóbi, já pensando no próximo desafio, que estava mais perto do que nunca. Depois de 1 hora de estrada de terra, entramos numa vicinal de onde podíamos ver que aquela chuvona que nos pegou no fim do dia virou neve nos picos, pois estavam com muito mais neve do que quando descemos. Sorte ou azar de quem estava por lá. Fiquei sabendo que na semana seguinte o tempo ficou tão ruim que 3 helicópteros militares da Uganda bateram na montanha por conta do tempo ruim. Bom, primeiro objetivo conquistado, uma bela aclimatação feita, e agora era descansar pra atacar o objetivo principal da viagem na semana seguinte: o Kilimanjaro.
A equipe: Fiona, Eddie, Mak, Dickson, outro Mak, John Eagle, Grigori e eu. – Autor: Cissa Carvalho
DADOS FINAIS
Km total 57,8km
Altitude Máxima Pico Lenana, 4985m