Meio q atrasado zarpei de casa afim de encontrar o pessoal q já me aguardava na Pça Princesa Isabel, no centrão de Sampa. Lá me aguardavam o Nando, a Renata e o Acley, q beliscavam alguma coisa numa padoca, bastante desencanados. Isso pq somente as 10:40hrs pudemos embarcar no azulzinho “187 – Mairiporã /Centro”, da EMTU, cujos horários são bem irregulares. Viagem tranqüila e breve, com direito a buso praticamente vazio, todinho dominado pela gente. Apenas qdo passou pelo Tietê q entrou mais gente, q foi desembarcando aos poucos a medida q o coletivo avançava pela Rod. Dutra (BR-116) e, posteriormente, na Rod. Fernão Dias (SP-010).
Saltamos por volta das 11hrs um pouco antes da entrada do “Túnel da Mata Fria”, mais precisamente na área de resgate. Claro q deixamos o motorista de sobreaviso, do contrario o buso passaria batido pelo túnel, rumo Mairiporã. Uma vez no asfalto, cruzamos cuidadosamente a rodovia e passamos pro lado esquerdo. Ali tomamos uma via q subia suavemente rumo o alto da serra, cercada de bonita mata secundária de ambos lados, q num piscar de olhos desembocou numa via asfaltada maior, a “Estrada Municipal da Mantiqueira”, q bastou seguir pra direita, ou seja, tocando pra leste.
A pernada a partir de então seguiu tranqüila e sem gdes impedimentos. O panorama desta estrada, no geral, se alterna entre mata de ambos lados e condomínios residenciais de luxo, onde não raramente se palmilha ao lado de enormes muros intermináveis destes novos “feudos modernos”. Na verdade, a estrada palmilha o limite norte do Pque Estadual da Cantareira, fato reforçado no trecho q passa logo acima do “Túnel da Mata Fria”, onde uma entrada na mata escancara duas placas do parque com os dizeres : “Área de Proteção Integral” e “Área Destinada ao Trânsito de Animais Silvestres”.
Aqui abandonamos brevemente a estrada pra bisbilhotar aquela entrada na mata, q mergulha na vegetação na forma duma vereda bem pisada e serpenteia a encosta suavemente indo pro sul. Despachos e “macumbas” surgem logo no inicio, mas depois q mata nos envolve por completo e o ar inalado pelas narinas se mostra o mais puro possível. Uma picada (ou canaleta d’água, sei lá) deriva pela esquerda e visivelmente sugere dar acesso á Fernão Dias, mas a gente se mantém pela via q simplesmente toca pra frente, mesmo menos batida. E em questão de menos de 5min caímos numa fresta na mata q dá bem em cima do famoso “Túnel da Mata Fria” q, emoldurada de espessa vegetação, nos dá uma perspectiva diferente da rodovia.
Retornamos a estrada principal dando continuidade a nossa jornada, em tese sempre pelo alto da serra. Mas lentamente percebemos q a via vai desviando pra norte, fugindo do q seria o topo serrano. Ao mesmo tempo, residências e construções começam a pipocar de ambos lados, sugerindo realmente estarmos fora da rota inicialmente proposta. Uma placa enferrujada aponta estarmos não mais na “Estrada Municipal da Mantiqueira” e sim na “Estrada dos Morais”, assim como outra placa indica q prum lado se vai p/ São Paulo enqto p/ outro , Mairiporã.
Pois bem, pra retomar o rumo deveríamos adentrar num tal de Residencial Hortolândia, cuja pequena guarita amarela se encontra do lado dum pto de ônibus e na frente da placa q divide os municípios de Sampa e Mairiporã. Educadamente pedimos licença pro tiozinho pra passar pela cancela, mas não é q o fulano nos impediu de seguir em frente? Pois é, ele alegou q o condomínio era área residencial particular e só poderíamos seguir em frente mediante autorização de algum morador pra entrar. Putz, e agora, José? Fomos pro boteco ao lado pensar em alternativas como, por exemplo, rasgar mato pela lateral ou buscar outro acesso q contornasse o condomínio, mas tds essas opções mostraram-se inviáveis. No entanto, o dono do bar ficou encafifado pelo fato de não terem permitido nosso acesso, pois td mundo passa por la sem nenhum problema, pelo q nos contou. Sabendo disso, resolvemos encarar novamente o tiozinho da guarita.
Retornamos então pra discutir nossos direitos com o irredutível tiozinho, q batia pq batia o pé q não nos deixaria entrar. Foi ai q o Acley ligou pra prefeitura e explicou nossa situação pra saber se aquela via era de fato particular ou não. Não era, era pública. Esfregamos a info fresquinha na cara do tiozinho, q teve q engolir a contragosto seu orgulho de “coroné” e foi obrigado a nos deixar passar na marra. “Mas se algo acontecer a vocês eu não me responsabilizo..”, esbravejou na nossa direção, buscando ainda manter o pouco de autoridade q os moradores devem ter confiado nele. Na verdade, o tal condomínio é um loteamento totalmente irregular em meio a uma via pública e de livre acesso. Portanto, se barrarem seu acesso faça valer seu direito de ir e vir, esfregando essa informação pro guardinha de plantão.
Com a sensação de gostinho de vitória embalando a trip, prosseguimos nossa caminhada tranquilamente pela via, q atende pelo nome de “Avenida Minas Gerais”. O asfalto não demora a dar lugar a chão batido, paralelepípedos e, finalmente, asfalto outra vez, onde subidas alternam descidas no mesmo compasso. Apesar de td, a pernada é agradável e logo as casas e residências ficam pra trás pra começar a andarilhar envoltos num panorama tipicamente rural, cercado de pinheiros e com direito até um colorido tucano (q encantou a Renata) nos dando as boas-vindas. Visando sempre a serra, q passa a exibir seus paredões elevando-se desnudos a sudeste, o sentido a tomar é intuitivo e óbvio. Basta tocar sempre pela estrada e dali examinar o melhor lugar pra ganhar a crista serrana. Nossa referencia passa a ser uma antena q altivamente parece espetar a tonalidade azul do firmamento.
Este acesso é logo encontrado após uma curva, q nos obriga a abandonar a estrada em prol duma picada bem batida (com sinais de passagem de motos!) q sobe a encosta em largos ziguezagues. A vegetação arbustiva, basicamente composta por voçorocas de samambaias, logo dá lugar a mato mais baixo até se resumir a um simples capinzal. Simultaneamente, a paisagem a nossa volta se ampliou de modo q era possivel tudo ao redor – inclusive td topo serrano espichando-se a leste – pois estávamos quase no nível das torres, ou seja, num cocoruto da crista. Contudo, havíamos desviado demasiado pro sul (onde a picada terminava no mato), o q nos obrigou a retornar pelo carreiro de pedras e buscar a continuidade pra leste.
Uma vez encontrada a continuidade da picada não teve mais erro. Passamos por uns caixotes de abelhas mocados no mato e ,perdendo suavemente altitude, bordejamos uma encosta de mato onde não demorou pra adentrar num simpático bosque. Após um tempinho desembocamos num precário estradão de chão q percorria o restante da crista. Esta via na verdade é a continuidade da “Av. Minas Gerais” (após dar voltas e voltas pela encosta), q aqui recebe o nome de “Rua das Acácias”. Uma vez no topo bastou só acompanhar esta via, tranqüila e desimpedidamente. Mas por volta das 14hrs decidimos fazer uma breve parada pra descanso e lanche, e o lugar não podia ter sido melhor. Uns rochedos servindo de mirante coroavam aquele cocoruto elevado da crista, ao lado duma pequena antena, e foi la mesmo q estacionamos pra curtir o visual de td quadrante norte. A generosa paisagem de Piracaia, Atibaia e Jundiai enchia os olhos, a diferença do quadrante sul, q estava oculto pela alta vegetação da crista, embora algumas frestas revelassem flashes do cinza concretado de Guarulhos.
Meia hora depois prosseguimos nossa jornado pelo alto da Cantareira, q aqui não só divide Mairiporã com Guarulhos. Limita tb o Pq Est. da Cantareira, e isso se observa claramente: de um lado apenas mata exuberante; do outro, mato tb, porém salpicado de residências! Durante a pernada passamos por mais três antenas, o q reitera o topo dali como lugar privilegiado pra retransmissão e telefonia. Havia tb algumas ruínas de residências abandonadas, mas nossa vista foi mesmerizada na direção do quadrante sul ao chegar no pto mais alto da pernada, na cota dos 1178m. Uma generosa janela na mata permitiu avistar boa parte de Guarulhos, o aeroporto, e o espelho dágua da represa do Cabuçú!
Continuamos a pernada sem saber o q encontraríamos pela frente, sempre nos mantendo na crista da serra. As informações das poucas pessoas q trombamos eram desencontradas: umas diziam q era possivel tocar em diante, enqto outras (tipo o tiozinho da portaria) eram categóricas de q a estrada terminava no mato! Imagens aéreas reafirmavam esta segunda assertiva. Era ver pra crer. Reparei q na íngreme encosta sul havia algumas picadas q tocavam pra baixo, mas como nossa intenção era seguir pela crista deixei essas veredas pra explorar numa próxima ocasião. Com mais tempo de preferência.
Logo adiante, como era previsto, a estrada de fato terminou. No entanto, uma evidente trilha dava continuidade a ela, descendo suavemente a crista. Bem erodida, repleta de sulcos e trafegada visivelmente por motos, a tal larga vereda ia tocando lentamente no sentido nordeste. Sem opção, não nos restou acompanhar aquele caminho ate onde diabos ele fosse dar. E tome chão, chão e chão. No trajeto, repleto de mata secundaria a nossa volta, vez ou outra surgia uma casa engolida pela farta vegetação, naquela vereda q outrora deve ter sido uma movimentada estrada, dado o corte verticalizado na encosta.
Após um tanto de descida interminável, emergimos no aberto onde o panorama abriu-se ao norte, delineando tds as serras de Mairiporã recortadas pelo ton azulado do firmamento. Cruzamos uma área de reflorestamento, onde a declividade suavizou, outro gde trecho de bosques – com direito ate a carcaça dum veiculo numa margem da via – ate q finalmente caímos numa estrada maior, onde tomamos a direção da direita. Uma vez na Estrada Municipal Mairiporã-Guarulhos, fomos tranquilamente nos guiando pela sinalização “Marmelo”, um bairro rural guarulhense onde haveria condução pra voltar.
E após mais um tanto de chão pela tal estrada, cruzamos o bairro do Capim Branco, tocamos pela “Estrada dos Cinco Lagos” até finalmente dar no minusculo bairro do Marmelo, por volta das 18hrs. Lá nos informamos dum buso q passaria dentro de meia hora e ficamos de boa, bebemorando nossa modesta travessia. Mas o tempo passou, passou e passou e nada do buso chegar. Somente ao escurecer, depois das 19hrs, q nos informaram q o coletivo não passaria por sei lá q motivo. “Putamerda!”, pensamos em unissono. E assim, no meio do bréu e frio noturno fomos obrigados a andar, sob fachos de luz do celular, algo em torno de mais uns 3 ou 4kms ate cair noutro estradão com tráfego maior, já no Saboó. Somente lá q pegamos um latão q rasgou a “Estrada Nazaré-Guarulhos” e nos deixou no Bairro São João, onde tomamos conduça pro Metrô Armênia.
Se o Parque Estadual da Cantareira é um sonho pra caminhantes, fora dos seus limites as possibilidades se ampliam pela variedade de estradas secundárias e pequenas veredas espalhadas ao largo da serra. Durante nossa descompromissada travessia semi-urbanoide, pude constatar varias picadas tocando pro sul, descendo fortemente pra fundo de vales verdejantes. Não bastasse isso, os arredores da ilustre unidade de conservação são perfeitos pra galera q curte bike, off-road e até cavalgadas. Resumindo, na Serra da Cantareira a aventura não pára. Isso a apenas meia hora do caótico centro de Sampa.
1 comentário
Corajosos. Acho linda a regiao mas Mairiporã é terra dw ninguem. Forrada de bandidos que fa,em arrastao na F Dias