Aproveito a oportunidade para esclarecer, de uma vez por todas, de que o Morro do Getúlio é o Caratuva. Maack, na ocasião das suas medições e descobertas, nomeou os picos com nomes de ilustres personalidades de seu tempo. Toponímia que a legislação brasileira não permite. Daí, a opção pelos nomes tupi-guaranis.
Pelo roteiro executado, o nome Getúlio refere-se a Pedra do Grito (1). Feitas essas observações vamos à transcrição:
“Partimos da BR 116, sentido ao Morro do Caratuva, pois queríamos incluir um cume nessa nossa travessia. Ao chegarmos ao topo deparamo-nos com nosso primeiro desafio: chuva e frio. Aproveitamos o dia todo para descanso, pois sabíamos que o segundo dia seria puxado, pois a intenção era passar a curva do Rio Cacatú (trecho mais íngreme de nossa incursão) para ficarmos tranqüilos no terceiro dia.
No segundo dia, cedo iniciamos a descida. O trecho é íngreme e em pouco tempo o rio toma dimensões de porte. Neste percurso quase sua totalidade foi por dentro do leito. Ao chegar no trecho crítico, após algumas horas, tivemos que fazer um estudo e desviamos a rota em quase 180 graus, para transpormos a enorme rampa da curva do rio, que pode ser avistada do cume do Ciririca (2). Deparamo-nos com enormes paredões que nos fariam desviar no sentido Cerro Verde. Após este obstáculo ser transposto, retornamos ao rio que nos saudou com a visão de uma imponente cachoeira.
Continuamos a travessia ora pelo rio, ora pelo barranco, para desviar as piscinas. Achamos vestígios de palmiteiros, que nos levaram a um excelente refúgio para o pernoite.
No terceiro dia, continuamos a seguir os sendeiros dos extrativistas, até chegarmos numa trilha que apelidamos de “avenida palmital”, devido ao fato de estar bem batida.
Percorremos um bom trecho da avenida até chegarmos num ponto em que a trilha se tornava confusa e parecia voltar ao Cerro Verde (provavelmente para despistar os Florestais). Decidimos voltar ao leito do rio pelo qual percorremos mais algumas horas. Resolvemos ladear o barranco e ir por dentro da mata, porque dentro do rio a caminhada estava muito lenta.
Algumas horas de mata e conseguimos chegar até a represa do Rio Cacatú. Deste ponto até a usina de papel foi rápida e em pouco tempo estávamos na estrada que liga Antonina a Guaraqueçaba. Do recanto do rio Cacatú, após estarmos bem descansados, conseguimos carona até Antonina, dando por encerrada a empreitada”.
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Publicado na Gazeta do Povo, 31 de maio de 1997
Protagonistas: Gustavo (Tavinho) Castanharo, Giancarlo (Cover) Castanharo e Lauro Correia de Freitas.
Locais visitados: Trilha do Pico Paraná, Morro Caratuva, Fio de Ligação, Curso do Rio Cacatú, Estrada para Guaraqueçaba e Antonina.
Referencias explicativas:
(1) A Pedra do Grito é um enorme pedregulho a beira da trilha no ponto em que se inicia a definitiva descida até a Fazenda PP, onde os antigos gritavam avisando de seu retorno para que a esposa do Belisário Armestrong iniciasse a fritura dos "Bolinhos de Graxa".
(2) Cachoeira do Cacatú