Cara, não sei direito como foi que tudo começou, mas sei que a idealização do Encontro surgiu em 1999 na Pedra da Boca – Pb, com a idéia de reunir a galera local, sem muita estrutura, sem muita preocupação em abrir vias, sem muitos escaladores, mas uma prazerosa confraternização.
No início o planejamento não exigia grandes desafios, só garantir a diversão dos kalangos mesmo. Aos poucos o evento deixou de ser uma brincadeira e foi tomando proporções maiores e as novas edições foram crescendo. Hoje, com mais de 200 inscritos, incluindo a participação de famílias completas (com crianças de meses a alguns anos de idade), escaladores de outras regiões brasilerias e palestrantes e oficineiros do Sudeste, o XI EENe se torna um evento consolidado a nível
Nordestino e que caminha para o reconhecimento a nível nacional.
Quem participou do XI EENe pôde conferir a qualidade da escalada nordestina em um dos maiores points de escalada da região e que ainda tem muito potencial. A rocha mais antiga na América Latina é classificada como gnaisse, tem excelentes agarras em vias para todos os gostos e níveis de escalada (de 3º a 10º) e boulders que garantem a diversão para qualquer um (V0 a V10), além de trilhas que dão acesso ao cume da falésia.
Na sexta-feira dia 7 a escola/abrigo já estava preparada para receber os participantes e o credenciamento já podia ser realizado desde as 8h da manhã. A escola ofereceu sete salas de aula e uma quadra que foram muito bem aproveitadas como dormitório e acampamento, banheiros feminino e masculino, uma cantina onde a AERN ofereceu café da manhã e almoço e o pátio onde eram ministradas as palestras.
No primeiro dia de evento, já dava para sentir o sucesso do XI EENe, com escaladores por todo os lados da cidade, escola e rocha. A tarde foi realizada a Oficina de Escalada Básica para iniciantes com o instrutor Véscio Barreto do RN e depois de muita escalada já com cadenas impressionantes, a noite deu lugar à abertura oficial do evento com o Presidente da AERN Jalon Barbosa de Medeiros.
Dando sequência à abertura do evento tivemos o ponto máximo deste primeiro dia com a palestra do Penta-Campeão Brasileiro de Escalada Esportiva, César Grosso (Cesinha) falando e esclarecendo dúvidas sobre seus treinamentos e seus campeonatos, com uma abordagem sobre a cultura da escalada no Brasil e no mundo. A palestra excitou e entusiasmou a todos, que saíram com a promessa de maior comprometimento com seu treinamento.
Depois da palestra, a noite ainda era uma criança e a distribuição de brindes durou quase uma hora. Satisfação garantida pelos patrocinadores do Encontro: Prefeitura de Serra Caiada, Snake, Alpen Pass, Spin Agarras, Conquista, 4 Climb, Mix Natal FM, Hering, Atacado da Pesca, Detonação e ACT.
Depois do grande sorteio a galera caiu no forró. A Acapulco Dance, uma boatezinha local que tem diversão garantida, esperava pelos escaladores com a banda Forró Pra Xotear, onde todos puderam mostrar um pouco de sua ginga, dançando, bebendo e conversando até altas horas.
No dia seguinte, a Oficina de Yoga às 7h da manhã com Marcelo Kramer injetou novas energias na galera e o café da manhã muito bem servido era o que faltava para voltar à rocha com gás total.
Durante a manhã os iniciantes puderam mais uma vez conhecer ou experimentar seu talento na Oficina de Escalada Básica, desta vez oferecida pelo instrutor Ary Pacheco Neto. A tarde foi premiada com as Oficinas de Auto-Resgate por Flávio Daflon e, Escalada com Equipamento Móvel por Ralf Cortes, escaladores de reconhecimento Nacional, dispensando apresentações. No fim da tarde deste segundo dia de evento tivemos um bazar de roupas e equipamentos.
O ponto alto da segunda noite do XI EENe foi marcado pela emocionante palestra de Kika Bradford sobre sua escalada no Fitz Roy e a triste perda do querido Bernardo Collares. Kika foi aplaudida em pé por mais de 3 minutos e muitos saíram da palestra com os olhos cheios d’água. Em seguida, através das palavras emocionadas de Menger, um dos pioneiros da escalada em Serra Caida, o XI EENe foi dedicado a Dona Odete, uma das responsáveis pelo desenvolvimento da escalada no Município, moradora local que sempre recebeu de braços abertos os escaladores em sua casa. Uma grande amiga perdida há poucos meses.
E para fechar com chave de ouro, mais sorteio de brindes! Foi quase um brinde para cada participante! A foto oficial registrou o sucesso do evento. Todos ficamos muito satisfeitos com o XI EENe e não podemos deixar de agradecer aqueles que se doaram de forma voluntária para a realização deste grande Encontro. Para todos, nosso muito obrigado!
Na manhã de domingo ainda houve a Oficina de Yoga com Marcelo Kramer, reunião dos representantes de estado para decidir os próximos EENe’s e um dia cheio de escaladas.
O saldo do Encontro foi muito positivo, além da satisfação de todos e todos os benefícios alcançados com o evento o Cesinha ainda resolveu alguns “problemas” que vão dar muita dor de cabeça na kalangada local, como os boulders Catita SDS (graduado por ele como V7), Nem tu nem eu (V10) e ainda uma variação da via Exterminadora (9b) com saída pelo boulder Dosage (V8) como o primeiro 10º da região.
O astral era tão contagiante que ao voltar para casa sentimos um vazio no peito, algo nos faltava, ou nos escapava. Eu queria voltar, mas sei que o que eu procurava já não estaria lá me esperando. Era preciso tocar pra frente… e esperar por mais um ano…pelo XII EENe na Paraíba. Espero que o ano passe voando.