Infelizmente só consegui chegar em Algodão no dia 15 já a noite, mas enquanto eu estacionava o carro, do lado de fora do alojamento já dava para sentir o clima. Infelizmente MESMO perdemos a palestra do Rapha (que eu estava doida para ver), a galera estava com muita energia e uma vibe INCRÍVEL. Haviam mais de 150 escaladores vindos de todo o Nordeste além de Distrito Federal e Rio de Janeiro, encontramos muito amigos por lá. O estacionamento da escola/alojamento estava lotado, além dos carros tinha também um ônibus, um trator e uns 2 jegues estacionados e se abastecendo por ali, fiquei curiosa para saber quem tinha vindo em um transporte tão peculiar.
No credenciamento já dava para perceber que a galera da organização estava empenhada em fazer o melhor, e conseguiram. Depois de armar barraca saímos para jantar, porque escalador chique é assim, não faz miojo, sai para jantar. A cidade de menos de 3.000 habitantes me surpreendeu com opções de café da manhã, almoço e janta. Na mesma rua da escola encontramos uma pequena lanchonete, comemos por ali mesmo e depois de colocar o papo em dia, voltamos para a escola e fomos dormir.
No dia seguinte logo cedo rolou um workshop com Gustavo Silvano, o cara é show, acabei ficando por ali enquanto esperava o Léo e o Luca acordarem. Com a família acordada tomamos café da manhã em outro restaurantezinho local e fomos à caça de novos boulders. A idéia era abrir mais Vs antes do Encontro, já tínhamos abertos alguns um mês antes, mas como não rolou de voltar acabamos decidindo investir isso no EENe mesmo.
Rodamos muito, este primeiro dia não foi tão favorável como da primeira vez, acabamos encontrando um bloco atrás da Pedra Furada que precisava de uma “faxina”, e resolvemos deixar para outro dia. No setor da Pedra Furada em meio a um 7º e um 8º acabamos encontrando a nossa primeira diversão, o Ikan escalou com a gente e visualizou uma linha show, dando o nome de Pedreira dos Monstros. O boulder é um V3/V4 com uma saída negativa de dentro do “buraco” da pedra para uma fendinha, uma travessia para a esquerda em um batente seguindo para umas pegas abauladas com uma chamada para cima em uma agarra boa e depois uma sequência de agarras em um negativo um pouco mais forte até virar a direita no platô.
Antes de chegar à Pedra Furada já tínhamos sacado um bloco que não estava mapeado, mas decidimos procurar um pouco mais e voltar ali mais tarde. Para chegar é só virar a direita em uma estradinha logo depois do catavento que fica depois do campinho e da escola, passar pela porteira da casa do S. Edmilson e estacionar no final da estradinha, na casa da Dona Jacinta, logo 2 casas à frente. Voltando uns 20m na estradinha tem uma trilha beirando uma cerca de arame farpado, ao lado de uma plantação de xique-xique ou coisa parecida, que leva até o bloco.
São 2 blocos que estão encostados um no outro e que tem uma cavezinha entre eles, visualizamos umas 3 linhas, mas ficamos mesmo em um V2 SDS(Casa de Pedra) bem legal enquanto o Luca mandava seus próprios boulders. O V2 fazia uma travessia para a esquerda com uma sequência de regletes bons, um dinâmico para um outro reglete (para os baixinhos como eu) e uma cruzada em uma agarra boa, depois disso era administrar um domínio vertical um pouco delicado. Quando começamos a escalar já não era tão cedo e acabamos ficando até à noite neste bloco, mais uma vez o boulder saiu para o Léo e eu e o Ikan ficamos no quase.
De volta ao alojamento os escaladores não deixavam de comentar sobre a qualidade das vias encontradas em Algodão. Como pico novo, muita gente nunca tinha escalado por aquelas bandas, inclusive, em todos os setores de climbing, os locais apareciam para conhecer um pouco mais do esporte que movimentou o feriado na cidade.
Desta vez jantamos nosso tradicional miojo com atum e fiquei impressionada com o upgrade do acampamento dos nossos amigos potiguares. Fogareiro moderno com acendimento automático e temperos do tipo azeite e pimenta faziam parte da cozinha improvisada onde fizemos nossa janta tradicional. Corremos para a palestra dos mestres Tartari e Daflon, sobre a impressionante conquista da via Samba do Leão, e depois da palestra vieram os sorteios, de onde eu saí não só com o finger que havia ganhado no sorteio dos primeiros inscritos do EENe como também com um batedor. Me aconselharam até a jogar na Mega Sena, pois meu nome tinha saído no dia anterior também, mas não levei o prêmio porque cheguei atrasada.
À noite faz um friozinho gostoso em Algodão, o suficiente para afugentar a idéia de banho natural da cabeça de uma criança e o Luca acabou tomando um banho de gato com uma toalhinha molhada e “capotou” na barraca enquanto Léo tomava um banho de corpo e eu curtia um pouco do animado forró que eu nem imaginava que ficaria até umas 4h da madrugada embalando a noite dos escaladores mais resistentes. Fui dormir muito antes disso, depois de um banho de gato.
No último dia do Encontro logo cedo houve a tradicional reunião com os representantes dos Estados interessados em realizar os próximos EENes, tomei um BOM banho e fui para a reunião. Haviam representantes da Bahia, Ceará, Alagoas, RN e claro, Paraíba. O Claudionor apresentou o site oficial dos EENes, com isso a organização dos EENes subiu de nível e a próxima edição ficou oficialmente confirmada para IGATU de 18 a 21/04/2014.
Depois da reunião fomos à caça de mais boulders, desta vez contamos com o reforço de Pedro Caminha e Garrafão. No dia anterior não tivemos muito sucesso em encontrar blocos, mas desta vez… o que parecia ser um bloco solitário na “arquibancada” do campinho de futebol se mostrou uma praça com MUUUITO potencial para boulders de todos os níveis. Fiquei PUTA empolgada, mas como precisavam de uma limpeza geral e queríamos escalar, decidimos ir conferir outros blocos, estes também ficariam para outro dia.
O Pedro tinha visualizado um bloco no setor Moreno e fomos conferir também, seguindo a trilha de subida, ao invés de virar à esquerda para a falésia, encontramos um jegue com seus “feijõezinhos mágicos” e um único bloco com duas linhas bem interessantes mas, mais uma vez, precisava de uma limpeza além de ajeitar a base, que é inclinada e cheia de urtigas e cactos, mais um bloco para as próximas investidas em Algodão.
Da primeira vez que fomos abrir boulders em Algodão, eu e o Cauí fizemos umas imagens e quando eu fui postar o vídeo vi que um pessoal de Campina Grande tinha um vídeo de lá. Era um vídeo bem curtinho, que não mostrava muita coisa do bloco, mas o que tinha parecia muito interessante, conversamos com o Richard, de Campinha Grande, sobre o bloco durante o Encontro e ele nos deu as orientações de como chegar. Saindo do Moreno, sem ainda ter escalado nada, fomos procurar por este setor.
No início é a mesma trilha que leva às falésias do Setor do Caboclo, mas próximo às torres de alta tensão pegamos uma outra trilha de descida até chegar a uma única árvore grande, um Umbuzeiro. Pela trilha dá para ver blocos espalhados por todo lado, outro grande setor em potencial, mas queríamos encontrar o bloco do vídeo, onde sabíamos que a diversão seria garantida. Já na árvore encontramos dois pequenos blocos bem divertidos, com sede de boulder eu, o Pedro e o Garrafa entramos em um V1 SDS neste bloco enquanto o Léo foi limpar o bloco do vídeo que fica logo à frente.
O bloco do vídeo é realmente ANIMAL, boulder para todos os gostos, muitos Vs. O Pedro e o Garrafa tiveram que sair fora mas eu e o Léo tínhamos escalado pouco e queríamos aproveitar ao máximo o último dia. Escolhemos duas linhas com domínio: um V1/V2 SDS negativo de regletes bons, agarrões e com um abaulado no meio do caminho; e outro V3/V4 SDS negativo na aresta esquerda do bloco, com saída sentada em duas agarras boas e tocando para cima entre regletes até um agarrão para domínio.
Saímos da rocha já noite, sonhando com o dia de volta e agradecendo a cada organizador pelo excelente desempenho na realização deste EENe, estava tudo muuuito SHOW, inscrições, orientações, sinalizações, brindes, croquis, alojamento, oficinas, workshop, palestras, vias e boulders de qualidade e para todos os gostos e até açaí e creme de cupuaçu no pé da rocha. A galera era só elogios aos organizadores, PARABÉNS PARAIBANOS, O XII EENe foi um SUCESSO!!!