10º dia – Villarica tentativa – até 2000m

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Continuação da odisséia de Parofes pelos Andes.


Veja a primeira postagem: Vulcão Lanin

Saindo de Junin de Los Andes, atravessei a fronteira até a pitoresca cidade de Pucón, Chile.

A cidade em sí e linda, capricho em cada metro quadrado, mas como nas anteriores, explorada até a falta de bom senso pelo turismo.

É claro que eu queria subir o Villarica sozinho, mas não permitem e explico a razão: Semanas atrás houve uma avalanche, um brasileiro quebrou a perna mas esse salvou, esta notícia foi veiculada pelo altamontanha. Acontece que eu suspeito qual foi a razão. Até então algumas pessoas subiam sozinhas, mas desde então é proibido. Fui até a CONAF tentar autorizacão, mostrei diversas fotos de cume no Brasil e em alta montanha, nada…

A minha impressão é que só pensam na merda do dinheiro e na verdade cagam pra segurança das pessoas.

Na cidade de Pucón a principal atividade é ascender ao Villarica. Todos os dias 250 pessoas fazem isso, feito uma cobra montanha acima. Pergunto eu, no tramo final para o cume a inclinação chega a 40 ou 45 graus, e longa o suficiente para todos ficarem no mesmo trecho! Será que não está ai o problema? Imaginem isso, 250 pessoas na mesma rampa de neve (não é gelo, é neve!). Um peso tremendo. Provavelmente por isso aconteceu a avalanche. E os montanhistas sérios pagam o pato, quer dizer, o preço.

Fui obrigado a pagar uma agência por um guia (??????) 50 dólares pra ascensão. Fomos e quando chegamos a 1400m de carro, começamos a caminhar. O tempo estava perfeito, mar de nuvens abaixo, céu azul acima, pouco vento…

Depois de meia hora ainda com o tempo bom, uma lenticular se formou no cume. Fotografei. Daí pra frente foi incrível, mais cinco ou dez minutos e o tempo mudou da água pro vinho. Fechou tudo, não se via quinze metros a frente, vento de 50 ou 60 km/h. Fomos até o último abrigo a 2000m. Esperamos por vinte minutos. A temperatura caiu de 5 positivos pra 6 negativos. Nem preciso falar como fiquei aborrecido. A montanha disse não, tudo bem, eu desceria sem resmungar e tentaria depois, mas, pagando 50 dólares que não teria de volta só para seguir outras 200 pessoas. Que ridículo!!!

Eu não sou contra guia! Acho válido em montanhas cuja necessidade exista mas, no Villarica? Com mais 2 dúzias de guias subindo também com seus clientes? É dinheiro jogado fora.

Agora o tempo firmou, mas firmou para mal, péssimo, ontem choveu, hoje continua ruim. Vou para Santiago ainda esta noite porque ficar aqui é muito caro, o dinheiro esta voando…

Algumas fotos e um video do desastre:

Continua…

Veja mais:

&nbsp,Paulo Roberto – Parofes – e a liberdade das montanhas

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Sobre o autor

Parofes, Paulo Roberto Felipe Schmidt (In Memorian) era nascido no Rio, mas morava em São Paulo desde 2007, Historiador por formação. Praticava montanhismo há 8 anos e sua predileção é por montanhas nacionais e montanhas de altitude pouco visitadas, remotas e de difícil acesso. A maior experiência é em montanhas de 5000 metros a 6000 metros nos andes atacameños, norte do Chile, cuja ascensão é realizada por trekking de altitude. Dentre as conquistas pessoais se destaca a primeira escalada brasileira ao vulcão Aucanquilcha de 6.176 metros e a primeira escalada brasileira em solitário do vulcão ativo San Pedro de 6.145 metros, próximo a vila de Ollague. Também se destaca a escalada do vulcão Licancabur de 5.920 metros e vulcão Sairecabur de 6000 metros. Parofes nos deixou no dia 10 de maio de 2014.

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