As proteções fixas do início da Via Lixeiros, na Pedra da Ana Chata (Complexo da Pedra do Baú) em São Bento do Sapucaí, foram removidas sem autorização no início desse mês. A ação traz à tona a discussão sobre o respeito aos conquistadores.
Apesar de ter uma graduação de dificuldade baixa, a Via Lixeiros é considerada uma rota clássica da região. Ela foi conquistada em 1989 pelos escaladores Adalbert Kolpatzik (Adi) e Galba Athaíde. Todavia, os dois utilizaram as técnicas e equipamentos disponíveis na época para alcançar o cume da Pedra da Ana Chata. Munidos com martelo e batedores artesanais, utilizando cadeirinhas desconfortáveis e botas rígidas de couro eles foram vencendo cada metro dessa parede. A rota possuí 200 metros de extensão e foi reformada em 1997.
No início do mês algumas proteções fixas do começo da via foram removidas por escaladores sem a permissão dos responsáveis. Apesar dos conquistadores da via já serem falecidos, o Clube Alpino Paulista é considerado o representante e responsável pela via.
“Se há necessidade de adequar velhos traçados, alterar paradas, acrescentar ou remover fixações, que autores e instituições responsáveis dialoguem e coloquem em debate demandas atuais. Democracia, participação, escuta e coletividade não são palavras estranhas à ética do montanhismo”, declarou o presidente do CAP, Fabio Alberti Cascino.
Não se sabe ainda o motivo da alteração. Entretanto, há alguns rumores de que as proteções fixas foram retiradas pois a via pode ser escalada com material móvel. Assim, o CAP pede que os escaladores responsáveis pela ação recoloque as proteções fixas.
“A prática do montanhismo requer regras e procedimentos reconhecidos e respeitados por todos aqueles que pretendem seriedade, profissionalismo, segurança e condições ambientais preservadas. Logo, o montanhismo possui ética. O ethos do montanhismo está fundado no respeito aos que nos antecederam. E cabe aos seus sucessores o cuidado e manutenção de sua obra”, diz o posicionamento do CAP.