Proteções fixas são removidas sem autorização da Via Lixeiros em São Bento do Sapucaí

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As proteções fixas do início da Via Lixeiros, na Pedra da Ana Chata (Complexo da Pedra do Baú) em São Bento do Sapucaí, foram removidas sem autorização no início desse mês. A ação traz à tona a discussão sobre o respeito aos conquistadores.

Pedra da Ana Chata em São Bento do Sapucaí.

Apesar de ter uma graduação de dificuldade baixa, a Via Lixeiros é considerada uma rota clássica da região. Ela foi conquistada em 1989 pelos escaladores Adalbert Kolpatzik (Adi) e Galba Athaíde. Todavia, os dois utilizaram as técnicas e equipamentos disponíveis na época para alcançar o cume da Pedra da Ana Chata. Munidos com martelo e batedores artesanais, utilizando cadeirinhas desconfortáveis e botas rígidas de couro eles foram vencendo cada metro dessa parede.  A rota possuí 200 metros de extensão e foi reformada em 1997.

No início do mês algumas proteções fixas do começo da via foram removidas por escaladores sem a permissão dos responsáveis. Apesar dos conquistadores da via já serem falecidos, o Clube Alpino Paulista é considerado o representante e responsável pela via.

“Se há necessidade de adequar velhos traçados, alterar paradas, acrescentar ou remover fixações, que autores e instituições responsáveis dialoguem e coloquem em debate demandas atuais. Democracia, participação, escuta e coletividade não são palavras estranhas à ética do montanhismo”, declarou o presidente do CAP, Fabio Alberti Cascino.

Escalador Gustavo Procat no início da via em 2019.

Não se sabe ainda o motivo da alteração. Entretanto, há alguns rumores de que as proteções fixas foram retiradas pois a via pode ser escalada com material móvel. Assim, o CAP pede que os escaladores responsáveis pela ação recoloque as proteções fixas.

“A prática do montanhismo requer regras e procedimentos reconhecidos e respeitados por todos aqueles que pretendem seriedade, profissionalismo, segurança e condições ambientais preservadas. Logo, o montanhismo possui ética. O ethos do montanhismo está fundado no respeito aos que nos antecederam. E cabe aos seus sucessores o cuidado e manutenção de sua obra”, diz o posicionamento do CAP.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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